Ora se nós, os humanos temos voz, também temos uma linguagem universal, que se manifesta por palavras e por mímica, onde estas não chegam;
E temos uma língua ou dialecto local, que cria as palavras de que necessitamos para exprimir as coisas que nos rodeiam e constituem o nosso mundo, onde pensamos e agimos.
Por isso, vamos dizer o que, para nós, é a MEDICOMANIA, para não haver más interpretações do palavrão. Assim, há quem lhe chame MEDICALIZAÇÃO. Nós preferimos a palavra medicomania porque traduz, com mais rigor, a doença que é a mania de que na saúde e na doença e na morte, (e, um dia, até corremos o risco de incluirem a vida eterna, espírito puro), só há um agente: o Médico. Tudo o mais é complemento da passiva (ver o fenómeno "complementaridade" e seus autores, no REPE).
Se tudo depende "na medicomania", a mania de que o Médico é tudo, na saúde e na doença, na morte e ressurreição, (passe o aparente exagero), não é difícil conceber que precisemos de outra palavra - MEDICODEPENDÊNCIA - porque se tudo gira em função do Médico, é óbvio, sem precisarmos de recorrer ao fenómeno da "evidencia científica", para avaliar a coisa, que tudo depende dele.
E se tudo depende dele, também ele pobre vítima da medicomania, já não precisa de ficcionar que a Médicina é uma ciência certa (porque a ciência ou é certa - exacta - ou não é ciência), pois vai ter que dar largas á imaginação para alimentar, medicamente, a forma e o conteúdo do HIPOCONDRISMO SAUDÁVEL, que é outra coisa bem diferente, da doença real e concreta.
Vejamos algumas opiniões, a propósito:
[O que dá a uns de comer, a outros tira-lhes o seu bem mais precioso, que é a SAÚDE. a crítica norteamericana Lynn Payer verfica o seguinte: a conduta do inventor de doenças «destrói a nossa confiança em nós próprios; e isto sim, faz-nos adoecer»].
Por sua vez, o Médico e escritor norteamericano Lewis Thomas foi um dos primeiros a alertar para este perigo: «Se continuarmos a ouvir estas charlatanices, corremos o risco de nos transformarmos num povo de hipocondríacos saudáveis, que vive mergulhado no desalento e que se angustia quase até à morte». (in British Medical Jornal 324, pp. 908-911, 2002).
Aqui estão algumas das razões pelas quais, não podendo tirar a licenciatura aos Enfermeiros, que aparecem secundarizados nesta fenomenologia, pagam-lhes abaixo de qualquer licenciado, mesmo das licenciaturas de papel e lápis, como soe dizer-se, não obstante a sua licenciatura integrar o grau máximo de complexidade, na execução. que é o 3, anote-se.
Mas há quem ajude:
Quando uma Colega nossa de Direcção foi de castigo para Fão (O SE é o único Sindicato que tem vários dirigentes de castigo descaradamente pseudo-fundamentado), uma colega do outro Sindicato, logo coordenadora de 2 Enfermeiros (ela e a nossa colega) a que omitimos o nome, por razões publicitárias, disse-lhe:
Fulana X, tu ficas afecta à doutora Cicrana Y.
Mas o que é isso de afecta à Médica Y, perguntou por não entender a expressão?
Silêncio cúmplice, como o da criança que é apanhada a meter os dedos no bolo de aniversário, antes de cantar os parabéns ao você...
Senhora do seu papel a nossa Dirigente disse; eu estou afecta aos Utentes e nda mais.
Este pormenor, aparentemente inofensivo, retrata na perfeição, uma das moléstias que minam a Enfermagem dos Cuidados Primários a reclamar tratamento adequado e urgente, para bem do MAIOR BEM COMUM, ou INTERESSE PÚBLICO, como se exprimem os não éticos.
Sem comentários:
Enviar um comentário