MAIS DO MESMO É O MESMO
Já dissemos, incontáveis vezes,
nesta terra de Santa Maria, que o SNS está ferido de medicomania, porque a
partir duma certa altura, começou a desenvolver-se nos Cuidados Primários, a
tendência para hipervalência da consulta médica, ao ponto de transformar os
Cuidados de Saúde Primários num mega consultório, eucaliptando tudo que
estivesse à volta; como faz o eucalipto com a restante vegetação, assim fizeram
os médicos com as consultas no Centro de Saúde.
Os Enfermeiros ficaram a assistir
e a olhar para este fenómeno mais tempo do que seria de esperar e, sobretudo
desejar, sem imporem o seu ritmo a capacidade total.
Os autarcas e candidatos já se
afadigam a forçarem o NS a aprovar mais USF, outra confusão, oriunda nos sem
médico de família mas que os riquíssimos incentivos transformaram em moda e
numa necessidade premente, que está longe de o ser, sobretudo, quando alguém
olhar a sério para esta excrescência, qual verruga “usfe”.
A experiência demonstra os
antigos SAP serviam para funcionar como meio de angariar mais utentes para as
urgências em todos os utentes que não fossem para consulta e ou tratamento do
Enfermeiro.
Parece, pela decisão do governo,
que os serviços de urgências começavam a sentir a escassez de clientes e por
essa razão fundamental há que pôr o alfobre ou viveiro a funcionar.
Às vezes, com tanta perversidade
que nos rodeia, até chegamos a pensar se não será mais um esquema para
medicalizar, ainda mais o SNS acrescentando-lhe mais um mega ficando, nesta
versão proposta um mega-mega-consultório médico e uma mini-mini-assistência primária,
onde a prevenção das doenças tarda, em impor-se e da promoção da saúde nem
falar, tal o perigo que representa para a o mega-mega-consultório.
Para dar mais realismo às
manobras que já foram habilidosamente feitas com os salários e horários dos
médicos, ora são 35 horas se4manais, ora são 40 horas semanais a vencerem horas
extraordinárias que não são ou fingem que não são.
Neste esquema inventar consultas
e utentes é uma necessidade, para continuar a garantir alguma utilidade prática
a tantos médicos.
Como os Enfermeiros não são
empregadas de consultório, será abusivo perguntar que também vai haver
consultas de Enfermagem, em paralelo, ou os médicos ficam sós a abastecer o
povo carente de mais, ainda mais consultas médicas, a raiz que alimenta os
desperdícios dos exames complementares, que quando chegam já muito poços se
lembram para que foram requisitados e mais coisas do género.
Mais consultas, não, Sr. Ministro.
O Povo já tem consultas que
cheguem para ajudarem a completar os objectivos das USF/B.
Quando é que se inverte a
tendência e se começa a perceber que quanto menos Médicos tiver o SNS e menos
trabalharem melhor é para a saúde do Povo.
Aqui, há uns anos, um patrão de
fábrica, a treinar para empresário do tipo dos dos Hospitais E.P.E. pensou em
mandar o Enfermeiro embora, porque não fazia nada.
Apelámos para o seu bom senso e
mandámo-lo pensar o que seria da fábrica se o Enfermeiro tivesse muito que
fazer. De certeza que paravam as máquinas de produção…
Tem razão reconheceu o
tirocinante de empresário. Deixa-se este exemplo para experimentar a
sensibilidade dos agentes aos vários níveis do SNS.
De qualquer maneira, aumentar o
número de consultas médicas não é a melhor estratégia de gastar dinheiro do
erário público.
Podíamos dar muitos outros
argumentos de promoção de necessidade de consultas, etc, etc.. Mas para bom
entendedor meia palavra basta!
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