OS ERROS SÃO COMO AS MENTIRAS, DE TANTO SE REPETIREM...<prima>
DECLARAÇÕES DUMA MEDICOCENTRICA
Os centros de saúde têm de ter meios de
diagnóstico como eletrocardiograma, raio-X"
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Há dez meses
a presidir à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, que tem
22 unidades hospitalares, Rosa Matos adianta que está a estudar as
características dos maiores frequentadores de urgências.
Iniciou a sua gestão após a morte de um jovem no hospital de S. José por
alegada falta de cirurgia. Foi um teste?
Esse
processo foi complicado. A urgência metropolitana de Lisboa está a correr muito
bem. Há uma escala entre quatros hospitais - centros hospitalares Lisboa
Ocidental, Central, Norte e Garcia de Orta - que permite uma cobertura total
para o aneurisma roto. Nos primeiros nove meses assistiram 113 doentes com
suspeita de aneurisma roto e 294 doentes com AVC esquémico.
As urgências dos hospitais começam já a registar maiores tempos de espera.
Como está a correr o plano de contingência?
Estamos com
alguma pressão em termos das urgências hospitalares. Começava por fazer o apelo
às pessoas para que liguem primeiro à Saúde 24 e depois recorram aos centros de
saúde. Já temos horário alargado em 31 centros de saúde até às 22.00 ou 24.00.
Tem havido uma campanha local muito ativa junto da população, a dizer que o
centro de saúde está aberto. E se o seu não estiver aberto, haverá outro que
estará e com menos tempo de espera. Também alargámos o horário ao fim de
semana. Temos 46 centros de saúde abertos ao fim de semana (ao sábado estão
quase todos, ao domingo só cerca de 30 é que estão). Se necessário estamos
preparados para alargar mais o horário.
E nos hospitais?
Relativamente
aos hospitais foram reforçadas as equipas das urgências. No internamento
estamos, em quase todos, com aumento de camas. O plano começou a ser trabalhado
em junho. Estava previsto o aumento de mais 700 camas em toda a região. Temos
também camas sociais que podemos ativar e a rede de cuidados continuados, que
também cresceu 223 camas. Tenho percorrido as urgências e a nossa população
está cada vez mais envelhecida, mais sozinha. A saúde não pode carregar sozinha
este processo. Tem de haver uma boa articulação com as famílias, é preciso
envolver a Segurança Social, as instituições de solidariedade social para
podermos cuidar das pessoas.
Quantas camas a mais de internamento já abriram?
Já abrimos
mais de 50% das camas. Só nos centros hospitalares Lisboa Norte e Lisboa
Central temos à volta de 300 camas. Já abriram cerca de 80 cada um. Quase todas
as semanas abrimos camas nos vários hospitais.
É também um reflexo do abandono de idosos?
Penso que é
um bocadinho de tudo. Por isso dizia que temos de trabalhar com as famílias e
as instituições. É muito importante a prevenção da doença e a promoção da
saúde. Temos de educar as pessoas a terem cuidado com a sua própria saúde.
Obviamente que esta altura do Natal traz sempre - é de há anos e quando trabalhei
no Alentejo isso já acontecia - algum abandono dos idosos nas urgências. É uma
realidade, não podemos tapar o sol com a peneira.
Como é que os serviços e a ARS se podem conjugar com a Segurança Social?
Foi das
primeiras coisas que fiz: reuni com os três coordenadores regionais da
Segurança Social. Na península de Setúbal estamos a fazer um trabalho muito
interessante. Se trabalharmos em conjunto e cada um fizer o que lhe compete - o
problema é que muitas vezes queremos fazer o que o outro está a fazer - de
certeza que irá correr bem. Estamos a trabalhar com a Câmara de Lisboa e a
Santa Casa da Misericórdia num projeto piloto para fazer esta articulação:
equipas de cuidados domiciliários da saúde e equipas domiciliárias das outras
duas entidades.
É possível dar a resposta que as pessoas precisam nos centros de saúde?
Temos de
tornar os centros de saúde mais acessíveis e mais resolutivos. Quero ir e
resolver a minha situação. Os centros de saúde têm de ter alguns meios
complementares de diagnóstico para poderem ter uma resposta mais imediata, como
análises clínicas, eletrocardiograma, espirometria, raio-X. Estamos a pensar
criar quatro centros de saúde piloto nesta área. Já temos raio-X montado a
funcionar em Sete Rios (Lisboa), um em Setúbal e vamos montar rapidamente um na
Amadora e outro na zona do Barreiro. Espero no prazo de três meses estar a
avaliar.
Qual é o investimento para este projeto piloto?
Não queria
apontar um valor, mas não será muito elevado. Não será mais de 120 mil a 130
mil euros. Queremos ir ao encontro das necessidades das pessoas. Os centros de
saúde, na maioria, estão fechados ao fim de semana. Temos de alterar essa
filosofia, porque também adoeço ao sábado e domingo. Penso que em 2017 já
deveremos ter algumas experiências. É preciso perceber o que a população
precisa e é esse trabalho que gostaria que a ARS tivesse, de planeamento e de
reorganização. Estamos a falar de consultas programadas que dão acesso ao seu
médico de família.
Não é estranho que hospitais da região de Lisboa tenham dificuldade em
contratar médicos?
Este ano
abriu o maior número de vagas para médicos de família - foram 175 vagas -
preenchemos 109 vagas. O mesmo se passa nos hospitais. O importante é referir
que de 2015 para 2016 em toda a ARS tivemos cerca de mais 900 profissionais de
saúde. Há sempre algumas especialidades com mais falhas, sítios onde não temos
obstetras, outros onde pode haver menos anestesistas, mas o bolo global é que
houve um aumento de recursos. Tem havido um grande empenho junto das administrações
para que o reforço seja feito. Temos nos cuidados de saúde primários 80
reformados.
