sexta-feira, 7 de junho de 2013

O ENFERMEIRO PORT5UGUÊS SERÁ UM SUPER-HOMEM?

{O enfermeiro português será um Super-homem?
Postado por Luís Filipe dos Santos Coelho em 5 junho 2013 às 21:11
«Acusar os outros de ignorância porque desconstroem as realidades fabricadas na aparência é, no mínimo, ser escravo e disso ter orgulho» (in ‘O Corpo e o Nada’, 2013, Apeiron Edições)

O facto de se viver em Portugal um clima de profunda depressão psicossocial e económica justifica a eventualidade de certas lutas corporativistas serem vividas com inédita agressividade mas não justifica que essas mesmas lutas assumam o aspeto de uma tentativa de conquista da própria Realidade. É bem sabido que o contexto dos sistemas de saúde é, como sempre foi, dado às lutas de poder e aos conflitos interdisciplinares (ao mesmo tempo que uma certa ética das “boas práticas” reitera a importância do trabalho em equipe), mas uma situação única, verdadeiramente inédita no Mundo, está a suceder e tem criado, agora mais do que nunca, um enorme cisma entre os profissionais de saúde. Trata-se do fenómeno do “enfermeiro” enquanto Super-homem (no sentido quase nietzscheniano do termo) que se arroga a capacidade de poder praticamente substituir o trabalho de todas as outras profissões de saúde, situação que ganhou um crivo particularmente consternador com a recente saída da Circular Normativa n.º 19/2013/DPS de 15 de Abril de 2013 da ACSS relativa à “Uniformização dos Registos de Enfermagem em Cuidados de Saúde Primários”circular-normativa-19-2013-DPS.pdf.

