Falta de enfermeiros pode ser mais evidente a partir de Maio
Foto: Lusa
Vice-presidente da Ordem diz que os concursos agendados para novas contratações servem para regularizar situações já existentes. Segundo as aposentações previstas vão sair 250 enfermeiros.
09-04-2014 9:49
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Os enfermeiros que vão entrar para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) através dos concursos previstos podem não cobrir as necessidades, admite à Renascença o vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros, Bruno Noronha.
“Estão a decorrer dois concursos – um na ARS Norte, outro na ARS Lisboa Vale do Tejo – para a contratação de cerca de 400 enfermeiros. Mas estes concursos visam, sobretudo, regularizar situações de trabalho que podemos considerar precárias”, explica.
“Os enfermeiros estavam a contrato a termo certo – três ou seis meses – e, abrindo este concurso, podem ver a sua situação regularizada e fazer parte do quadro da administração pública”, acrescenta.
De acordo com as listas de aposentações consultadas pela Renascença, 250 enfermeiros deixam o SNS de Janeiro a Maio. O mais provável é que as novas contratações não venham suprir as falhas e a partir de Maio a falta de enfermeiros seja ainda mais evidente nos hospitais.
Quanto a médicos, as aposentações apontam para 215 no mesmo período. Na segunda-feira, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, anunciou que o Governo pretende contratar 200 médicos para as especialidades de medicina geral e familiar, de modo a compensar, parcialmente, as saídas.
O Ministério da Saúde lidera a lista da Caixa Geral de Aposentações, que vai ter de pagar, a partir de Maio, mais 330 reformas, 23 delas acima de quatro mil euros.
A Renascença está a tentar obter mais esclarecimentos da parte da tutela.
[Notícia actualizada às 13h00]
“Estão a decorrer dois concursos – um na ARS Norte, outro na ARS Lisboa Vale do Tejo – para a contratação de cerca de 400 enfermeiros. Mas estes concursos visam, sobretudo, regularizar situações de trabalho que podemos considerar precárias”, explica.
“Os enfermeiros estavam a contrato a termo certo – três ou seis meses – e, abrindo este concurso, podem ver a sua situação regularizada e fazer parte do quadro da administração pública”, acrescenta.
De acordo com as listas de aposentações consultadas pela Renascença, 250 enfermeiros deixam o SNS de Janeiro a Maio. O mais provável é que as novas contratações não venham suprir as falhas e a partir de Maio a falta de enfermeiros seja ainda mais evidente nos hospitais.
Quanto a médicos, as aposentações apontam para 215 no mesmo período. Na segunda-feira, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, anunciou que o Governo pretende contratar 200 médicos para as especialidades de medicina geral e familiar, de modo a compensar, parcialmente, as saídas.
O Ministério da Saúde lidera a lista da Caixa Geral de Aposentações, que vai ter de pagar, a partir de Maio, mais 330 reformas, 23 delas acima de quatro mil euros.
A Renascença está a tentar obter mais esclarecimentos da parte da tutela.
[Notícia actualizada às 13h00]
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Hospital Pedro Hispano - médicos da Cirurgia não acatam arbitrariedades
387 leitores
Os médicos do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Pedro Hispano, no dia 1 de Abril de 2014, viram-se confrontados por e-mail enviado pelo Diretor de Serviço Professor Taveira Gomes com uma pretensa reorganização de horários e de Serviço, elaborada por uma empresa de nome Adjust Consulting.
Tal empresa, por certo paga principescamente mesmo em tempo de austeridade e fazendo o que responsáveis da ULSM deveriam saber e querer fazer, esquece desde logo que não está a lidar com “colaboradores” mas sim com elementos de uma Carreira Especial, a Carreira Médica, balizados por legislação laboral geral e específica, no caso concreto por Acordos Coletivos de Trabalho. São ignorados os limites imperativos diários e semanais do trabalho médico, são ignorados tempos de descanso, são ignoradas Directivas Europeias, são ignoradas as normas basilares e trabalho em equipa.
Estas alterações terão uma repercussão grave na qualidade dos cuidados de saúde. Destroem a coesão do Serviço. Destroem a essência do trabalho médico. A formação técnica e científica de todos os médicos, principalmente dos Internos em Formação Especifica fica altamente comprometida. Os programas de formação dos Internos dificilmente serão executados e consequentemente a idoneidade do Serviço será questionada.
Pelo que a metodologia e o conteúdo destes documentos foram rejeitados em bloco pela generalidade dos Médicos do Serviço de Cirurgia, que apelam no entanto a um diálogo efetivo e honesto dos interessados, se necessário com o enquadramento das associações sindicais médicas.
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01:33 (há 0 minutos)
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José Azevedo
via iPhone
12 Dez 2013, 22:40
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Hospital de S. João – o meu hospital | |
Entrei com pulseira vermelha quando cheguei com o coração aos saltos. E uma sinfonia de elevado profissionalismo evitou que abandonasse precocemente as alegrias e vicissitudes da vida.
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Pode parecer estranho este sentimento de posse sobre um instituto público como um hospital mas, como se poderá verificar de seguida, este sentimento de posse não é assim tão desproporcionado.
É óbvio que os sentimentos que emergem da relação com uma instituição passam pelas interdependências que se estabelecem com as pessoas que a constituem. As instituições consubstanciam-se em pessoas a trabalhar em rede, com as suas grandezas e misérias, e não em organigramas abstratos.
Tenho uma relação muito especial com o HSJ desde os seus primórdios. Ainda recordo o meu espanto infantil perante a enormidade dos caldeirões da cozinha, aquando duma visita guiada oferecida pela administração da altura, a todos os enfermeiros do norte do país, dias antes da sua inauguração oficial. O meu pai foi enfermeiro. Mais tarde, com o filme Shining, de Stanley Kubrick, recuperei memórias do medo que os imensos corredores vazios do HSJ me provocaram na altura.
