Quando os Enfermeiros começaram a sentir as dores do crescimento, na sua bondade e ingenuidade, não havia malícia suficiente para saberem defender-se dos predadores.
A Ordem, que devia servir, para os autonomizar, definitivamente, fez o contrário, por culpa dos próprios Enfermeiros, que por lá, têm andado.
O desastre começa a dar-se com a unicidade Sindicato/Ordem, sem se saber, onde começava um e acabava outro, como se fosse um só sindicato. Foi assim, de 1998 a 2011.
Os abutres, que se alimentam do suor enfermeiro, iam dizendo: se houvesse um só sindicato (o deles, claro), havia mais força, nos Enfermeiros, para conseguirem impor-se, às forças contrárias. Mas iam fazendo o contrário e pactuando com elas!
O resultado está bem visível, para contrariar as tendências da unicidade sindical.
Depois, veio a destruição da carreira, com que o mesmo grupo, nunca esteve de acordo. Lembramos aos enganados que; a Enf.ª Maria Augusta de Sousa, 15 anos à frente da Ordem, promoveu uma greve contra a publicação da carreira do DL 437/91 de 8 de Novembro.
A destruição dessa carreira, arrastou consigo:
1 - Os concursos, eternamente contestados, a norte do Mondego, para destruir as chefias, que não dominavam;
2 - A criação dos CIT, para transformarem os Enfermeiros, em mão-de-obra barata e descartável, como material de consumo corrente, aos quais acenam com promessas vãs e fictícias;
3 - O afastamento progressivo das chefias de Enfermagem da administração dos serviços de prestação de assistência sanitária: Centros de Saúde e Hospitais;
4 - A implantação de falsos conciliadores enfermeiros, colaborantes e subservientes, para com a Classe Médica, por escolha desta, de entre os que dão a garantia de não a contrariarem;
5 - A preparação para retirarem o estatuto de corpo e carreira especiais, aos Enfermeiros, por ordem tácita da Frente Comum da Função Pública, comandada pela Avoila, DDT, (que manda em todos). A Enfermagem faz falta a esse grupo, como bandeira dos 30 e tantos sindicatos, alguns dos quais com poucos ou nenhuns associados, para além dos corpos gerentes.
6 - E muitas outras coisas, que não vamos abordar, aqui e agora, porque ficam para quando tratarmos o tema das sociedades sem classes (só as deles), explicando aos jovens Enfermeiros, por que foi criado um MDP/CDE ou, mais realisticamente; - MDP/PCÉ. Para este último disfarce, iam os intelectuais e profissionais liberais; os golas brancas. No PCP assumido, ficou a sociedade sem classes; os golas azuis. Ora, os Enfermeiros foram invadidos por uma horda de glutões, comandados pelos golas azuis, por sua vez, comandados por um gola branca, aceite pelos golas azuis, na área da saúde.
Mas havemos de desenvolver mais este tema, quando tratarmos, especificamente, da libertação da Enfermagem e dos Enfermeiros, como já prometemos aos prisioneiros da estratégias da desclassificação dos Enfermeiros, também eles vítimas ingénuas.
Iremos falar de, quando os extremos se tocam, para fins próprios de cada ponta. Terão nomes e organizações e provas.
O resultado é andarem a falar de coisas, que não sabem nem querem saber, porque os seus interesses são só seus e não da comunidade.
Nos CS inventaram a maneira de dividir os profissionais, entre si, para reinarem, só eles. Veja-se a aberração das USF modelo B e os 4370€ de incentivos fixos, para cada Médico da corda. E, de passagem, vejam o que acontece com as USF modelo A e com as UCC. São brindadas com zero incentivos. Ah, Correia de Campos, Correia de Campos!
Se passarem, agora, para os Hospitais, vão encontrar o Enfermeiro Principal, que começa 106€ acima do Supervisor subsistente, no seu último escalão. Seriam estes, se as coisas não mudarem, que iam escravizar os Enfermeiros, por conta da estratégia maldita e indignificante do Enfermeiro!
E o desânimo e desinteresse e desmotivação, instalam-se nos Enfermeiros e a prestação dos cuidados lentifica-se e descaracteriza-se.
Finalmente, iremos ensinar aos que tiverem a coragem de nos ler, que a salvação do SNS e a sua sustentabilidade estão na possibilidade de os Enfermeiros assumirem a CONTINUIDADE DOS CUIDADOS, da comunidade para os Centros de Saúde e Hospitais e, daqui, para a comunidade, seu habitat próprio e natural.
Os Doentes crónicos não ficam, nos hospitais, apenas a ocupar camas, que são mais caras do que num hotel de 5 estrelas (o dobro, pelo menos); ficam a dar sossego aos que não têm tempo a perder com coisas hospitalares e muito agudos. E se as camas estiverem ocupadas com crónicos... podem rumar à privada; certo, correto?
(continua)
Com muita amizade e alguma preocupação,
José Azevedo
ROSA DA PROXIMIDADE - A SALVAÇÃO DO SNS
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