Se é já algo conhecida a intenção do enfermeiro de “substituir” o médico em muitas das suas competências, o que inclui a ambição do primeiro de vir a ater o poder de “receitar” exames complementares e medicamentos – o que é estranho, atendendo ao discurso do (mesmo) enfermeiro enquanto profissional “holístico” e “não médico”, apologia da autonomia que deveria ser compatível com um espírito “clínico” menos prescritivista – é provável que muitos portugueses não tenham ainda uma grande consciência de que a ambição a longo prazo do enfermeiro passa por vir a substituir muitos outros profissionais nas suas diversas habilitações. E, observada e estudada a Circular em questão, as competências que se apresentam como sendo “do enfermeiro” incluem muitas das atividades normais do fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, terapeuta da fala, psicomotricista e psicólogo, profissões cuja especialização permite, com obviedade, a execução das ditas atividades com um grau bastante mais elevado de competência. Competência obtida a partir de um modelo de expertise que tem por trás anos e anos de formação graduada e pós-graduada, experiência e treino específicos, assomados a formações e vivências singulares, que honram o espírito da “arte”/”ciência” em questão na sua densidade científico-académica e técnica e na sua maturação humana e espiritual num ponto comparativo que é o do nível dos pares internacionais… com tudo isto, toda esta riqueza concetual e multiparadigmática, dada por anos de vivências insubstituíveis por parte dos mesmos profissionais que criaram, pensaram ou amadureceram grande parte dos métodos referidos no documento, a ser ridicularizada, pretensamente “diminuída”, por uma Circular (apadrinhada por interesses particulares e economicistas) que adota a falaciosa teoria da “Polivalência”, que, de tão “Poli” pouco terá de “Valência”.
É certo que a Circular só se refere aos ‘Cuidados de Saúde Primários’, mas é um precedente que se abre agora e se torna aparentemente “legal” e que não pode deixar de se sentir como o início de uma nova Era em Saúde no nosso país (aliás em todo o Mundo), em que o enfermeiro – outrora um profissional “auxiliar” (se bem que de importância inquestionável) – passará a ser praticamente “O Profissional” único e heroico dos Serviços de Saúde; passe-se a lógica ego-maníaca e classista da coisa que, mesmo sendo um “arquétipo” incluso do animalismo humano, assume proporções desmedidas e pouco inteligentes neste nosso país de “padrinhos”…
Relativamente à Circular, ao que parece, a partir de agora, nos Centros de Saúde, o enfermeiro passará a poder ser responsável por atividades como “Testes de Psicomotricidade”, “Exames de alterações da fala e da linguagem”, “Cinesiterapia Corretiva Postural”, “Reeducação Funcional de cada membro com análise simultânea do movimento e registo”, “Treino de Equilíbrio e Marcha”, “Terapia Ocupacional”, “Treino de escrita à mão ou à máquina de escrever/computador”, “Execução de ligaduras funcionais ou gessos”, “Reabilitação Cardíaca Individual”, “Reabilitação Otolítica”, “Sessões Psico-Educacionais familiares em grupo (…)”, “Terapia Ocupacional em Psiquiatria”, entre muitas outras que, pelo seu elevado grau de especialização, exigiriam muito mais do que um “simples” profissional de enfermagem (cuja “especialidade” não é suficientemente “específica” e simultaneamente abarcante, a não ser, claro, que este profissional tenha passado a augurar de capacidades sobre-humanas).
As diferentes atividades a que a Circular se refere requerem um número elevado de profissionais e uma gestão dos Cuidados feita de modo a que diferentes serviços ou centros possuam dissemelhantes valias e equipes diferentemente constituídas. É um tipo de “multiplicidade” nem sempre favorável à noção de Uno (que é apanágio da Totalidade, de um “holos” que reside no próprio paciente e sobretudo na sua “transcendência”), mas necessária à organização cognitiva dos saberes e à pragmática psicossocial das atividades, cujos conteúdos são demasiadamente abarcantes para poderem ser geridos por um só ser humano.
Os enfermeiros defendem-se com a suposta legalidade da situação e com a grande compatibilidade da mesma com a crise (pois os serviços serão geridos por profissionais mais polivalentes), quando, durante anos defenderam a importância da existência e exercício de uma equipe inclusiva de diferentes valências. Que é, na verdade, basicamente o que existe em todos os outros países, nos quais as leis são mais claras e os diferentes profissionais coexistem, e todos os que citei lá em cima possuem real existência e inclusão no nível mais elevado da Classificação Internacional das Profissões.
Ora, se o nosso país é único no respeitante a esta situação alarmante e que tem preocupado milhares de jovens terapeutas que já tantas dificuldades possuem em arranjar emprego ou em realizar atividades minimamente prestigiantes e edificantes, é porque os enfermeiros têm sabido escalar e ocupar lugares robustos no tecido governamental e organizacional português. Não que desmereçam esses lugares ou que não possuam grandes valências, assim como qualidades indiscutíveis, mas, de facto, o poder do enfermeiro no nosso país não tem paralelo e está a crescer de um modo tal que coloca em perigo os lugares e valências de outros profissionais igualmente qualificados e com níveis importantes de competências específicas.
A situação tem provocado grandes conturbações entre as associações e grupos profissionais dos diferentes terapeutas e técnicos de saúde, pelo sentimento de profunda injustiça perante tal ilegitimidade. Também já há quem augure que os enfermeiros pretendem vir a efetuar atividades relativas ao Serviço Social, à Terapia Familiar, entre tantas outras que requerem uma preparação especial. E ao mesmo tempo que os enfermeiros vão passando anúncios na televisão bem “alusivos”, uma petição (http://www.peticaopublica.com/pview.aspx?pi=P2013N40825) de cujo texto base eu próprio sou autor (petição base da Terapeuta Leonor Lainho) já circula com milhares de assinaturas.

Temos, assim, que uma classe profissional outrora maltratada passa de “cordeiro” a “lobo”, com aparente traição de muitos dos princípios holísticos e de “humildade” que, ainda há poucos anos, vinham a defender, o que nos leva a pensar que, mais uma vez, tudo não passa de uma lógica de poder e que os injustiçados de hoje passam a ser os injustos de amanhã.

