sexta-feira, 28 de dezembro de 2018
DITADURA OU GREVE DE ZELO DOS ANESTESISTAS
Fala-se muito da greve cirúrgica, que Sindicatos Enfermeiros decretaram, mas não se fala da ditadura ou greve de zelo permanente dos anestesistas.
É um problema que tentei ajudar a resolver, quando fui enf.º diretor do Hospital de São João.
Decorria o ano de 2002.
Havia um diretor do Serviço da Cirurgia Plástica, Prof Amarante, que queria lutar contra as listas de espera e precisava de aumentar o movimento cirúrgico do seu Serviço. As faltas de anestesistas tolhiam a sua vontade e a minha.
Também era o diretor da Faculdade de Medicina do Porto. Especializou-se em França, onde os Enfermeiros é que anestesiavam, supervisados por um anestesista para 8 ou 10 salas operatórias.
Tentou, com a minha total concordância e apoio, aplicar o método francês, no bloco central do Hospital de São João.
Neste método, o que estava em causa era os Enfermeiros reconhecerem o seu potencial e competência do que fazem por rotina constante sendo os primeiros a reconhecerem essa realidade de ontem e de hoje.
Lembrei ao grupo enfermeiro de anestesia, que é prática nos hospitais franceses;
Informei o mesmo grupo que foi esse método o que os Estados Unidos da América adotaram para resolver o mesmo problema com que se debatem os hospitais portugueses; a carência constante de anestesistas médicos. De Estado em Estado, o método de serem os Enfermeiros a anestesiar, generalizou-se. É só ir ver, no local, que indiquei.
Talvez por isso ou também por isso não há listas de espera nesses países.
A greve dos Enfermeiros perturba duma vez só; mas a ditadura/greve dos anestesistas ninguém repara nela!
Distraídos...
Foi preciso fazer o número dos 500€ na Maternidade do Costa, para vir ao de cima, um fragmento da estratégia dos anestesistas, que se especializam à custa do erário público e, depois, alguns regressam, no dia seguinte, à sua pátria, Espanha ou outra, ou... ou...
O que é preciso é manter o défice nos anestesistas tradicionais, ainda que fictício, porque assenta no mau aproveitamento sectário desses mesmos anestesistas.
O principal problema do SNS é a incapacidade para o organizar, em moldes modernos, sem atender mais do que o razoável, aos corporativismos bacocos, assentes em preconceitos, que classificam de éticos, mas que disso estão vazios.
Um exemplo: por que mantêm os Médicos a dormir nos hospitais, quando é certo e sabido, que as situações mais graves, que justificariam a sua presença, são as que são seguidas e controladas pelos, Enfermeiros, até ao raiar do dia e sol acima do horizonte, porque o dia é a vida dos seres, enquanto a noite é a vida das coisas.
O que se reprova não é o repouso médico, que é humanamente merecido e aceite. Nós também dormimos mas mais baratinho e sobretudo em nossas casas!
O que se reprova é haver tantos administradores, que enxameiam os hospitais e não haver um único a fazer estatísticas de que tanto gostam, daquilo que se passa, realmente, nas urgências hospitalares, durante a noite.
De que terão medo; dos dormentes ou da verdade?
É só uma nota.
É evidente que a Ordem dos Enfermeiros tem, aqui, um papel importante, garantindo as capacidades dos Enfermeiros que podem ser muito mais reconhecidas, porque as praticam diariamente, como também, parece ser um dos objetivos da Ministra da Saúde. Só é preciso terem coragem e não se deixarem enredar em hábitos preconceituosos e oportunistas.
Nós ajudamos a cobrir o avanço pois precisamos de dinheiro para duplicar o vencimento dos Enfermeiros, num prazo razoável e não podemos sobrecarregar o OE; basta-nos aparar as gorduras e corrigir os maus hábitos, que medram à custa das pessoas, que sofrem.
Mãos à obra, porque há mais e não é pior.
José Azevedo
NB: MINISTRA FALOU VERDADE E ESPANTOU PARDAIS<CLICAR>
MAS DIZEM QUE FOI "BOCA" <CLICAR>
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