FALECEU A 1ª bASTONÁRIA DA OE

17-07-2013

Ordem dos Enfermeiros consternada com o falecimento da Enf.ª Mariana Diniz de Sousa, primeira Bastonária da OE

É com extremo pesar e profunda consternação que a Ordem dos Enfermeiros (OE) informa todos os seus membros do falecimento da Enf.ª Mariana Diniz de Sousa, referência major da Enfermagem do século XX e primeira Bastonária da OE (mandato de 1999-2003).

A Ordem dos Enfermeiros deve a sua criação a muito do trabalho e abnegação da Enf.ª Mariana Diniz de Sousa, líder incontestável de todo o processo negocial que deu azo à publicação do Decreto-lei nº 104/98 de 21 de abril. Foi também Presidente da Comissão Instaladora e primeira enfermeira a ser eleita pelos seus pares para ser a representante máxima da profissão em Portugal. Tomou posse como Bastonária a 31 de maio de 1999. 

Todos os que tiveram o privilégio de com ela trabalhar recordam-na pela inteligência, dedicação, empenho e pela personalidade carismática que a todos conquistava. Pelo contributo que deu para o desenvolvimento da Enfermagem ao longo de décadas, a Enf.ª Mariana Diniz de Sousa merece a mais respeitosa homenagem de todos os enfermeiros e restantes profissionais e decisores da Saúde. 

Este é um momento de grande tristeza para a instituição, que vê desaparecer uma pessoa que sempre nos mereceu a mais elevada consideração e apreço. Nesse sentido, a OE decretou três dias de luto.  

O Enf.º Germano Couto, Bastonário da OE, os restantes membros dos órgãos estatutários e os colaboradores desta instituição endereçam à família as mais sinceras e profundas condolências pela perda inestimável que sofreu.

Lembramos de seguida o percurso de uma mulher que se destacou na sociedade portuguesa com enorme sentido cívico, ético e profissional, rompendo preconceitos inusitados e assumindo cargos de chefia até então vedados aos enfermeiros. O seu contributo para o prestígio e dignificação da Enfermagem é, pois, incalculável e dificilmente igualável.

As cerimónias fúnebres terão início amanhã, 18 de julho. Oportunamente serão divulgadas mais informações sobre o local e hora das mesmas.

Apelamos a que os membros da Ordem participem nas cerimónias fúnebres e, assim, prestem uma derradeira e muito merecida homenagem à Enf.ª Mariana Diniz de Sousa.

A mulher e o seu percurso

Recorde-se que a Enf.ª Mariana Dulce Diniz de Sousa nasceu em Lisboa a 24 de Abril de 1929.

Em 1952 concluiu o curso de Enfermagem na Escola Técnica de Enfermeiras, atualmente designada Escola Superior de Enfermagem de Lisboa.

Dotada de uma enorme capacidade de trabalho, conciliou a formação com uma carreira em prol dos utentes, da Enfermagem e da Saúde – que teve início no Instituto Português de Oncologia.

O seu gosto pelo conhecimento, o seu elevado intelecto e a sua determinação em dotar a Enfermagem de ferramentas científicas que permitissem um exercício qualificado e autónomo abriram-lhe portas «além-fronteiras». Rumou aos Estados Unidos da América, onde fez a sua formação pós-básica na conceituada Universidade de Yale. Nessa altura recebeu uma bolsa de estudo da prestigiada Fundação Rockfeller, tendo concluído o curso de Pedagogia aplicada à Enfermagem na Universidade de Yale. 
Mais tarde fez o Curso de Administração Hospitalar na Escola Nacional de Saúde Pública e o Curso de Partos na Faculdade de Medicina de Coimbra.

Foi docente na Escola Técnica de Enfermeiras e desempenhou funções técnicas na Direcção-Geral dos Hospitais. De seguida foi Presidente da Comissão Instaladora da Escola de Ensino e Administração de Enfermagem e mais tarde tornou-se Diretora daquela instituição.

No Departamento de Ensino de Enfermagem foi Enfermeira Diretora e nos anos 70 interveio na reforma do ensino de Enfermagem.

O seu perfil de dirigente e a sua visão estratégica da Saúde tornaram-na, em 1983, assessora do Ministro da Saúde Dr. Maldonado Gonelha. 

Em 1985 ocupou o cargo de Subdiretora-geral do Departamento de Recursos Humanos da Saúde, organismo que viria a tê-la como Diretora-geral.

A Enf.ª Mariana Diniz de Sousa aposentou-se voluntariamente da Função Pública aos 62 anos e dedicou os últimos anos de vida ativa à Ordem dos Enfermeiros.

Foi Prémio Nacional de Saúde 2008, uma distinção atribuída pela Direção-Geral da Saúde / Ministério da Saúde que visa reconhecer a «relevância e excelência no âmbito das Ciências da Saúde, nos seus aspetos de promoção, prevenção e prestação de cuidados» em que «uma personalidade que tenha contribuído, inequivocamente, para a obtenção de ganhos em saúde ou para o prestígio das organizações no âmbito do SNS».