01 Jul, 2016, 12:15
António Esteves
É um dos aspectos mais nefastos e perigosos de uma organização, o exercício do "pequeno poder" ou "poderzinho", muito em voga nos dias de hoje em Portugal e que nos alimenta as conversas diárias nos momentos de convívio mais distendido. Prometi a muitos dos meus interlocutores nestas conversas que um dia destes me dedicava ao tema nestas minhas crónicas. Cá vai.
Falamos da figura menor, pouco carismática e sem poder concreto que se faz valer de uma posição de favor ou favorável junto a quem manda de facto para poder "mandar". Notem que não usei a palavra comandar. Nem dirigir. Muito menos liderar. O objectivo é mesmo mandar, a ordem pela ordem, o poder "pequenino" sem sentido, criando a ilusão para si próprio de que tem capacidades e competências para dar ordens, e tentando criar a ilusão para os outros de que tem poder de facto.
São pessoas nefastas para as empresas e organizações, porque decidem sempre num sentido que não pretende melhorar a própria empresa ou organização mas apenas servir os seus próprios propósitos ou os propósitos das pessoas a quem pretendem agradar.
São pessoas nefastas para as empresas e organizações porque do alto da sua incapacidade, da falta de preparação e de competência mandam em pessoas capazes, preparadas e competentes, com todos os efeitos negativos que este tipo de situação comporta.
São pessoas nefastas para as empresas e organizações porque colidem com o verdadeiro poder, legítimo e legitimado e não raras vezes transformam-se numa barreira à produtividade e eficácia da própria organização criando entropias difíceis de ultrapassar que se vão acumulando e reforçando no médio prazo e que acabam por ter efeitos muitas vezes desastrosos.
São finalmente pessoas nefastas para as organizações e empresas porque pensam pequeno e sem horizontes, tentando manter o seu pequeno poder, e para isso estão dispostas a tudo. Não têm ética profissional nem princípios e valores.
O problema do país, de algumas empresas e organizações é um problema estrutural, de correcta definição de competências e simplificação de processos. Somos o país refém do pequeno poder e da entropia provocada por funcionários menores que podem decidir a vida das pessoas com uma simples assinatura que recusam ou com uma decisão que não tomam só porque sim.
Admiro-me com os que se admiram por sermos um país onde reina a corrupção e o tráfico de influências. Mas num Estado onde a burocracia fala mais alto e os pequenos poderes vão tomando decisões diárias sem que a organização e o seu funcionamento sejam as principais prioridades, não admira que exista quem se disponha a pagar para resolver as dificuldades do dia a dia ou a fazer tudo para agradar para disso tirar partido ou vantagem.
Somos um país que tem, estruturalmente, graves problemas de organização, sentido de hierarquia, de definição de competências ou de recompensa do mérito e da qualidade.
Já o escrevi aqui, somos um país adiado que em muitos casos faz tudo para que não avancem mudanças estruturais e reformas profundas. Porque há um imenso mar de pequenos poderes que se agitam e agigantam quando são colocados em causa, e porque entendemos sempre que vamos lá com pequenas recompensas. Mas os problemas de saúde graves não se resolvem com aspirinas.
Na verdade, como diz o povo, não há mal que sempre dure nem bem que perdure. A grave crise que enfrentamos, não apenas económica e política, mas social, de valores e ética, de qualidade e de competência, não pode durar sempre mas dura há tempo demais. Há um tempo para tudo, e o tempo é de renovação. Nacional e internacional. Mesmo que nem sempre os caminhos escolhidos possam ser os melhores e os mais indicados.
São pessoas nefastas para as empresas e organizações, porque decidem sempre num sentido que não pretende melhorar a própria empresa ou organização mas apenas servir os seus próprios propósitos ou os propósitos das pessoas a quem pretendem agradar.
São pessoas nefastas para as empresas e organizações porque do alto da sua incapacidade, da falta de preparação e de competência mandam em pessoas capazes, preparadas e competentes, com todos os efeitos negativos que este tipo de situação comporta.
São pessoas nefastas para as empresas e organizações porque colidem com o verdadeiro poder, legítimo e legitimado e não raras vezes transformam-se numa barreira à produtividade e eficácia da própria organização criando entropias difíceis de ultrapassar que se vão acumulando e reforçando no médio prazo e que acabam por ter efeitos muitas vezes desastrosos.
São finalmente pessoas nefastas para as organizações e empresas porque pensam pequeno e sem horizontes, tentando manter o seu pequeno poder, e para isso estão dispostas a tudo. Não têm ética profissional nem princípios e valores.
O problema do país, de algumas empresas e organizações é um problema estrutural, de correcta definição de competências e simplificação de processos. Somos o país refém do pequeno poder e da entropia provocada por funcionários menores que podem decidir a vida das pessoas com uma simples assinatura que recusam ou com uma decisão que não tomam só porque sim.
Admiro-me com os que se admiram por sermos um país onde reina a corrupção e o tráfico de influências. Mas num Estado onde a burocracia fala mais alto e os pequenos poderes vão tomando decisões diárias sem que a organização e o seu funcionamento sejam as principais prioridades, não admira que exista quem se disponha a pagar para resolver as dificuldades do dia a dia ou a fazer tudo para agradar para disso tirar partido ou vantagem.
Somos um país que tem, estruturalmente, graves problemas de organização, sentido de hierarquia, de definição de competências ou de recompensa do mérito e da qualidade.
Já o escrevi aqui, somos um país adiado que em muitos casos faz tudo para que não avancem mudanças estruturais e reformas profundas. Porque há um imenso mar de pequenos poderes que se agitam e agigantam quando são colocados em causa, e porque entendemos sempre que vamos lá com pequenas recompensas. Mas os problemas de saúde graves não se resolvem com aspirinas.
Na verdade, como diz o povo, não há mal que sempre dure nem bem que perdure. A grave crise que enfrentamos, não apenas económica e política, mas social, de valores e ética, de qualidade e de competência, não pode durar sempre mas dura há tempo demais. Há um tempo para tudo, e o tempo é de renovação. Nacional e internacional. Mesmo que nem sempre os caminhos escolhidos possam ser os melhores e os mais indicados.
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- Os Lusíadas, Canto IV, 94-97[5]
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