Luís Coelho,
fisioterapeuta e ensaísta,}

 Eis um texto que merece alguma reflexão da nossa parte, enquanto Enfermeiros, vítimas das circunstâncias. Quando os Enfermeiros têm algum poder de decisão os ataques começam nos próprios Enfermeiros (como aconteceu com aquele assessor de Director Executivo de ACES) e acabam naqueles que, como os fisioterapêutas, foram criados pelos próprios Enfermeiros, (queiram admitir esta verdade ou não) na Escola do Alcoitão, para suprirem as escassez dos Enfermeiros, que não tinham disponibilidade para vigiarem os aparelhos e executarem tarefas mais simples da reabilitação. Isto antes de soltarem do tronco.
Fizeram os primeiros cursos subordinados a um programa que as Enfermeiras criaram. Convém avisar que a especialização de "Reabilitação" só existia, nestes moldes, em Portugal e nos EUA, de onde foi importada, pelas Enfermeiras, que abriram o Alcoitão.
O bota-fora chegou a tal ponto e o nível de possessão era de tal grandeza que, até para por um saco de gelo, ou de água quente, os Enfermeiros corriam o risco de estarem a infringir as competências dos portadores dos agentes físicos, que a água a ferver ou gelada também é. Ainda conservamos o comunicado, onde estas alarvices estão escritas.
Temos que dizer aos que vieram depois, para qualquer curso de "paramédicos", (hoje nomenclaturados com outra roupagem), que todos esses cursos, foram buscar os conteúdos à prática de Enfermagem, pela simples e única razão da escassez de Enfermeiros, que se foram fixando nas proximidades dos doentes, alijando a carga que os afastava deles. Isto até o cego apalpa.
É desnecessário referir que não é por terem sido criados vários cursos, que o conteúdos dos cursos de Enfermagem tem de ser amputados, somente, porque e que e mais que; assim o entendem.
Agora, vamos dar um ensaiamento no seu "ensaio", Sr. Luís Coelho, fisioterapeuta ensaísta.
Vamos responder a alguns dos §§ do seu ensaio, pois começa por se interrogar de coisas que supõe e merecem ensaio, sobre o seu ensaio. Como é só ensaio, vamos agir em conformidade. Aconslhamos a ter mais cuidado com o arquétipo, quando concluir o ensaio, para o demiurgo não se irritar... Deixe-o quietinho, no seu lugar.
Comecemos pelo título - «O Enfermeiro Português será um Super-homem?»
A resposta é sim, obviamente, num certo sentido; depois de fazer o que faz, ainda tem de suportar ensaios à procura de cenário para montar a peça. Só um Super-man pode susscitar tanta paixão e interesse.

No 1º §  fala, evocado nas entrelinhas, do "Assim falava Zaratustra" (Zoroastro, para outros), poema célebre,  em prosa, da autoria de Nietzsche, no qual procurava, encontrar, nas figuras que desenhava e caricaturava, o tal "super-homem". (Por exemplo; do eremitão dizia, quando o trouxe à cidade "E o bom do Velho, de tão entretido que andava, nas montanhas a adorar Deus, nem deu conta, que Ele tinha morrido na Sexta-feira Santa...) Mas esquece que, em Portugal, ao contrário do que diz, não há conflitos interdisciplinares, no contexto do SNS, nas lutas pelo poder, porque só há uma disciplina - a Medicina - que assume o comando de tudo, sem conflito. Embora lá atrás, figurando a nova "categoria" do entendimento - a velocidade, descoberta e caracterizada no sec. XIX, apareçam umas imagens, que se repetem a tentarem chamar sobre si a atenção, para a ideia do movimento, que simbolizam.
Depois, tendo qualquer "paramédico" nascido do conteúdo funcional do Enfermeiro, e que, obviamente subverteram, para se diferenciarem, escolha qualquer tipo a começar pelo "fisioterapeuta", que acima, já se diz qual a sua origem e razão de ser, por que será que ficaram a ser tutelados pelos Médicos (paramédicos) e não pelos Enfermeiros, como a lógica parece indicar!?
Logo aqui, ao renegarem as origens e a paternidade, perderam a possibilidade de reclamarem, na área da Enfermagem, qualquer ponta de parentesco, de identidade/alteridade. Como diz, e bem, o Enfermeiro, em Portugal é mesmo um fenómeno, a dar conteúdo e visibilidade à essência - "nómeno ou numeno", que segundo Kant, nunca se apreende, porque só capatamos as coisas num tempo e num espaço.

