sábado, 22 de outubro de 2016

A SINDICALIZAÇÃO E OS SINDICALIZANDOS

Hoje, visitei um familiar doente, internado num hospital.
A Colega, que me atendeu, foi modelar, em simpatia, atenções e explicações.
Resolvi arriscar e fazer um teste à sua afeição sindical e perguntei, com um pressentimento a bailar na mente:
A Colega é sindicalizada?
A resposta veio rápida e singela: - não, não sou.
E gostava de ser, insisti?
- Não, já desconto para 2 Ordens, a dos Enfermeiros e a dos Psicólogos.
A conversa clara e radical acabou aqui, mas os meus pensamentos, sucederam-se, preocupado, mais uma vez, com a sensibilidade dos Enfermeiros para as associações tipo Ordem.
Sendo a Ordem uma associação de direito público e de utilidade pública, logo ao serviço da população e não, diretamente ao serviços dos Enfermeiros, ao contrário do que muitos pensam e foram levados a pensar; ainda com a agravante de os Enfermeiros serem maioritariamente trabalhadores dependentes, por isso, devia ser sustentada pelo Estado, pelo que representa e faz e porque é dele, Estado, que depende legalmente, na criação e atuação, pois, apesar disso, recebe duas quotas da mesma Enfermeira-Psicóloga.
Mas o Sindicato, que só trata de assuntos relativos aos direitos e interesses pessoais e exclusivos dos Enfermeiros e cuja capacidade de manobra depende só e somente da quota dos seus associados, única forma de financiamento, é deixada à consciência e consideração dos mais informados.
Moral da história: enquanto os Enfermeiros encararem este tipo de associações profissionais desta forma, os governantes podem estar descansados, com a fragilidade de discernimento dos Enfermeiros, entre direitos e deveres, como se infere, pelo pensar e agir duma Enfermeira altamente qualificada.
Os deveres dão muita honra e glória, mas os direitos são os que ajudam a pagar as contas e despesas pessoais e de família, não obstante, têm um tratamento meramente residual e secundário.
Descansa, Governo, pois enquanto os Enfermeiros não intuírem, com a clareza suficiente, as diferenças entre direitos e deveres, preferindo estes, em detrimento daqueles, basta montar um esquema sipaios caceteiros, que vigiem o cumprimento dos deveres e fazer, de passagem, esquecer os direitos.
Enquanto isso, os nossos dirigentes da Ordem, replicando os feitos dos marinheiros de caravela, agora de avião, vão dando a volta ao mundo, levando a mensagem do nosso orgulho português e a forma como se destrói uma Profissão, que já foi modelar.
Eis um exemplo dos que dizem que não vale a pena ser sindicalizado, porque os sindicatos não fazem nada...
Mas o que são sindicatos, que não fazem nada?
São exatamente o reflexo da ausência dos seus constituintes; os Enfermeiros, neste caso.
E as Ordens... que fazem!?
O mais curioso de tudo isto é:
Quando o direito de associação é facultativo (caso do Sindicato), a quota é obrigatória;
Quando o direito de associação é dever obrigatório (caso da Ordem) o pagamento da quota é facultativo, pois é o Estado, que a devia sustentar as despesas desta, porque é para funções de utilidade pública e não particulares, que a Ordem se destina.
Não obstante, vejam o que acontece, na prática. E isso diz tudo, ou muita coisa, acerca das causas da nossa situação de sermos, agora licenciados, mas tratados como bacharéis.
Com amizade,
José Azevedo

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