segunda-feira, 28 de abril de 2014

O HUMOR....


O humor é como a democracia: faz dores de cabeça




Melhor do que Falecer Todos os dias, depois do Jornal das 8 Compacto ao sábado TVI
Quando Melhor do que Falecer se estreou na TVI, faz hoje duas semanas, todos os olhos estavam assestados no novo apontamento humorístico de Ricardo Araújo Pereira. O problema das expectativas é lixado, e não surpreende, por isso, que as primeiras reacções, ao longo dessa semana, tenham sido de decepção: por ser um simples apontamento de cinco minutos, pelo humorista estar a reciclar sketches que haviam sido apresentados na sua rubrica radiofónica Mixórdia de Temáticas, pela sensação, enfim, de ser uma espécie de “requentado”. Que, conjugado com a longa ausência do Gato Fedorento (excepto em campanhas publicitárias) e com a “confusão” gerada pelo recente (e mal recebido) “coiso” A Solução, não abonava grandemente em favor da emissão.
Entretanto, meteu-se a Páscoa, o campeonato do Benfica, os 40 anos do 25 de Abril, e – como é de rigor nestes tempos de “chapa ganha, chapa gasta” – Melhor do que Falecer passou para segundo plano. Enquanto estava tudo distraído, o programa foi acertando rumos e revelou a sua verdadeira postura: sempre dentro do olhar mais ou menos ácido sobre o Portugal que somos que sempre marcou os melhores momentos de Ricardo Araújo Pereira, mas levando essa acidez e esse nonsense para um subtexto de sátira contundente, muito mais “violenta” do que no Gato Fedorento Esmiuça os Sufrágios, onde a gargalhada ou mesmo o sorriso se interrompe a meio. Exemplares, a esse nível, foram os sketches do Conselho de Ministros em directo com a troika, do telefonema de Nossa Senhora de Fátima a Christine Lagarde, e, sobretudo, essa absoluta obra-prima que é o discurso resignado de Maria do Céu Guerra enquanto descasca cenouras (com aquele primor de síntese que é “a democracia faz-me dores de cabeça”).
Aí, Melhor do que Falecer revela que, mais do que a fazer um simples momento de humor, Ricardo Araújo Pereira está a escalpelizar o “ar dos tempos” em que vivemos, e a fazê-lo como bem lhe dá na real gana (e ainda bem). O sublime genérico animado com a voz infinda de Camané já sugeria que este programa não ia ser bem igual aos outros – foram precisas dez emissões para perceber a fundo que há aqui um tom angustiado, ansioso, escarninho, a vir ao de cima, de uma panela de pressão que explode por um humor com ressalvas. E talvez seja importante explicar que, aqui, não vão ser as audiências (que, ainda assim, têm sido significativas) a “perder” ou “ganhar” Melhor do que Falecer – a emissão televisiva é apenas um dos lados de uma estratégia que tem apostado no potencial “viral” pelas redes sociais, com cada episódio a ser disponibilizado online (http://www.tvi.iol.pt/melhor-do-que-falecer/) para dele se fazer o que bem se quiser. Afinal, não é por acaso que os episódios têm a duração ideal para se descobrirem (e repetirem) na Internet. E foi por esse “de boca em boca” viral que os Gato Fedorento se tornaram no fenómeno que conhecemos.
No meio disto tudo, há duas coisas que não devem ser esquecidas. Primeira: uma exposição diária como esta para um programa de humor é muito difícil de aguentar a curto prazo sem “queimar” – mesmo que estes cinco minutos diários sejam o equivalente a uma emissão semanal, e mesmo que o humorista esteja a fazer apelo a outros actores (com um extraordinário Miguel Guilherme à cabeça), aqui Ricardo Araújo Pereira está sozinho na corda bamba, sem a “rede de segurança” dos Gato Fedorento. Segunda, intimamente ligada à anterior: Melhor do que Falecer apenas vem reforçar uma percepção pública de que os Gato Fedorento são “o Ricardo Araújo Pereira e os outros três de cujos nomes nunca nos lembramos”. Não é verdade, mas depois deste programa mais difícil ainda será contrariar essa percepção, o que irá complicar ainda mais qualquer futuro “coiso” do grupo.
Para já, o saldo de Melhor do que Falecer é o de um programa em crescimento, em movimento, em constante “ajuste”. E com resultados suficientemente positivos para justificar a atenção regular.


ICTIOSE E O MEDICAMENTO

ICTIOSE<<clique

domingo, 27 de abril de 2014

2ª PARTE DA ASSEMBLEIA GERAL DAS OE ORÇAMENTO E CONTAS




Para aqueles que gostariam de estar presentes e não puderem, ou não quiseram, se informa que esta Assembleia das Contas da Ordem, foi um pouco mais calma e racional do que a realizada em 21 de Março na Faculdade de engenharia do Porto.