Mas não entendendo isto o ensaísta das horas vagas, fisioterapeuta de profissão, não entende que o Enfermeiro não quer nem pode substituir todas as outras profissões, nomeadamente a sua (dele), porque se pretendesse isso, não o tinha criado, para se substituir (ao Enfermeiro) em tarefas de pequena monta e reduzida responsabilidade, que estes filhos, rapidamente, "bastardos", num certo sentido, se acolheram à paternidade do Médico, pensando benzer-se, mas que partiram o nariz.

Ora, ao preterirem as origens, que tiveram, na Enfermagem, devem virar-se para outro lado. Pensam que por escolherem a parte mais limpa da pessoa, se livram dos efeitos perversos de esficteres descontrolados. Nenhum profissional da saúde está livre da m....
Limpar cús de merdosos, é tarefa do Enfermeiro, por excelência, pois é, aí, que ele se transcende e atinge os píncaros do samaritanismo, limpando o que incomoda um ser humano dependente, que nem o nú consegue limpar. É nesses gestos que o Enfermeiro atinge a plena dignidade humana, porque só ele com toda a sua arte, o sabe fazer. Só ele é capaz de apear do seu cavalo (que simboliza a sua pessoa humana), para ajudar o outro, que sofre.

Já Bocage dizia, num dos seus sonetos, que o imortalizam, como poete genial {Caga o cú mais alvo merda pura/
Pois se é isto que tanto se namora/
Em ti cago, em ti mijo, ó Formosura!}
Veja-se quanta beleza e quanta formosura pode haver numa necessidade fisiológica, que nos lembra que, apesar de nos  enamorarmos e apaixonarmos, pela beleza, nem por isso deixa de ter necessidades mal cheirosas e residuais, não obstante.
Quantas vezes o Enfermeiro tem de calçar uma luva para sacar um fecaloma, que apesar do nome, é da pura, para socorrer um ser humano que sofre e que até pode morrer atulhado em... a.

Mas deixa-me falar baixo, para não acontecer como com os "podos+logos" que, até se convencem, por si, ou por outrem, que os Enfermeiros, já não podem tratar os pés dos diabéticos, só porque alguém teve a ideia de criar um podos+logos, cheio de "logos" ou discurso cientifico, embora, no humano individual, não haja juizos sintéticos "a priori"; só há os sintéticos "a posteriori", porque é preciso experimentar primeiro para ver se dá, como no alfaiate. É preciso tirar as medidas, à pessoa única e individual.

Imagine a roda duma bicicleta, daquelas que têm raios, a partir do eixo. A funcionalidade ideal de quem inventou aquela roda, foi criar um eixo [o Enfermeiro Super-Homem] a partir do qual nascem os raios, que se vão dividindo, ao longo da roda (na equipa, se quiser), para darem consistência e harmonia ao conjunto, ou roda, que sem o eixo, não teria qualquer utilidade prática.

Se cada raio representar uma disciplina, maior ou menor, a interdisciplinaridade, só existe, se houver um eixo, que lhe dê sentido e coerência. Neste contexto realista, o Enfermeiro é mesmo um fenómeno e um super-herói, sem falsas modéstias, pois é a partir dele, que nascem todos os raios, mesmo os que o partem.
Não deve saber que a informação produzida pelos Enfermeiros ia cair toda, num tubo chamado SAM, que aspirava o conteúdo do SAPE.
Se acha tanta "superhomidade", no Enfermeiro, como sugere o seu ensaio, a partir de um mal disfarçado complexo de inferioridade, dada a dose de superioridade, que foi preciso pulvilhar, no seu ensaio, por ora incipiente, quanto ao conteúdo, embora sofrível, quanto ao formato; por que não ensaia cursar Enfermagem, em vez de se  perder num dos seus ramos, relativamente espúrios?   

 No § 2º «Se é já algo conhecida a intenção do enfermeiro de [substuir] o médico, em muitas das suas competências, o que inclui a ambição de o 1º vir a ter a ambição de "receitar" exames complementares e medicamentos...».
Se esta informação foi a pagar; quem lha forneceu roubou-lhe o dinheiro, pois o Enfermeiro não precisa de ir buscar competência que já tem, a ninguém. A natureza holística da sua acção, só busca o que precisa para optimizar o holismo de que é detentor, naturalmente. [Holismo é um vocábulo que deriva do grego "holos" = «todo», «inteiro», «completo»; foi usado para designar um modo de considerar - e às vezes todas as realidades enquanto tais - primeiramente como totalidades ou "todos" e depois como compostas  de certos elementos ou membros. O holismo afirma que as realidades de que trata são, em primeiro lugar, estruturas. Os membros da estrutura estão relacionaos funcionalmente entre si, de tal modo que, quando se trata dos referidos membros, fala-se de relações funcionais, mais do que disposição ou ordem] (in Dicionário de Filosofia de Ferrater Mora).

