domingo, 19 de abril de 2015

DESCANSOS QUE CANSAM OS MÉDICOS


{Há males que vêm por bem; mas também há bens que vêm por mal; dormir fora de casa, também cansa}.


Ordem dos Médicos/Norte exorta directores clínicos a fazerem cumprir descansos




[Que dor de tola!



Dormi mal como o caraças!]



Erro Medico
O Conselho Regional do Norte (CRN) da Ordem dos Médicos exortou ontem os directores clínicos dos hospitais da região a cumprir a lei dos descansos compensatórios dos médicos e anunciou que vai comunicar situações de incumprimento ao Conselho Disciplinar.
“O CRN exorta todos os directores clínicos dos hospitais do Norte do país para que defendam e façam cumprir o respeito pelas boas práticas médicas, honrando a legislação em vigor relativa aos descansos compensatórios”, refere, em comunicado, o Conselho Regional do Norte da ordem.
O documento surge um dia depois de o Sindicato dos Médicos do Norte ter acusado o Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto de ilegalidades ao impedir os médicos de gozarem o descanso compensatório obrigatório após o trabalho nocturno, pondo “em risco a segurança dos doentes”.
“Esta situação inaceitável vai, desde já, ser comunicada aos responsáveis da ARS Norte, IP, aos directores clínicos de todos os hospitais do Norte e, como medida de prudência, ao Conselho Disciplinar do Norte da Ordem dos Médicos”, anuncia o CRN.
O conselho regional da ordem lembra que apesar de um recente esclarecimento realizado pela Administração Central dos Serviços (Sistema, não é?) de Saúde (ACSS) sobre esta matéria “alguns hospitais insistem em continuar a desrespeitar a legislação, os médicos e, naturalmente, os doentes”.
Acusa ainda alguns conselhos de administração hospitalares de preferirem “continuar a exibir os seus bons indicadores de gestão com base nos números apresentados, menosprezando a qualidade e a dignidade das pessoas e atropelando a legislação em vigor na carreira médica”.
No caso do IPO, diz o CRN que aquele instituto “procura impedir, de forma abusiva e ilegal, os seus médicos de gozarem o descanso compensatório após uma jornada de trabalho que inclua 12 horas em período nocturno”.
“Não podemos deixar de condenar publicamente a atitude das direcções hospitalares que não estão neste momento a cumprir a Lei e saudar as posições já assumidas pelos Sindicatos Médicos”, critica.
Para o CRN “tal atitude coloca em sério risco a saúde dos doentes e dos médicos, prejudica a qualidade dos cuidados de saúde e aumenta de forma significativa a possibilidade de erro médico”.
Em comunicado enviado quarta-feira às redacções, o Sindicato dos Médicos do Norte (SMN) diz que em causa está o Boletim Informativo do Conselho de Administração do IPO do Porto, segundo o qual “os médicos estão impedidos de gozar de descanso após uma jornada de trabalho que inclua 12 horas em período nocturno”.
[NB: E é bem feito...
Pergunto uma coisa: os médicos que sobem ou descem consoante a localização dos dormitórios, para os seus aposentos às 22 horas e desligam os telefones para não os incomodarem, descendo ou subindo às 10 da manhã, têm direito ao tal descanso compensatório de outro descanso?
Para que a coisa não seja tão escandalosa:
1 - acabem com os dormitórios e usem as camas para os doentes, como fez a nossa colega no serviço de urgência de Leiria e até marcou falta aos Médicos que viram os seus quartos invadidos e foram dormir ao hotel, apresentando a conta no dia seguinte, para o hospital pagar, que veio a servir de prova para justificar o abandono do serviço. Enfermeira Miroto é o seu nome; Vogal do Conselho de Administração, como Diretora Enfermeira, era o seu cargo. Reivindicou camas para os Enfermeiros dormirem, pois ou há moral, ou não há... Vai daí o Presidente irritado, mandou escrever na acta da reunião: "Não há camas para ninguém": Embora este ninguém fosse sinónimo de Enfermeiro, a nossa colega levou à letra a coisa e colocou nas camas, onde os trabalhadores médicos era habitual dormirem, os doentes que estavam, em macas no corredor (esta história das macas nas urgências à espera que os médicos acordem, já vem de muito longe). Foram dormir ao hotel, trouxeram a factura e levaram, para Coimbra, de onde vinham, falta injustificada. Eram tempos de pureza esses!
2 - Façam turnos para os médicos iguais aos dos outros nocturnos, mas para estarem acordados no serviço e de 8 horas. Porquê 12 horas? 
É para impressionar com a segurança dos doentes? 
Mas não foi sempre este o argumento de terem de trabalhar com segurança, no dia seguinte, que servia para fundamentar a existência/exigência de camas?
3 - Se já mudarem o método de nas 24 horas da urgência, fazerem também as 2 consultas, e a cirurgia da semana, para ficarem com o resto da semana livre, então por que não formam equipa com os outros trabalhadores, mormente Enfermeiros?
4 - A quem interessam turnos de 12 ou de 24 horas?
4.1 - Aos doentes, dependentes destas conveniências?
4.2 - Aos hospitais, que ocupam dezenas de camas para médicos trabalharem deitados?
Vá lá, moralizem esta coisa. Se estiverem de vela uma noite têm, como os outros trabalhadores a irem descansar, mas só nestas circunstâncias. Se cumpriram as 12 horas deitados; compensação de quê?
São algumas notas da minha muita experiência nesta matéria. Até consta do meu currículo uma punição em Águeda, dada por um juiz que recorria aos dorminhocos para lhe darem pareceres para os julgamentos. O advogado até era o Dr. Marinho de Pinto ou de Pinho, que foi Bastonário da Classe.
Ficou provado que quem fazia as urgências eram os Enfermeiros (grandes Enfermeiros). O que não podiam fazer encaminhavam para Coimbra. De manhã, o dorminhoco, depois de feitas as abluções matinais e pequenalmoçado, obviamente, assinava o expediente da noitada.
Só tiveram que repor as verbas que receberam indevidamente; uns milhares muito largos. Funcionou como o meu prémio de consolação. Já que a justiça do tribunal não funcionou, funcionou a da Inspecção Geral da saúde.
Se vissem e ouvissem o Davide Madanelo (enfermeiro) a jurar dizer toda a verdade e, depois, afirmar ao que fazia de juíz, que não me conhecia. Claro que sendo Delegado Sindical do SE era testemunha dos ofendidos Médicos com o comunicado sindical a dizer que dormiam, em vez de velarem.
É que um dos argumentos usados foi a imperatividade de haver dormitórios médicos nas urgências.
Um nojo; uma vergonha!]
Com amizade,
José Azevedo

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