sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

MORREU ALBINO AROSO; GRANDE CIRURGIÃO, GRANDE HOMEM

 Professor da Escola de Enfermagem Dª Ana José Gudes da Costa e Secretário de Estado da Saúde em Março de 1976, dias antes da eclosão da greve de Enfermagem de 12 de Março 1976, sendo Ministro dos Assuntos Sociais o Dr. Rui Machete: Dimitiu-se da Administração do Hospital Geral de Santo, como protesto pela forma como estavam a desconsiderar os Enfermeiros, mormente a Direcção de Enfermagem com quem se  solidarizou, ajudando-nos no SE a combater ofensores da dignidade e mérito da Enfermagem do Hospital.
À família enlutada dirigimos sentidas condolências; ao falecido, que a sua alma descanse em paz.
Em meu nome pessoal e do SE que represento.
José Azevedo




Morreu Albino Aroso - o pai do planeamento familiar

Publicado hoje às 15:48


Defensor da dignidade e dos direitos da mulher, Albino Aroso foi um dos obreiros mais persistentes na luta contra a mortalidade infantil e é considerado o pai do planeamento familiar. Morreu hoje aos 90 anos.

Albino Aroso Ramos nasceu em Canidelo, concelho de Vila do Conde, a 22 de Fevereiro de 1923. É o terceiro de uma família de seis filhos, que muito cedo ficaram órfãos de pai. Albino, que tinha apenas nove anos quando o pai morreu, recebeu da mãe a força e o exemplo de uma mulher de armas, moderna e aberta, preocupada em incutir nos filhos os valores pela vida familiar, e em especial um grande respeito pelas mulheres.
Concluído o ensino primário, fez o curso liceal no Porto, ingressando na Faculdade de Medicina cujo curso concluiu em 1947, apenas com 24 anos, e com a classificação final de 16 valores. Logo de imediato cumpriu o serviço militar obrigatório, onde frequentou o curso de oficiais milicianos, o que lhe permitiu iniciar a atividade clínica na segunda fase do curso com a categoria de oficial médico, frequentando o Serviço de Cirurgia do Hospital Militar Principal.
Em Agosto de 1948 ingressou no Hospital de Santo António, no Porto, sendo nomeado, no final desse ano, médico extraordinário do Serviço 5, e integrado numa das equipas do Serviço de Urgência. Em 1953 concorreu ao lugar de Assistente do Hospital de Santo António. Beneficiando de uma bolsa da Organização Mundial de Saúde, partiu pouco depois para a Europa para estagiar em hospitais de relevo na Inglaterra, Holanda, Alemanha e Suécia. Em 1956 a Santa casa da Misericórdia do Porto atribuiu-lhe uma outra bolsa, que lhe permitiu estagiar nos hospitais de Viena e Genebra.
A partir de 1959 assumiu o cargo de subdiretor clínico do Hospital de Santo António, função que desempenhou durante seis anos consecutivos. Nesse mesmo período integrou a Comissão Inter-Hospitalar do Porto encarregada de fazer um estudo sobre as carreiras médicas, vindo posteriormente a integrar a comissão nacional congénere.
O salto para o planeamento familiar
Foi na década de sessenta que Albino Aroso se tornou num verdadeiro militante do planeamento familiar. Envolveu-se empenhadamente na fundação da Associação para o Planeamento da Família, que surgiu em 1967, e participou no processo de integração dos médicos hospitalares nas correspondentes carreiras, como delegado da Ordem dos Médicos.
Em 1969 foi nomeado diretor do Serviço de Ginecologia do Hospital de Santo António, cargo que ocupou até à aposentação. Já na qualidade de diretor, e nesse mesmo ano, criou a primeira consulta pública e gratuita de planeamento familiar, uma ousadia para a mentalidade dominante ao tempo. Em 1974 foi eleito para o Comité Executivo da Região Europeia da Federação Internacional do Planeamento da Família, e introduziu em Portugal a distribuição gratuita dos primeiros dispositivos intra-uterinos.
A partir de 1975 passou a integrar a Direção Médica do Hospital de Santo António, vindo mais tarde a presidir ao seu Conselho de Administração. Albino Aroso empenhou-se ativamente na criação do ICBAS - Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, onde assumiu a lecionação da cadeira de Ginecologia e Obstetrícia, até se jubilar como professor associado.
Reconhecido como o pai do planeamento familiar, ocupou múltiplos cargos no âmbito da sua especialidade. Foi presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Ginecologia, membro-honorário da Sociedade Portuguesa de Sexologia e da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, Academia Portuguesa de Medicina, e membro da National Geografphic Socety e da New York Academy of Sciences.
Albino Aroso ocupou cargos governamentais por duas vezes. Em 1976 integrou o VI Governo Provisório como secretário de Estado da Saúde, e entre 1987 e 1991 fez parte do XI Governo Constitucional como secretário de Estado Adjunto da Saúde. Foi um ativista na causa da despenalização do aborto, e o primeiro vencedor do Prémio Nacional de Saúde, criado em 2006 pelo então Ministro da Saúde, Correia de Campos.
Defensor da dignidade e dos direitos da mulher, Albino Aroso foi um dos obreiros mais persistentes na luta contra a mortalidade infantil, contribuindo decididamente para colocar Portugal nos lugares cimeiros deste indicador da saúde, nomeadamente através do trabalho desenvolvido na Comissão de Saúde Materno-Infantil.


Manuel Teixeira

27-12-2013 
Ordem dos Enfermeiros consternada com morte do Professor Doutor Albino Aroso 

Crédito da Foto - Universidade do Porto 
Crédito da Foto - Universidade do Porto
A Ordem dos Enfermeiros lamenta a morte do Professor Doutor Albino Aroso, um dos pilares para o desenvolvimento da Saúde Materno-Infantil em Portugal. Considerado o «pai» do planeamento familiar, Albino Aroso foi um acérrimo defensor da Saúde da mãe e da criança tendo criado, em 1969, a primeira consulta pública e gratuita de planeamento familiar. O seu contributo foi importante para o desenvolvimento do papel do enfermeiro obstetra na estrutura clínica desta especialidade. 

Responsável pela Comissão Nacional de Saúde Materna e Neonatal (CMSMN), ficou a dever-se ao Prof. Dr. Albino Aroso o facto de o País ter passado do fundo da tabela dos indicadores de mortalidade infantil para os cinco lugares cimeiros a nível mundial.

Mais recentemente, foi escolhido pela Associação Médica Mundial como um dos 65 médicos de todo o mundo para figurar na lista de clínicos mais dedicados a causas públicas no campo da saúde. Em 2006, recebeu o primeiro Prémio Nacional de Saúde.

Nos últimos anos de vida, empenhou-se em causas cívicas, participando ativamente no movimento de defesa do direito ao aborto. 


Por todo o seu percurso, não se poderia deixar de realçar o grande contributo do Prof. Dr. Albino Aroso para a história da Saúde nacional. A Ordem dos Enfermeiros presta-lhe a devida homenagem e na pessoa do Digníssimo Bastonário envia, à família, as mais sentidas condolências.


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