É a falta de médicos de família e a incapacidade dos centros de saúde de
dar uma resposta tão imediata que tem levado a que as pessoas se dirijam
primeiro às urgências?
Não podemos
reduzir a ida aos hospitais apenas neste dois fatores. Claro que eles têm uma
parte de responsabilidade. Temos de reforçar, como disse, os cuidados de saúde
primários com médicos de família e outros profissionais. Temos médicos
dentistas, psicólogos, equipas multidisciplinares que queremos aumentar. E
aumentar acessibilidade para que as pessoas se habituem a ir ao seu médico de
família.
Que outros fatores pesam?
Quem vai à
urgências é uma população muito envelhecida, que quer fazer exames como TAC ou
RM, que quer ver a sua situação resolvida. É preciso educar a população. Temos
uma grande afluência ao serviço de urgência que temos de trabalhar. Um estudo
que pedi, e que fizemos em três ou quatro hospitais, os grandes frequentadores
das urgências são geralmente os grandes frequentadores dos centros de saúde. O
trabalho que agora estamos a fazer é perceber as características e o que as
leva a recorrer aos dois sítios.
Os três novos hospitais para a região vão ser impulso importante para
aumentar a resposta?
Temos uma
equipa técnica criada pelo Ministério da Saúde e estamos a desenvolver os três
processos paralelamente. Sintra e Seixal essencialmente virados para o
ambulatório, mas também com algumas camas de cuidados continuados.
Lisboa Oriental vai ajudar a melhorar resposta e quanto vai poupar já que
os edifícios do Lisboa Central estão vendidos?
Com a construção
do novo hospital vai ser preciso reorganizar este parque de saúde que Lisboa
tem. Deverá ser trabalhado com serenidade, com transparência de maneira a que
quando chegarmos ao novo hospital todo o processo decorra com a calma
necessária, tendo em vista que para os profissionais será melhor e para os
doentes também.
Fará sentido manter uma unidade a funcionar no centro de Lisboa [ao todo,
encontram-se na região 22 unidades hospitalares], onde a população está
envelhecida?
Penso que
poderá ser estudado e ser uma hipótese a considerar. Todas as pessoas que fazem
parte do grupo de trabalho conhecem bem a população e se for necessário, será
acautelado.
Há queixas de tempos de espera relacionadas com exames. Quais os
equipamentos em falta e a necessidade de investimento?
Temos um
levantamento feito, que ronda à volta dos 40 milhões de euros. Nesta altura já
abriram fundos estruturais da Saúde 2020. Temos 19,5 milhões para os hospitais
concorrerem. São algumas substituições de equipamentos obsoletos como TAC,
ressonância magnética, outros aquisições de raiz.
Porque é que ainda faltam rastreios na região?
Já temos
algum trabalho na área da teledermatologia e no primeiro semestre de 2017 penso
ter toda a ARS coberta com este rastreio. A espera, no máximo, para uma
consulta é de seis dias. É um bom exemplo de como com pouco dinheiro se pode
fazer mais e melhor pelas pessoas. Temos também a retinopatia diabética que
estamos a fazer com a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal e que
estamos a alargar com meios próprios. No primeiro semestre de 2017 estará em
todos os 15 agrupamentos de centros de saúde (ACES). Já temos rastreio da mama
em quatro ACES (Lezíria, Médio Tejo, Oeste Norte e Estuário do Tejo) e vamos
alargar a cobertura. Neste momento fazemos muito rastreio casuístico na mama,
colo do útero e cólon e reto. Pretendemos que seja um rastreio com base
populacional. Fica o compromisso da minha parte que os vamos iniciar durante
2017.
"Os centros de saúde têm de ter meios de diagnóstico como eletrocardiograma, raio-X"
II ADMINISTRADORES HOSPITALARES ESQUECERAM A ESCOLA DO MESTRE CORIOLANO
Administradores hospitalares têm solução para falta de médicos nas urgências
Associação defende equipas dedicadas de médicos, como já acontece na "enfermagem e em todos os países civilizados”.
Há problemas estruturais nas urgências médicas que poderiam ser resolvidos com a criação de equipas médicas dedicadas, tal como já aconteceu com a enfermagem, defende o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH).
Em declarações à Renascença, Alexandre Lourenço deixa claro que não basta contratar mais médicos, como o Ministério da Saúde tem feito. Também é preciso organização e o envolvimento de todos os actores, nomeadamente, ordens e sindicatos.
No entanto, em resposta ao alerta feito esta quarta-feira pelo bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, sobre a hipótese de ruptura nas urgências na época do Natal, o presidente da APAH diz que as populações podem estar tranquilas.
“Os serviços de saúde saberão responder às necessidades a que serão sujeitos nesta época natalícia e de passagem de ano. Existem algumas dificuldades de organização que são estruturais e recorrentes, uma vez que os serviços de urgência estão dependentes, muitas vezes, do trabalho extraordinária dos profissionais de saúde ou da contratação de empresas privadas”, sublinha.
Para Alexandre Lourenço, “as horas extraordinárias não resolvem o problema, uma vez que os profissionais também têm o seu desgaste e o trabalho continuo e em excessivas horas leva a uma redução da qualidade do serviço prestado”.
Por outro lado, as empresas privadas a que os hospitais recorrem, “muitas vezes, não têm a qualidade necessária para assegurar a continuidade de cuidados dos nossos doentes”, adverte.
Para ajudar a resolver o problema, a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares defende a equipas dedicadas de médicos ao serviço de urgência, como acontece na enfermagem “e em todos os países civilizados”.
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POR ISSO O GATO MIOU <prima>