De onde, se o Enfermeiro tem, nos membros da estrutura holística, que o enforma; o médico, para receitar, o fisioterapeuta, para "fisioterapeutar" e segurar nos aparelhos de raios x, y, z e outros; se todos eles emergiram do Enfermeiro "Super-Homem", por que havia o Enfermeiro de intencionar recuar, perdendo altura e importância?!

Terá de voltar a ensair, se pretende intuir essas coisas, que ocupam médicos e outros, são mesmo necessárias, para o Enfermeiro, esse Super; desempenhar o seu papel, como o eixo do sistema, ou fulcro da coisa, a estrutura.
Como não intuiu a essência do holismo enfermeiro fica-se pela inveja da polivalência, que os oportunismos querem atribuir ao Super-Homem, como se isso fosse necessário, pois seria mais do mesmo. O holismo é o sinergismo das valências, dos "membros". Se o Enfermeiro, enquanto estrutura, é que lhes dá unidade e sentido (e quando assim não acontece a coisa corre mal), não precisa de ser polivalente, porque é a valência, em si, dado que dele partem todas as valências, que se especificam a partir do todo que é esse Super-homem, que não deve pôr em dúvida, pois o Enfermeiro é mesmo isso, no pensamento linear do seu ensaio. Querendo reduzi-lo, acabou por lhe aumentar o tamanho, alcandorando-o ao nível planetário e não exclui a hipótese do nível intergaláctico!
Não está mal visto, não senhor...

Já agora, se em vez do Nietzsche, usar  a dialéctica do Hegel, talvez de  "superação em superação" numa espiral dinâmica, consiga chegar ao Absoluto, ou Super-Homem. Foi este que, na procura do dito trasnformou o raciocinio especulativo em helicoidal ou espiralado

No 3º §  alonga um bocadito a fenda do verniz do ensaio, que, entretanto, estalou,  ao afirmar: [... mas é um precedente que se abre agora e se torna aparentemente "legal" e que não pode deixar de se sentir como o inicio de uma nova Era em Saúde, no nosso país (aliás em todo o Mundo), em que o enfermeiro - outrora um profissional "auxiliar" (se bem que de importância inquestionável) - passará a ser praticamente "O profissional" único e heróico dos Serviços de Saúde; passe-se a lógica ego-maníaca e classista da coisa que mesmo sendo um "arquétipo" incluso do animalismo humano, assume proporções desmedidas e pouco inteligentes neste nosso país de "padrinhos"...] e, já agora, afilhados, digo eu!

Tenho que esclarecer alguns termos que parece não dominar, de todo e que pretendem dar ao seu ensaio, enquanto tal, um ar de erudição, que não me parece conter.

Comecemos pelo [profissional "auxiliar"]. Não há profissionais auxiliares, senão de si próprios, pois uma profissão é necessariamente, autónoma, ou não será profissão. Logo não pode haver profissionais "auxiliares", como diz, Sr. Luis. Mas já pode haver auxiliares de profissionais, como é o caso dos paramédicos, por exemplo, em relação aos médicos, entendido(?). Já que acerca de profissões, os Enfermeiros são das profissões mais antigas, que, já no tempo dos profetas, andavam de cavalo, como é o caso do bom Samaritano. Até têm uma Ordem que os autonomiza e responsabiliza, relegando a obediência para 2º plano. Já os "auxiliares", só obedecem porque não têm responsabilidade própria.