No entanto, quando se pensa que foi a anterior Direcção da OE da Bastonária Augusta de Sousa a aumentar a cota sem qualquer justificação (aparente), antes pelo contrário, é legítimo perguntar para quê acumular uma verba resultante das cotas de sete milhões de euros?

Entre os defensores desta exorbitância, que se opuseram a baixar um euro, estão dirigentes do SEP.
O objectivo pode muito bem ser o de criar dificuldades aos outros Sindicatos, sem se aperceberem que também eles são atingidos com isso, com esta abastança.

Este aspecto remonta às origens da cota, que foi imposta pelos próprios Enfermeiros, maioritariamente daquela linha política da Augusta de Sousa. Não faltou um, pois estava em causa poderem andar a fazer dinamização política, à custa de todos os Enfermeiros. Hoje já se vê isto, claramente.

É sabido que, sendo a Ordem uma criação da Assembleia da República e a sua regulamentação do Governo, a cota é facultativa e tem de ser definida pelos Membros nela filiados, isto é; não é obrigatória, a não ser que os seus Membros queiram pagar cotas.

Começa a ficar mais claro que o objectivo nosso era a quota da Ordem ser simbólica, pois destinava-se ao serviço exclusivo do âmbito da Ordem dos Enfermeiros ou para montar uma estrutura racional e não uma sucursal da internacional comunista transmutada e com os seus filiados a darem a ideia de que são os portugueses que vão resolver os problemas da Enfermagem mundial. Mas foi o que eles conseguiram na primeira reunião, que definiu a cota, onde os 6 autocarros que o SE alugou para irem votar uma cota razoável, ficaram vazios.

Nessa altura, como hoje, percebia-se que os Enfermeiros Comunistas, já que não podiam ter o sindicato único, sua velha aspiração "democrática",  segundo os ensinamento democráticos de Joseph Estaline, podiam estiolar os outros sindicatos, definhando-os por falta de verba das quotas, que nos sindicatos são obrigatórias, porque a inscrição é livre. Pelo contrário, como na Ordem a inscrição é obrigatória, a cota é facultativa e só vigora, se os seus filiados a definirem e com que quantitativo.
De resto, como é uma organização para defender o Povo dos estragos eventuais dos Enfermeiros, logo ao serviço do Estado, que tira a sardinha do lume, com o mão do gato, é ao Estado que compete suportar os gastos do seu funcionamento.

Tudo começa a ficar mais claro, com o tempo decorrido, e com a mudança de inquilinos, na Ordem, que, independentemente do seu valor, ou falta dele detêm, o mérito natural de quebrar a cadeia de comando dos Enfermeiros Comunistas, (que fizeram da Ordem com o SEP o Sindicato Único, por que aspiram para quebrar a força dos Enfermeiros, diluindo-a pelos mais iguais e levando os anjinhos a pensar que só isso dá a força, que a Enfermagem precisa), cuja filiação aparece clara e evidente, em 18 de Março de 1976, para insultar os grevistas, que elevaram a Enfermagem aos píncaros da glória, invertendo, nomeadamente, a tabela salarial: o vencimento do Enfermeiro Superintendente passou para o Enfermeiro de 2ª Classe, do último para o 1º, justamente porque os Enfermeiros Comunistas foram arredados do Sindicato do Sul e Ilhas (Açorianas), rezam os factos da altura -15 de Março de 1975.
Lembramos que estava em causa a tabela salarial e a proposta do SUL e Ilhas era de 2.500$00 a 5.000$00 e a do Norte era de 5.000$00 a 10.000$00, que venceu com a greve. (Comparar com as de hoje: CNESE - 1200€€; FENSE 2200€€)

Não é, portanto, de agora, a noção que os Enfermeiros Comunistas do SEP, têm do valor da Enfermagem e do Enfermeiro. As diferenças das tabelas da CNESE e as da FENSE repetem a história.
Por isso a luta destes Colegas são para que a Ordem tenha oito milhões de euros de cotas, em vez de sete, para fazerem dinamização política comunista, à nossa custa.
A causa está em ir secando os outros Sindicatos, pois que o SEP, mesmo reduzido a 7% tem sempre uma fonte de alimentação extra, possível em caso de redução de sócios e cotas, para o seu nível de 7%.

Então quando se entrou no espaço social da "casa do Enfermeiro", cujo sonho por nós alimentado e destruído com os ataques constantes de Ida de Figueiredo, deputada do PCP, ao Parlamento Europeu e sempre a farejar, na Câmara de Gaia, muito lesou os Enfermeiros com a oposição do PCP e seus prosélitos, que chegaram a pensar e a apregoar que a obra era para o Azevedo e sua família, que muito trabalhou para que fosse uma obra para os Enfermeiros necessitados.