Mas passemos ao que interessa.
O grau de evolução de uma sociedade pode ser aferido pela análise da forma como se preocupa com os mais jovens e os mais idosos. Respeito pelo futuro simultaneamente ao respeito pelo passado faz cada cidadão sentir-se parte de um todo integrado e evita a formação de aleijões humanos que relegam o indivíduo para uma marginalidade social, muitas vezes evidente, outras sub-reptícia. Isso acontece, ainda hoje, nos mais jovens por ditadura do berço e nos idosos pela menorização dos seus contributos como elos na cadeia evolutiva que caracteriza cada sociedade. Quando os velhos são analisados pelas equações que deificam o PIB é melhor descartá-los o mais rapidamente possível.
Mas, um dos sinais mais relevantes de humanismo de uma sociedade, é dado pela forma como esta considera e resolve os problemas da doença, da dor, da senescência. Os cuidados de saúde dão a exata dimensão ética de uma sociedade.
O desiderato de uma sociedade em combater eficazmente a doença e pugnar pela erradicação do sofrimento passa pelo bom funcionamento dos hospitais públicos.
O HSJ, por aquilo que me foi dado observar ao longo dos anos, tem sido, em geral, um exemplo de dignidade ética, preocupação humanista e empenho profissional. Nestes conturbados tempos, em que na lusa casa falta pão e todos têm razão para se queixar, não podemos desistir de nós. O HSJ não desiste e tem melhorado, mesmo nestes tempos minguados de meios.
É lógico que, como em qualquer outro instituto público, vingarão no HSJ focos de incompetência, demissão e dolo do interesse público. Mas pelo que me é dado observar, de há uns anos a esta parte, existe uma tensão corretiva que tenta erradicar esses focos e fazer entrar o HSJ numa senda de elevado serviço público.
Não vou falar do HSJ como centro de investigação científica que me permitiu realizar alguns dos trabalhos mais conseguidos da minha carreira académica. Fisiologia, saúde óssea, imunologia e hematologia, aprofundadas na perspetiva do desporto, foram campos que abordei como investigador e que me estariam vedados se não fosse a determinante colaboração do HSJ e da sua Faculdade de Medicina.
Não vou falar do HSJ, dos meus colegas e amigos, que todos os anos colaboram, de forma totalmente graciosa, com a minha faculdade na lecionação de várias matérias nos mestrados e doutoramentos, enriquecendo-nos os curricula.
Não vou falar do apoio inestimável que o HSJ deu a alguns dos atletas mais proeminentes do desporto português, e.g., Vanessa Fernandes (medalha de prata nos Jogos Olímpicos em Triatlo), Emanuel Silva (campeão do mundo e medalha de prata olímpica na canoagem de velocidade), José Ramalho (campeão europeu e vice-campeão do mundo de canoagem maratona) entre outros, permitindo-lhes controlar o treino e a saúde.
Não vou falar do apoio inestimável que o HSJ deu a alguns dos atletas mais proeminentes do desporto português, e.g., Vanessa Fernandes (medalha de prata nos Jogos Olímpicos em Triatlo), Emanuel Silva (campeão do mundo e medalha de prata olímpica na canoagem de velocidade), José Ramalho (campeão europeu e vice-campeão do mundo de canoagem maratona) entre outros, permitindo-lhes controlar o treino e a saúde.
Vou falar do HSJ como casa que alberga as minhas mazelas e da forma como sempre fui tratado. Eu, e os outros. Há sem dúvida uma cultura humanística neste hospital que urge preservar contra tudo e contra todos.
Sou um cliente habitué do HSJ. O rol das minhas patologias faz as delícias dos amantes das palavras caras: taquicardia paroxística resistente à cardioversão química, rotura completa da inserção proximal do colateral interno com infiltração hemorrágica, glaucoma por hipertensão intraocular, entorse de grau 3 com lesão ligamentar total, fratura acrómio-clavicular com arrancamento ligamentar, estenose uretral com hipertrofia benigna da próstata, etc.
Só eu já dei trabalho a quase todas as especialidades da medicina. Convivi nos corredores, salas de espera e enfermarias, em simbiose de dor e sofrimento, com outros azarados como eu sentindo na alma e corpo o fluxo operacional deste hospital.
Por isso, quero dizer obrigado ao Hospital de S. João, englobando neste agradecimento o mais simples funcionário auxiliar e o médico mais brilhante que me operou. Entrei de urgência muitas vezes no HSJ. Ninguém sabia quem era o pouco que sou, por isso a forma como fui tratado releva da forma como todos são tratados.
O que vi?
Acima de tudo justiça e profissionalismo. Entrei com pulseira amarela quando cheguei com o pé inchado por entorse. Entrei com pulseira vermelha quando cheguei com o coração aos saltos. Aí, meus amigos, todos dão tudo por tudo. Uma sinfonia de elevado profissionalismo para evitar que aquele ser humano que lhes chegou às mãos abandone precocemente as alegrias e vicissitudes da vida.
Vi médicos, enfermeiros e auxiliares serem maltratados por energúmenos que pensam que o mundo deve ser regido pelos imperativos da sua má formação. Nunca vi uma reação mal-educada ou intempestiva que seria perfeitamente normal em quem convive diariamente com o pior que o ser humano desenvolve.
Por isso, nestes momentos de esquizoidia social em que parece que andamos de costas viradas para os outros, quero expressar a mais sentida gratidão a todos os profissionais que diariamente fazem do HSJ uma instituição social de elevada qualidade.
José Augusto Rodrigues dos Santos escreve segundo o novo acordo ortográfico.
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