Depois, atira com o "arquétipo", para a contenda, como quem atira com o diabo à rua, fazendo uma figura, ainda mais difícil de interpretar, do que o demiurgo, que Platão inventou a quem entregou os arquétipos para ver se esse demiurgo, através deles conseguia encontrar um elo que ligasse, de forma coerente, o conhecimento sensível (o dos sentidos) ao intelígível, o da sua dialéctica (o das construções dialécticas), no fundo, a ascenção da dianoia à noésis. Não parece que arquétipo ou construto modelar sirva para o tal animalismo humano e as proporções desmedidas dos "padrinhos".

Segundo os antropólogos da globalização, já dizem; o "Homem Normal é um composto de corpo e alma e mais qualquer "coisa". Esta coisa será, para eles o "espírito". Isto leva-nos às pirâmides do Egito, que não são as depravadas da anedota, mas a forma geométrica equilibrada de conservar, "ad aeternum", o espírito do Faraó, que viverá, enquanto viver o seu espírito.
Sendo assim, não pode ver o Super-Homem, através da sua animalidade baptismal, dada a sua estrutura tripla.
Quanto às epistemes de que fala, ou mais vulgarmente, paradigmas, parece-me que exagerou um pouco.
Até podia perguntar o que pensam os Enfermeiros da Circular Normativa, que tanto feriu a sua sensibilidade. Provavelmente, consideram-na uma coisa normal e, até, trabalhosa. Não dá para os elevar, visto que, como disse, e bem, já estão no mais alto nível da coisa, o planetário.
Ora, segundo a Circular, ao contrário do que intuiu e afirma, o Enfermeiro não é responsável pelos actos dos outros, mas pelos actos que ele actualiza, e só.
Recambiar ou encaminhar, se prefere, um cliente a um profissional, que seja raio da roda holistica, não é ser responsável pelo que cada raio faz; era o que nos havia de faltar. Confundiu as pretensões dos Médicos com as do Super.Man.
Se, quando falou, nos arquétipos do Platão, tivesse ido buscar o seu "Demiurgo" qual ordenador universal, tinha dado uma ideia mais real do Super-Homem Enfermeiro. Eu sei que muito esquece a quem... tem de ensaiar muitas vezes.

No 5º §, aquela do Uno e do Múltiplo, leva-nos à visão de Parménides, um dos Pré-socráticos, que meteu uma bomba, no Uno e estraçalhou-o, transformando-o em átomos, passando da undidade para a multiplicidade, que nos parece, aqui, um exagero.
Já que parece ter lido Nietzsche, podia ler o texto onde ele acusa Sócrates (o grego, claro) de ser o culpado de muita desgraça ao acabar com a "tragédia grega".

Dava-me um certo jeito que aquele último §, onde diz que os Enfermeiros passam de cordeiro a lobo, depois de terem turvado as águas um do outro, segundo Fedro, era bem bom para a Saúde, que fosse assim, como pensa.
A dinâmica do ensaio, que pretende dar aos Enfermeiros, numa lógica de aparências, como a daqueles espelhos, que fazem os gordos, magros e os magros, gordos, dispõe bem.
Mas vai ter de fazer como o Ronaldo, Sr. Luís; deve continuar a ensaiar ou treinar, para lá do tempo normal, se preferir, no caso de querer impor alguma coerência, ao que escreve, por uma questão de respeito de quem o lê.
Se o presente ensaio é de iniciativa própria, não foi uma boa escolha, nem a vestimenta foi a mais bem adaptada. Faz lembrar uma "sopeira" bem sucedida, vestida com um casaco de peles.

Se foi encomenda de algum chefe de posto, endosse-lhe estes pequenos reparos do "moscardo".
Podiam ser piores, pois à margem para isso.
A vida é assim, mestre Alvim: continui a ensair, se quer ir mais longe!

2 comentários:

  1. O simples facto de não assumir publicamente a sua reacção e opinião a este artigo, razão pela qual me abstenho de lhe responder, mostra o quanto está o senhor de ser "númeno" ou "Super" de seja o que for (pois nem homem foi capaz de o ser). A sua postura ética é condenável e já por si mostra o quanto a sua lógica se vira contra si mesmo. Assuma frontalmente a sua reacção e este "criado pelo enfermeiro" dar-se-á ao trabalho de responder ao criado pelo médico. [Não aqui pois a este sítio não voltarei]

    ResponderEliminar
  2. Um texto completamente ignorante e egocêntrico...

    ResponderEliminar