Noite fora entre 1 e 2 de janeiro, fui surpreendido no [Porto Canal TV] com uma intervenção de Júlio Machado Vaz, especialista em sexologia e sexofobia, mas de Enfermagem um "ignorantólogo" evidente.
Falou de Florence Nigthingale e até se esqueceu de ir ver os livros do 12º ano, que a apontam como a inventora da estatística.
Não era auxiliar, mas Enfermeira, como todas da sua escola, cujo programa foi aprovado com 98 votos, contra e dois a favor, da Ordem dos Médicos ingleses, porque também eles, já tinham a mania de interpretar os Enfermeiros como auxiliares. Vaz podia ter-se lembrado de que foi ela que, contra a sapiência médica, reduziu a mortalidade hospitalar de 42 para 2%. Foi a sua arte e não a ciência médica que operou o milagre.
Podia tê-la recordado como a Enfermeira que planeou o arejamento das enfermarias do Hospital Pediátrico de Dª Estefânia, pois foi a higiene e conforto e arejamento inteligente das salas que produziram o milagre na redução da erisipela e gangrena gasosa, duas das principais causas de morte, quando ainda não tinha nascido o dr. antibiótico.
Disse que o trabalho das auxiliares, (em Portugal nascem em 1947), porque ainda não havia enfermeiras, era de cavalo e, até eram pagas, com "Gin". Esta tem graça e é surpresa, para nós. Os Médicos deviam ter trabalho asinário e eram pagos com Rum?
Este DR astrólogo esquece que, na época da Florence (1820-1910), em Portugal, eram as Irmãs da Caridade que faziam a Enfermagem, essencialmente.
Mas depois, soube dar a volta para dizer que Médico era Pai; Enfermeira era Mãe e Doente era Filho (da mãe?).
Depois, acabou esta filiação, segundo Machado Vaz, mas para Salazar não; pois as Enfermeiras podiam ter filhos, mas não podiam casar, talvez para não deixarem os Doentes sem mãe, na perspectiva maternalista de Machado Vaz; um espanto em previsão!
Mas qual o interesse de Vaz em falar das Enfermeiras, relacioná-las com cavalos e Gin e maternidade, a propósito da Saúde 24?
O interesse era pôr mais Médicos a apoiar mais Médicos, porque são aprendizes...
E se tiver mais Médicos despacham mais depressa os Doentes, disse ele.
Mentira: para despachar mais depressa os Doentes é com mais Enfermeiros e menos Médicos; precisamente o contrário.
Nos países, onde não há Doentes, em fila, nas Urgências, também não há Médicos, em presença física, a empatar: são os Enfermeiros que despacham o serviço, em grande velocidade (vide Holanda...).
Os Enfermeiros já não precisam destes parlapatões, profissionais da comunicação, para falarem deles, aproveitando-os para levarem a água ao seu moinho (o dos Médicos).
A verdade mais que evidente é; países onde os Enfermeiros administram estão no topo da tabela, da qualidade, como a Holanda e, mais longe, a Austrália, por exemplos.
Em Portugal, país de tesos, não sabemos escolher as prioridades nem aproveitar as capacidades dos nossos Enfermeiros. Tudo é Médico: até enjoa!
Claro que tem de haver muito, muito, quem receite para os laboratórios darem empregos a ex-Primeiros Ministros (Vide Octafarma).
Talvez esta seja, uma das razões por que os Enfermeiros não podem receitar, como diz Bastonário dos Médicos; nem pó de talco, por causa da concorrência e destas compensações de governantes apeados.
Isto é mesmo como as cerejas: se puxamos por uma, há muitas que vêm agarradas. Se vêm.
Sr.M.Vaz, venha falar connosco para aprender umas coisas sobre Enfermeiras, pois as que disse não são muito verdadeiras, nem como muletas de apoio de coxo.
Não é só a linha da Saúde 24 que descongestiona as Urgências...
Já ouviu dizer que quantos mais são menos fazem?
E se não houver Enfermeiro, por perto, tal como Aristóteles deu objectividade às Ideias de Platão, também dê, semelhantemente, objectividade às ideias médicas, a coisa não anda.
Só em Portugal é que o Povo está tão agarrado às fantasias médicas.
O curioso é que a Ministra da poupança e da austeridade sabe tanto de realidade fantasiada, mas neste caso das fantasias médicas, nem toca. Nem tudo que luz é ouro!
Com amizade e sempre atento pela Enfermeira,
José Azevedo
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