Ébola – outra vez?! | |||
Há cerca de dois anos terminou o maior pesadelo alguma vez vivido de uma epidemia do vírus do Ébola. Identificado pela primeira vez em 1977 perto do rio Ébola, no então Zaire, agora República Democrática do Congo, este vírus ia aparecendo de vez em quando entre os seres humanos, matando muitos daqueles que infectava. Nesse primeiro surto de 1977, das 318 pessoas infectadas, morreram 280. Mas até 2014 nunca tínhamos visto uma epidemia de Ébola como aquela que então começava a tomar grandes proporções e que, pela primeira vez, assustou a sério o mundo.
Morreram 11.300 pessoas, nessa epidemia de 2014-2016. O vírus moveu-se sobretudo na encruzilhada de três países: Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa, onde, até aí, nunca tinha infectado pessoas. Perante um vírus que desconhecia no seu território, a Guiné-Conacri, país onde tudo começou e onde o sistema de saúde é, no mínimo, frágil, demorou alguns meses a notificar a Organização Mundial da Saúde, o que não ajudou nada no combate à infecção.
Mas o vírus também foi levado para fora das fronteiras africanas e houve, por exemplo, contaminações em Espanha e nos Estados Unidos por quem lá chegou ou foi levado já infectado de um dos países africanos. Ter nos países desenvolvidos, e não apenas lá longe, um vírus tão letal como este, em que os doentes se esvaem em sangue, meteu muito medo a muita gente. E a investigação científica foi finalmente acelerada, para que existisse uma vacina.
Até a essa altura havia alguma investigação, mas nunca se tinha apostado a sério em desenvolver uma vacina. Isto mudou, e agora já há uma vacina experimental que se revelou eficaz em pequenos ensaios clínicos, durante o grande surto de 2014-2016.
Mas o vírus voltou a infectar pessoas, desta vez na República Democrática do Congo, onde é a nona vez que isto acontece. O vírus é endémico nestas zonas de África, disseminado a grandes distâncias por morcegos. Infecta animais, como os chimpanzés, antílopes e porcos-espinhos, entre outros, e pensa-se que é transmitido às pessoas através da carne contaminada de amimais que caçam na floresta. Por isso, estes surtos, sobretudo porque estamos cada vez mais a invadir os ecossistemas, vão sempre aparecendo. A questão é se ficam contidos.
Ainda que a República Democrática do Congo já tenha lidado várias vezes com esta infecção, não deixa de ser preocupante, até porque agora o vírus já saiu de zonas mais remotas e há um caso identificado numa cidade congolesa. Esta má notícia é desta quinta-feira. Por esta razão, a Organização Mundial da saúde, muito criticada pela sua lentidão na resposta à epidemia de 2014-2016, marcou uma reunião de peritos para esta sexta-feira, para se decidir se este surto é declarado como “emergência de saúde pública de âmbito internacional”. E enviou rapidamente o primeiro lote de vacinas experimentais, que já chegaram ao país.
Vamos então ver como se desenrola esta situação e que notícias, neste aspecto, nos chegam de África.
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