Cuidados primários podiam ter evitado 18% dos internamentos de doentes crónicos [E O RESTO?...]
Estudo diz que melhor coordenação entre hospitais e centros de saúde evitaria que as doenças evoluíssem para formas tão graves.
Apesar de no momento em que chegaram aos hospitais, em 2012, a maior parte dos doentes precisarem de facto de ser internados, com o devido acompanhamento e prevenção em articulação com os cuidados de saúde primários em 18% dos casos as situações crónicas não teriam evoluído para formas tão graves, concluiu um estudo apresentado nesta segunda-feira em Lisboa.
O trabalho, divulgado durante a II Conferência Benchmarking Clínico sobre O Impacto do internamento dos doentes crónicos no Serviço Nacional de Saúde, analisou cerca de nove milhões de episódios clínicos entre 2004 e 2012 e concluiu que, apesar de o número global de internamentos estar a baixar, o número de doentes crónicos que chegam aos hospitais descompensados e pela porta das urgências tem agora mais peso, o que “poderia ser evitado através da intervenção dos cuidados de saúde primários”. Em 2004 a frequência deste tipo de casos era de 1475 por cada 100 mil habitantes, tendo subido em 2012 para 1600. Ao todo terão sido mais de 160 mil casos em 2012.
Realizado pela IASIST e coordenado por Manuel Delgado, director-geral da consultora em Portugal, antigo presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares e professor da Escola Nacional de Saúde Pública, o trabalho sublinha que são sobretudo “casos clínicos de natureza crónica que poderiam, em princípio, ser tratados em cuidados de saúde primários, mas que acabam por ser atendidos em regime de atendimento hospitalar”.
O trabalho olhou em particular para seis doenças crónicas: diabetes, asma, hipertensão arterial, doença cerebrovascular, doença pulmonar obstrutiva crónica e insuficiência cardíaca. “Uma parte substancial justifica o seu internamento no momento em que a procura hospitalar se efectiva, o que ilustra bem a falta de atenção e de acompanhamento desses doentes ao nível dos cuidados primários, facto aliás comprovado pela admissão quase esmagadora pelos serviços de urgência”, diz Manuel Delgado numa nota.
Dentro dos internamentos de doentes crónicos, o estudo percebeu ainda que os chamados “mandatórios”, isto é, “indiscutivelmente justificados” subiram 11% entre 2004 e 2012, “o que revela bem a necessidade de cuidados hospitalares numa situação clínica de grave descompensação do estado de saúde”.
Um estudo de 2012 da PricewaterhouseCoopers indicava já que o custo das doenças crónicas para o Estado poderá representar nos próximos anos 60% a 80% do total do orçamento para a área em saúde – um valor que não tem ainda em conta outros custos indirectos como o absentismo ou as reformas antecipadas. As doenças crónicas justificam mais de 40% das faltas ao trabalho e quase metade dos pedidos de reforma antecipada.
NB - Conclusão:
Se o dinheiro que se gasta em estudos de coisas, cujas causas estão mais que identificadas, eis um valioso contributo para reduzir estes fenómenos, com tendência para o agravamento da situação.
Desta vez ficámos a saber da ocupação e paradeiro de um ex-presidente da Associação de Administradores Hospitalares
[Realizado pela IASIST e coordenado por Manuel Delgado, director-geral da consultora em Portugal, antigo presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares e professor da Escola Nacional de Saúde Pública].
O eixo Telheiras-Escola Nacional de Saúde Pública-Administradores hospitalares - Correia de Campos, está sempre em acção.
O futuro e a distância histórica se encarregarão de julgar a influência deste fulcro da grande questão, que é o desuso dos Enfermeiros, os obreiros mal aproveitados, por estes influentes teóricos, que desviam as atenções das verdadeiras causas destas anomalias, que relatam com uma frieza, que chega a parecer cinismo, mas não é, pois por detrás está o que dá mais lucro/prejuizo.
Ora, a nossa tendência para o fado e a fatalidade leva-nos a escolher, sempre, ou quase, a opção mais doentia do conjunto, para sobre ela podermos carpir mágoas e mais mágoas.
