OS MEIOS
{Os Lideres de Enfermagem lamenta-se, às vezes por não possuírem o dinheiro que a medicina tem disponível para fins promocionais.
apesar de ser verdade que é necessário ter recursos financeiros para realizar campanhas de relações públicas, a enfermagem tem uma vantagem que compensa a limitação de fundos e torna o seu potencial poder único entre as profissões de cuidados de saúde.
A vantagem é o seu número. Nos EUA e Canadá, a Enfermagem representa, de longe, a maior profissão de cuidados de saúde.
Nos EUA, as Enfermeiras são mais do triplo dos Médicos e, de acordo com os últimos valores disponíveis, cerca de 2.161.700 de Enfermiras graduadas (das 2,6 milhões de Enfermeiras do país) trabalhavam na Enfermagem em 1996. Nesse ano, estavam inscritos 238.244 estudantes em programas de Enfermagem.
No Canadá, estatísticas comparáveis relativas a 1998 indicam que, de um total de 254.964 Enfermeiras graduadas, 227.651 estavam empregadas na Enfermagem. No mesmo ano havia 22.100 estudantes que tentavam obter diplomas ou graus académicos nesta área.
Imagine qual seria o impacto destes valores se as Enfermeiras decidissem que a comunicação pública sobre o seu trabalho constituía uma parte fundamental da sua missão, enquanto profissionais. O potencial impacto de milhões de Enfermeiras a educar o público acerca da Enfermagem é espantoso.
É claro que os Médicos não tinham a vantagem de possuir estes números quando começaram a transformar a imagem da sua profissão, no início do século xx.
Estamos tão habituados a ver os Médicos representados como profissionais de saúde dominantes "e, por vezes, os únicos" que nos esquecemos que nem sempre gozaram desse estatuto e que tiveram de o criar. Os Médicos atingiram a sus proeminência pública através de campanhas de comunicação bem planeadas que utilizaram os meios de comunicação de maneiras criativas e inovadoras. Nos seus esforços para melhorar a imagem (que continuam até hoje), os grupos Médicos usaram a sua influência junto da indústria do entretenimento para influenciar influenciar a forma como os Médicos eram retratados em filmes e séries televisivas.
Dedicaram-se ainda a esforços para convencerem os jornalistas a efectuar reportagens sobre os estudos de investigação publicados nas revistas Médicas.
Nem todos os Médicos participam entusiasticamente nessas campanhas. No entanto, dominam a discussão pública sobre a saúde apenas porque um grande número de Médicos e das suas organizações utilizam activamente os meios de comunicação para apresentarem a sua visão especializada e as suas opiniões sobre quaisquer assuntos que sejam importantes no momento.
Nem todas as Enfermeiras têm de ser vistas ou ouvidas nos meios da comunicação de massas para se tornarem comunicadoras públicas de sucesso. Neste texto, discutimos várias formas através das quais as Enfermeiras podem comunicar com diversos tipos de públicos. Não obstante, é necessário que todos os dias Enfermeiras ou organizações de Enfermagem estabeleçam um contacto activo através dos meiso de comunicação. Apesar de todos os esforços que estão a ser efectuados, é demasiado
baixo o número de Enfermeiras que beneficia do poder que apenas os meios de comunicação podem proporcionar. Milhares têm de ser vistas e ouvidas nos meios de comunicação para que a Enfermagem possa adquirir uma importância pública proporcional ao seu papel nos cuidados de saúde.
Digamos que apenas 10% das Enfermeiras e dos estudantes de Enfermagem promovem activamente a Profissão pela participação em reuniões de apoio, chamadas de atenção a legisladores de Estado, da província/território ou da Nação, telefonemas a "talk-shows" da rádio ou da televisão, cartas a editores, conversas co produtores televisivos sobre a possibilidade de efectuarem reportagens sobre Enfermeiras, encontros com o conselho editorial de jornais, comunicados à imprensa sobre pesquisas actuais publicadas em revistas de Enfermagem, testemunhos em audições sobre prestação de cuidados de saúde, conversas com jornalistas sobre inovações de Enfermagem ou participação em programas de apoio no terreno, de qualquer uma das inúmeras maneiras possíveis. Tal significaria um activismo consciente por parte de um quarto de milhão de enfermeiras só nos EUA e de cerca de 27.000 Enfermeiras no Canadá. Isto constitui, de facto, uma massa crítica.
Ao usar o seu número, as Enfermeiras poderiam ter êxito sem grandes fundos. Basta algumas pessoas contactarem para chamar a atenção dos editores. É provável que um legislador que receba 100 faxes (ou por vezes apenas 10) sobre determinado assunto o tenha em atenção.
Poder-se-ia perguntar por que são necessárias tantas Enfermeiras para desempenhar esta função. Não será esse o papel das Organizações de Classe?
Sim, é da responsabilidade das Organizações de Classe, Associações, Sindicatos, Instituições académicas e de Investigação na área da Enfermagem. Sem desvalorizar o que já obtiveram, estas podem e têm de fazer muito mais. É essencial que cada grupo de Enfermagem não só se envolva vigorosamente em actividades de comunicação pública, mas que a considere uma parcela inseparável da sua missão central. Contudo, nem mesmo porta-vozes assertivos de Organizações e Instituições e Organizações profissionais podem substituir as vozes autênticas de Enfermeiras, no terreno. As tentativas organizadas de promover a Enfermagem são muitas vezes derrotadas, quando as Enfermeiras têm receio de participar em discussões públicas, ainda que seja sobre tópicos dos cuidados de saúde, que são controversos.
Se as Enfermeiras comuns não comunicam ao público o que fazem, o seu trabalho mantém-se escondido [para ser aproveitado por outros, não é?].} (extracto de "Dar voz ao silêncio").
Por esta pequena amostra das queixas de falta de meios para aparecermos em público, quantos de nós já escreveram aos editores de programas que bem cedo, ao começar os noticiários põem de forma irrealista Médicos/as a falar sobre a prevenção de doenças sem que alguém lhes explica que não há sinceridade nisso, porque o Médico é um patologista.
Só deve parecer o Médico a falar das doenças e das suas consequências e não da prevenção das mesmas doenças; essa assenta muito bem nas Enfermeiras.
Quantas Organizações profissionais já escreveram ou se manifestaram, para além de nós, quanto à falta de lógica de ser um dermatologista a falar de queimaduras de sol, nas praias, quando o seu interesse é curar as doenças e não evitá-las!
Quantos exemplos podíamos dar de os Médicos assumirem de forma ilógica a prevenção de doenças de cujo tratamento ele vive, pois são essas doenças que justificam a sua especialização patológica!
Será assim um disparate muito grande, dizer deles, dos "patologistas", ao falarem de prevenção de doenças, que adoptam o mesmo princípio da cegonha, ao indicar, do alto do seu poleiro, o lado contrário, àquele de onde vem o caçador, à raposa, que foge do caçador, por razões de sobrevivência!?
Por que tardam os Enfermeiros/as tanto a pôr em prática, meios de tornar visível o seu trabalho e o seu mérito na área da saúde, onde 90% das acções do cuidar doentes lhes pertencem, por direito e méritos próprios?
Pense nisto, Colega, 10 segundos, numa pausa de 20.
Sem dúvida!!
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