Lá vamos ter de dizer pela enésima vez, que, somente os Enfermeiros, sobretudo e sobre todos, podem poupar, porque a eles compete, porque sabem resolver isto, antes que venha o outro, tipo pai natal distribuir presentes e pôr os Enfermeiros, como "porteiros", coisa que nem ao diabo lembraria. Mas registamos, com agrado, o crédito a nosso favor, pois também podemos pôr a nossa imaginação à solta, qual cavalo, que não suporta a sela e dar uns saltos e chamar aos outros "chaveiros", entrega simbólica, de quem gosta de ver a casa bem guardada, num certo sentido e expectativa, obviamente.
Quanto esforço fizemos para que o ex-ministro LFP chamasse "continuidade de cuidados" aos cuidados continuados, exactamente pelo fenómeno que, agora, está a preocupar os actuais governantes: retirar o mais cedo possível os doentes, seja qual for o seu estado, o mais cedo que for possível, dos hospitais, poupando alguns milhões de euros, com essa prática.
É que, não dando valor às circunstâncias, que retêm os doentes, nos Hospitais, a mais importante das quais é para lhes garantir cuidados de Enfermagem adequados ao seu estado, ainda que muitos não se apercebam desta circunstância.
Ora, se fossem os Enfermeiros a garantir aos doentes, convalescentes, crónicos ou moribundos, os cuidados de Enfermagem mais adequados ao seu estado, ou seja, garantir a continuidade desses mesmos cuidados, que só os Enfermeiros prestam, agora nos domicílios, de cada um, ou em lugares, onde as camas são mais baratas, porque não têm as necessidades de Médicos, por perto, haveria uma natural poupança.
Porém, para que isto seja uma realidade concreta, há que fazer algumas mudanças, no Sistema de Saúde, sendo a principal; dar oportunidade aos Enfermeiros de se organizarem, organizando as possibilidades de prestar cuidados de Enfermagem adequados, fora dos Hospitais, onde a diária é um pouco mais cara do que num hotel de 6 estrelas.
Todavia, para que esta possibilidade exista, Portugal tem de contratar muitos, muitos mais Enfermeiros, porque, neste caso, como na dialéctica; só a quantidade altera a qualidade.
Não passará de letra morta e de piedosa intenção, a tentativa de reter menos tempo os doentes, nos hospitais de grande porte, se, a jozante, a rede não dispuser de cuidados de Enfermagem seguros, desinteressados e adequados.
Não é segredo, a mais valia, a favor de quem pratica a clínica privada, em complementaridade da hospitalar, ter a possibilidade, fácil e constante, do internamento e do entupimento das urgências hospitalares, uma mais valia não despicienda, que não é contabilizada, mas que pode estar na base de muita anomalia evitável e contornável, se forem os Enfermeiros, que não têm clínica privada, a este nível, a tomarem as rédeas do processo.
Para que isso seja possível, não é começar por fazer grupos de restruturação da rede hospitalar só com um Enfermeiro, que por muito válido, que seja, e é, certamente, não tem possibilidade de impor regras inovadoras, a um grupo constiuído, por 10 Médicos e 1 Enfermeiro, cujo efeito será, naturalmente, mais do mesmo; reduzir a participação dos Enfermeiros, na gestão da estrutura e na prestação de cuidados, porque, aqui, como na dialéctica, é a quantidade que altera a qualidade.
Claro está que, se fossem 10 Enfermeiros e 1, ou, no máximo 2 Médicos, a formarem um grupo restaurador, o resultado ficaria mais próximo do esperado.
Bastava analisar as coisas a fundo, para poder ir ao cerne das problemáticas, que a actual situação cria e alimenta, para se corrigir o que é possível, fazendo a coisa de maneira diferente e mais eficaz, eventualmente.
Bastava ir por esse mundo fora e registar o que outros países adoptaram, nas mesmas circunstâncias, pelas quais também, já passaram. Veja-se o que se passou, há dias na Holanda, com a fractura da clavícula de um ilustre Médico português; foram os Enfermeiros que o atenderam, com eficácia, sem cerimónias nem preconceitos anquilosantes, nem entupimento da zona de atendimento.
Contudo, o nosso problema será o de termos medo de ficar, em primeiro lugar, na classificação mundial, como a Holanda.
Veja-se o que aconteceu à "Alta Autoridade para a Saúde";
pediu a ajuda aos peritos da OMS para ver como poderia o Portugal de hoje, racionalizar a Assistência Primária, conhecida entre nós, como Cuidados de Saúde Primários.
O grupo concluiu: ponham mais Enfermeiros, no Sistema, e a fazerem mais coisas, com que os Médicos estão a tentar, inutilmente, fazerem-se notar, desnecessariamente.
O relatório ficou escondido, no sitio do Ministério da Saúde, num ramal, onde se põem as coisas a não usar. Mantém-se em inglês, para ser mais acessível a quem tem prática de congressos incentivos técnicos.
E a Alta Autoridade foi-se embora, extinguiu-se, não fosse lembrar-se de ser autoritária e perguntar, por que não é o dito "relatório" dado a conhecer, em linguagem de Camões e outros ilustres linguareiros.
Pelo contrário, vimos o Sr. Bastonário dos Médicos a inventar desculpas, quando alguém do ministério da saúde tenta mexer na coisa. A última e mais radical foi a de afirmar que os Centros de Saúde estão a funcionar bem, por isso não precisam de "porteiros".
Estes porteiros são a forma objectivada, como Sua Excelentíssima intelectividade encefálica, vê os seus irmãos mais próximos; justamente os Enfermeiros. Até estava por perto um jornalista, dos prendados, para publicar esta nova classificação de Enfermeiro.
Bem procurámos a resposta do nosso Bastonário, DR Germano do Couto; mas foi para a Austrália, onde pode ver que as coisas são bem diferentes; pois não há doente, que entre ou saia do Hospital, sem a Enfermeira Chefe autorizar.
Antes, também havia retenções e entupimentos, com macas nos corredores. Porém, as Enfermeiras de Sua Majestade, a Raínha de Inglaterra, fizeram greve regeneradora, onde lhes foram atribuídas essas competências.
Se conseguir ver isto que, já aconteceu, há décadas, até dou por bem usada a cota para a sustentação da Ordem, e se disser ao seu colega Bastonário, que está sempre a falar, segundo os seus pontos de vista e interesses de Classe, das coisas da Saúde do nosso SNS, o que viu e como podemos imitar essas práticas, tão revigoradores e poupadoras cá, na Lusitânia.
Demonstrem todos que são bem intencionados e que querem fazer as correcções que as circunstâncias nos impõem.
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