Para esclarecer a coisa com mais pormenor, lá vão buscar ao "catecismo da ciência" clarificadoras expressões como [II conferência Benchmarking clínico e PricewaterhouseCoopers]
que traduzem um grau espetacular de erudição, quase a atingir o bacoco, que é um estado avançado e quase perfeito de certo saber específico. Para desgraça nossa e da saúde, de quem a não tem, estão focados na nossa área, perante o olhar distraído de muitos Enfermeiros representantes de qualquer coisa e de coisa nenhuma.
Os países produtores de petróleo e altamente industrializados, dos quais podemos dar um exemplo, tantas vezes repetido - a Holanda - tem os Enfermeiros a tratar destas coisas, onde parir em casa não é um risco, mas um direito da liberdade da mulher escolher o método de parir, sem reclames à cesariana, com todos os inconvenientes, a uma alternativa que é o bombeiro herói parteiro, tão heroi, que por vezes, ficamos a pensar se foi ele quem pariu ou a mãe do bébé.
Mas, em Portugal estes "benchmarkingistas", de tanto estudarem o óbvio, que está á vista de qualquer observador acientífico e alheio à "Telheiras's School" e respectivo catecismo, dão cabo da nossa cabeça e da paciência de quem ainda conserva alguma.
Em boa verdade, também não se lhes pode exigir que percebam de Enfermagem e das potencialidades dos Enfermeiros, para resolverem problemas, que se vão acumular, indevidamente, nos hospitrais, quando podiam e deviam ser resolvidos, na comunidade, no habitat natural de cada pessoa.
Quem tem de tratar dessas evidências são os próprios Enfermeiros, que têm de impor a sua capacidade, para calar estes chorões, que dão pancada no sistema, que eles próprios ajudam a perverter.
Demonstrem-lhes as diferenças entre cuidados continuados e continuidade de cuidados; entre cuidados paliativos e a presença insultuosa do médico, a dar falsas esperanças a quem se encaminha para a morte e, onde a medicina, já perdeu a capacidade de actuar, com eficácia; entre os crónicos e os agudos, onde naqueles, até o acto rotineiro e administrativo de repetir a receita abastecedora de medicação de manutenção de cronicidade tem de ser feita por um Médico de Família, esse pronome possessivo, topa a tudo, cada vez mais Enfermeiro, ao contrário do que diz o José da Silva, que os Enfermeiros querem ser Médicos; que falta de gosto e de oportunidade, de verem o mundo dos outros, através dos seus olhos, seus seus.
Não finjam mais que não sabem, onde está a solução!
Honrem a memória do fundador da Escola, Prof. Coriolano Ferreira. Leiam o que ele escreveu, sobre os Enfermeiros, no tempo em que a saúde, ainda não era negócio tão lucrativo e a publicidade tão disfarçada, sofisticada!
[Não acabava, quando uma figura/
Se nos mostra no ar, robusta e válida,/
De disforme e grandíssima estatura,/
O rosto carregado, a barba esquálida,/
Os olhos encovados, e a postura/
Medonha e má, e a cor terrena e pálida,/
Cheios de terra e crespos os cabelos,/
A boca negra, os dentes amarelos.
(Gigante do Adamastor, Cabo das Tormentas ou da Boa Esperança)
.................................
E disse: - «Ó gente ousada, mais que quantas/
No mundo cometeram grandes cousas,/
Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,/
E por trabalhos vãos nunca repousas,/
Pois os vedados términos quebrantas/
E navegar meus longos mares ousas,/
Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,/
Nunca arados de estranhos ou próprio lenho;]
(in Lusíadas Canto V, estrofes 39 e 41)
[Não acabava, quando uma figura/
Se nos mostra no ar, robusta e válida,/
De disforme e grandíssima estatura,/
O rosto carregado, a barba esquálida,/
Os olhos encovados, e a postura/
Medonha e má, e a cor terrena e pálida,/
Cheios de terra e crespos os cabelos,/
A boca negra, os dentes amarelos.
(Gigante do Adamastor, Cabo das Tormentas ou da Boa Esperança)
.................................
E disse: - «Ó gente ousada, mais que quantas/
No mundo cometeram grandes cousas,/
Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,/
E por trabalhos vãos nunca repousas,/
Pois os vedados términos quebrantas/
E navegar meus longos mares ousas,/
Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,/
Nunca arados de estranhos ou próprio lenho;]
(in Lusíadas Canto V, estrofes 39 e 41)
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