Mas tanto andou, tanto andou que conseguiu emporcalhar uma obra digna dos Enfermeiros, para a substituir pelo seu ícone "Ferreira Alves", que, por acaso não tinha nada a ver com o Sanatório Marítimo do Norte, gratuito, mas com a clínica "Heliantia", a pagar, hoje do Millenium.

A Enfermagem na mão dos Enfermeiros Comunistas (Ver "Que saudade imensa" em "o sindicalista" de 19/04/2014, neste blogue) tem dado os resultados desastrosos, que todos conhecem e alguns apoiam.

Dizem coisas bonitas mas, num discurso politicamente correcto e trabalhado em power point selado pela hierarquia, e depois, pensam como o outro, que disse: «Se queres o povo humilde e submisso, obriga-o a passar fome».

O problema para esta rapaziada não é uns serem mais ricos do que os outros (ver, a título de exemplo, o dono do Celsea, vindo do Sol da Terra, no dizer de Álvaro Cunhal); é sim o de "serem diferentes".
Vejam para darmos um exemplo da nossa carreira, o que fizeram às chefias de Enfermagem.

Finalmente, entrou-se no campo dos controleiros (Supervisor, Tutor...) que é um esquema que os Enfermeiros Comunistas tinham montado para controlo total da Profissão: «de pequenino é que se torce o pepino».

Como estamos numa fase de ponderação, por parte da Assembleia da República, entre as vantagens e desvantagens de ter uma Profissão Enfermeira controlada pelos Comunistas, não vamos dar grande importância aos supervisores e tutores (controleiros). A natureza adversa a estes conceitos e preconceitos sociais, se encarrega de os neutralizar. Mas os Colegas têm de dar uma ajuda; não contem só, com a Providência Divina, porque Essa dá-nos a liberdade, com responsabilidade.
Comparem esta forma de agir destes Enfermeiros, com o comportamento do internato Médico.
Os Comunistas pretendem criar um bom pé-de-meia, sacrificando os Enfermeiros a pagar o esquema do controleiro, do que exigirem do Estado, a especialização dos Enfermeiros, que também aqui, pagam do seu bolso, ao contrário do que acontece com os Médicos: o Estado paga tudo, quando o que os laboratórios dão para "investigação molecular", não é suficiente.

Que é isto?

Quando acaba esta exploração dos Enfermeiros, pelos Comunistas, Enfermeiros e não enfermeiros?

Finalmente, foi dada a informação de que afinal, a não constituição da mesa única para renegociar o que está mal nas portarias, nos diplomas da carreira (DL 247/09, 248/09, 122/10 e ACT), a Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública (comando Aviola), só permite, ao SEP, aderir a uma mesa única, com a FENSE (SE - SIPE), se esta levar atrelados os "FILHOTES": paramédicos, TAE, AO e todos os iguais.
Aqui deixamos um voto de solidariedade pela libertação dos Colegas do SEP, aprisionados pelo  grupo controlado pela Aviola (Frente Comum).

Quanta ajuda nos podiam dar, uma vez libertos, a reconstruir, o que escacaram, na Profissão Enfermeira, para aproximarem os Enfermeiros dos pupilos da Aviola.

Valeu a pena estar sentado, na Assembleia da Ordem, realizada na Universidade Nova de Lisboa, em 26/04/2014, próximo de Guadalupe Simões, embora com o corredor de passagem de permeio.
Foi a proximidade que permitiu a telepatia agir e descobrir, mais um factor de empata Enfermagem: Aviola e seu conjunto, além da FNAM, obviamente.

Ajudem-nos a libertar os Colegas do SEP destes jugos bovinos malditos, para a Classe Enfermeira.

É pena que esta regra não seja aplicada aos Médicos.
«Tos os animais são iguais, mas há alguns mais iguais que outros», diz o 7º mandamento ditado pelo comandante Napoleão (in "o triunfo dos porcos" de George Orwell).

A Direcção da Ordem conseguiu a aprovação da sua 2ª convocatória, pois o risível da bastonária Augusta a dizer coisas, que nem ela entendia, como se provou, ao meter as mãos, em vez dos pés e vice-versa e mal apoiada pelo Jorge Rebelo e Guadalupe, (q' é feito de José Carlos Martins?) dadas as limitações acima referidas, visto que, na sua Organização, que José Carlos Martins consulta, antes das grandes decisões, como foi a de 7/11/2013, as ordens são para cumprir, e não se podem discutir olhando para a hierarquia; só é permitido discutir para o lado direito e para baixo, isto se querem reservar um lugar na iconoclastia Comunista.  

Não se esqueçam, Colegas, de que um discurso objectivo, pode não ser, e não é, o politicamente correcto, pois contra factos não há argumentos vazios de conteúdo!

