quinta-feira, 8 de agosto de 2019

DESMENTIDO AO MENTIDO




De: Latus [mailto:latusamus@gmail.com]
Enviada: quinta-feira, 8 de Agosto de 2019 08:52
Para: Gabinete Bastonária; sec.cdrsul@ordemenfermeiros.ptgeral@senfermeiros.pt
Assunto: Desmentido ao desmentido da ULSBA

Exma. Senhora Bastonária da Ordem dos Enfermeiros,

Desde já, obrigado pela sua presença no serviço de urgência geral do Hospital José Joaquim (Beja), que muito nos reconfortou e ajudou a lançar a “luta” por condições dignas de trabalho na nossa linda profissão. As notícias veiculadas vieram agitar os alicerces, apesar de a equipa de gestão de enfermagem ainda não ter percebido tal facto.


Quero ainda aclarar a informação transmitida e desmentir o desmentido do Concelho de Administração da ULSBA:

Foi divulgado no dia 05/08/2019 um desmentido do Concelho de Administração da ULSBA sobre várias notícias relativas às duras e penosas condições em que trabalham os enfermeiros/as do serviço de urgência geral (adultos) no Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja.

A notícia inicial fala que há 1 enfermeiro para 20 doentes críticos. Esta frase fala dos doentes internados em S.O. (Serviço de Observação), em que há apenas 1 enfermeiro para todos os doentes lá internados. O número (20) é excessivo e a definição de “doente crítico” também, mas as condições são violentas, uma vez que ocorre com frequência a presença de 16 doentes (críticos e não-críticos) para 1 enfermeiro (no S.O. apenas há 1 enfermeiros em cada turno, estejam lá internados 1 doente ou 16 doentes). E o cenário repete-se várias vezes ao mês. Ou seja, existe falta de meios para o excesso de trabalho/doentes.

No desmentido veiculado na comunicação social,  é referido que houve 11 enfermeiros para 65 admitidos no turno da manhã. É uma inverdade uma vez que 2 enfermeiros estão alocados em exclusivo à urgência pediátrica, sendo que o caos e as duras condições acontecem permanentemente na urgência geral (adultos - 18 anos ou mais). Sobram 9. Duas enfermeiras entraram mais tarde porque estão em horário de amamentação. Mais 2 enfermeiros estão na triagem e no posto de informação, fora da agitação da prestação de cuidados.
Em suma, de manhã e a tempo inteiro, estiveram 7 enfermeiros (ou 5 excluindo triagem e posto de informação).  Bem longe do número de 11 enfermeiros comunicado pelo Concelho de Administração do hospital.

Na notícia, é revelado o número de doentes que deram entrada em cada turno. Aqui, há outra inverdade, porque não é revelado o número de doentes do turno anterior. Ou seja, podem ter entrado 25 doentes, e da tarde do dia anterior (03/08/2019) estarem 40 doentes no turno da tarde  (das 16h às 00h), que permanecem no(s) turno(s) seguinte(s). Ou seja, na verdade estão 65 doentes na noite, o mesmo acontecendo nos turnos seguintes e relatados no desmentido.

Tudo o resto é a mais pura verdade: exaustão da equipa de enfermagem, 16h/dia, 70h de trabalho semanal, dezenas de folgas por gozar por cada um dos enfermeiros, desgaste físico e emocional, burnout, doenças, que levam a baixa médicas, pelo desgaste e penosidade por se trabalhar no serviço de urgência.


Em suma, o comunicado do CA faz apenas uma pequena correcção, não sendo um desmentido.

Outro dado adicionado à notícia, é a contratação de 10 enfermeiros. Pois bem, esse valor nem chega para substituir os profissionais que se irão reformar, que estão de baixa prolongada ou as inúmeras enfermeiras que estão de baixa por gravidez de risco (só no serviço de urgência são 3).


Cumprimentos.

NB: EIS UM EXEMPLO CLARIFICADOR DAS SITUAÇÕES, QUE ALTERAM, POR CONVENIÊNCIA DOS MESMOS DE SEMPRE, A UTILIDADE DA ASSISTÊNCIA EM SERVIÇOS DE URGÊNCIAS.
A PERGUNTA QUE SE PÕE É:
PORQUÊ 20 DOENTES EM OBSERVAÇÕES, QUANDO DEVIAM ESTAR INTERNADOS EM SERVIÇOS DE MEDICINA E OU CIRURGIA?
POR ONDE ANDAM OS MÉDICOS DESSES SERVIÇOS NAS HORAS DE TRABALHO?
DE NOITE JÁ SABEMOS QUE ESTÃO A DORMIR EM DORMITÓRIOS QUE EXIGEM AOS HOSPITAIS, MAS... E DE DIA?
O QUE ESTÁ EM CAUSA NÃO É QUEM MENTE E FALA VERDADE MAS SIM A DESORGANIZAÇÃO CONSENTIDA PELO CA DO HOSPITAL DE BEJA, INCAPAZ DE REGRAR ESTES ABUSOS.
E NÃO É PRECISO DESMENTIR; AINDA QUE ESIVESSEM OS 11 ENFERMEIROS À VOLTA DOS 20 DOENTES, CONTINUAVA A SER UMA SITUAÇÃO REPROVÁVEL, POIS NÃO É AQUELE O LOCAL DE PERMANÊNCIA, PORQUE É DE PASSAGEM.
A MEDICINA DEFENSIVA E USADA EM PROVEITO PRÓPRIO É A GRANDE RESPNSÁVEL DESTAS ANOMALIAS.
ORA COMO QUEM SOFRE AS CONSEQUÊNCIAS DESTAS CONVENIÊNCIAS MÉDICAS VÃO TER DE SER OS ENFERMEIROS A PÔR ESTAS COISAS NA ORDEM, NÃO A QUE DENUNCIA MAS A QUE ORDENA A DESORDEM. E ESSE FENÓMENO VAI TER DE SER COM O SINDICATO.
É SÓ COPIAR, POIS TEMOS MUITOS DESTES EXEMPLOS, MUNDO ALÉM, QUE FORAM CORRIGIDOS POR ENFERMEIROS.

José Azevedo

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