Foram seus autores a APEE (Associação Portuguesa de Enfermeiras e Enfermeiros) e o SEP (Sindicato de Enfermeiros Portugueses, nascido em Julho de 1987, sob proposta da Senhora Bastonária da OE Augusta de Sousa, na data (1987) Presidente da Direcção do Sindicato dos Enfermeiros do Sul e Ilhas Açorianas).
Podíamos fazer um jogo do género: descubra as diferenças; preferimos, contudo dar o prazer aos leitores de lerem, no REPE, página imediatamente abaixo, o nº 3 do artigo 8º [Os Enfermeiros têm uma acção de complementaridade funcional relativamente aos demais de saúde].
Esta enormidade foi criada por ignorância ou má fé?
Não sabemos o que será pior:
Ser ignorante de vistas curtas natural;
Ser ignorante de vistas curtas fingido e reconstruído, para o fim, em vista, de quem vê mais.
página 1
página 2
Repare-se na enormidade que contamina com o mesmo vírus maligno, o nível habilitacional - art.º 3º, nº 2: [...Os Enfermeiros têm uma actuação de complementaridade funcional, relativamente aos demais profissionais de saúde, embora dotada de igual nível de dignidade e autonomia de exercício profissional]...
Quem lhes encomendou esta referência na nossa amostra de carreira do que somos ou deixamos de ser?
Por que uns são como são e outros não podem ser, apesar de permanentemente bajulados com títulos de autonomia e dignidade, como é o caso dos Enfermeiros.
Primeiramente chamam-lhes contrapesos;
seguidamente, e ainda e sempre, como contrapesos conferem-lhes igual nível de dignidade e autonomia (por conta própria, tipo presunção)
página 3
A redacção é igual Á anterior, como se pode verificar, lendo-as.
página 4
Em vez de tirarem a "complementaridade", trocaram a palavra "embora" (conjunção concessiva, subordinativa), por um pomposo "mas", (conjunção adversativa coordenativa).
Gramaticalmente falando as conjunções concessivas iniciam uma oração subordinada, em que se admite um facto contrário à acção principal, mas incapaz de impedir essa acção principal. São elas entre outras: embora. conquanto, mesmo que, etc.
Sendo a acção principal e oração subordinante, "Os enfermeiros têm uma actuação de complementaridade funcional relativamente aos demais profissionais de saúde", a oração subordinada é "EMBORA dotada de igual nível...", que o "embora" não beliscava sequer a actuação da complementaridade, mesmo que o tentasse...
As conjunções adversativas ligam duas orações de igual função, acrescentando-lhes, porém, uma ideia de contraste. São elas: mas, porém, todavia, contudo...
assim: "Os enfermeiros têm uma actuação de complementaridade relativamente aos demais profissionais de saúde", oração principal, "MAS dotada de igual nível"... é a oração coordenada adversativa que melhora a construção da ideia, mas não a suprime, ou seja: os enfermeiros são um bom complemento de todos os outros profissionais de saúde, mas é nessa condição de complemento e só nela, que atingem igual nível de dignidade e autonomia de exercício profissional, todavia sem deixarem de ser complementaridade; sem saírem dela.
Foi desta forma nada inteligente que se criou este paradoxo: ou somo autónomos e não somos complemento;
ou somos complemento e não somos autónomos, porque uma profissão só é profissão se for autónoma.
Além disso, complementaridade não é profissão, porque é suplemento de todas as outras.
Suplemento de vencimento, também não é vencimento.
No fundo, a ingenuidade dos autores confundiu a acção de complementaridade que os Enfermeiros exercem, relativamente aos doentes a quem ajudam, quando e como necessitam e entornaram o conceito genuíno da Enfermagem em cima dos demais profissionais da saúde.
"Oh vós, que de humano tendes o rosto e o peito,
Perdoai-lhes por se porem tanto a jeito!
Já agora: por que mexem e remexem nesta coisa sem irem ao fundo da questão da complementaridade, que é óbvia no trabalho de conjunto?
Ora o óbvio não se discute; é igual para todos os elementos da equipa. A complementaridade é mútua, recíproca!
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