Com amizade e muita atenção
José Azevedo

quinta-feira, 24 de abril de 2014

RELEMBRANDO





O SEP, A GUADALUPE, A ENFERMAGEM

Finalmente, os equivocados começam a perceber onde estão os que servem a Classe e os que se servem dela.
Nós estamos no primeiro grupo, e gravem bem isto, na vossa memória.
Os marxistas serôdios lutam pelas suas convicções e ninguém os pode criticar, por elas, pelo contrário; têm um papel a desempenhar, que também é útil, na diversidade.
Mas o comunismo não é um humanismo;
A Enfermagem é uma Profissão humanista, por excelência, pois tem na sua matriz, o exemplo do bom Samaritano que se apeou do seu cavalo, para socorrer o seu semelhante, prostrado na valeta.
Este gesto simboliza o que a Enfermagem tem de humano.
Ora, se o comunismo não é um humanismo, há uma incompatibilidade grave, entre o ser Enfermeiro e o Comunista.
Mas este problema não é nosso; cada qual é que é responsável pelas escolhas que faz.
Na reacção dos Especialistas tem de haver lugar para o entendimento e fonte do que Guadalupe diz e não pode desdizer, pois não é preciso gravações, para reafirmar o que ela afirma.
Ser sindicalista da Enfermagem exige, em primeiro lugar, ser Enfermeiro, pois trata-se de um Sindicato Profissional que defende o que outros atacam, na nossa área profissional, sobretudo no interior da Frente Comum que o SEP integra. É público e notório.
Ora, querer o melhor para a Enfermagem não é querer o pior para os outros, nem é nivelar pelo mínimo...
E é preciso ter exercido e continuar a exercer a profissão, em público ou em privado.
Quando Marx, o inventor do socialismo científico, segundo ele, nada modesto, diz:
«Só se resolve um problema impedindo que ele se ponha de novo. Para isso devemos agir sobre as causas que transcendem o campo estreito em que o problema se manifesta.
A concepção burguesa, essa sugere que, quanto mais um indivíduo restringe a sua esfera de acção e de conhecimento especializando-se, mais eficaz é. (abrimos aqui um parentesis para introduzir o que Guadalupe afirma: "introduzir a especialização na carreira é impedir o desenvolvimento da Enfermagem").  É o caso do perito moderno que limita a sua competência ao seu próprio domínio e afirma não conhecer nada acerca do do vizinho do lado, com o qual estabeleceu, implicitamente, o seguinte pacto: devemos impedir a todo o custo que as pessoas se apercebam de que estamos cheios do vazio mais complet, mesmo nos nossos respectivos sectores.
Ao contrário do perito, o sindicalista deve ser mais do que um sindicalista, porque o seu domínio de actividade estende-se até às condições económicas e sociais do capitalismo e mesmo do socialismo. Efectivamente, o sindicalista é, por excelência, o terreno em que se exerce aquilo que Marxchamava de actividade autónoma do proletariado, desejada e animada pelos próprios operários, ao nível das suas reais condições de vida e de trabalho, para os seus interesses imediatos, do mesmo modo que para os seus interesses futuros e gerais de classe. .... As lutas e reivindicações sindicais nasceram da exploração capitalista, e o sindicalismo não se concebia antes da existência do capital».

É a este chorrilho de baixa filosofia profissional que Guadalupe vai buscar o que diz sem dar provas de enetnder as confusões marxistas, umas do Marx, outras dos seus maus intérpretes.

Duma assentada neutralizava todas as Associações de Enfermeiros Especialistas, transformando-os em criminosos, por estarem a defender um saber mais eficaz, pois que o especialista é, em teoria, o sábio que deixou de cometer erros.
O que nem Marx entendeu é que: « Nem só de pão vive o Homem, mas de toda a palavra....».
Aqui está a principal razão das incompatibilidades, pois o marxismo é um animalismo, porque reduz toda a sua área ao capitalismo e o sindicalismo ao capital, por isso não pode ser um humanismo, porque nem "só de pão vive o homem...."!

Mas não isso que nos move, neste momento. Estamos aqui para dar todo o apoio necessário aos Enfermeiros Especialistas e para contradizermos, mais esta burrice dos nossos Colegas da CONTRAFACÇÃO SINDICAL.

Com amizade,
José Azevedo

quarta-feira, 23 de abril de 2014

bloqueio de medicamentos que curam mas não lucram

Prémio Nobel da Medicina denuncia: “As farmacêuticas bloqueiam medicamentos que curam, porque não são rentáveis”

25 de Agosto de 2013
Richard J. RobertsO Prémio Nobel da Medicina Richard J. Roberts denuncia a forma como funcionam as grandes Farmacêuticas dentro do sistema capitalista, preferindo os benefícios económicos à Saúde, e detendo o progresso científico na cura de doenças, porque a cura não é tão rentável quanto a cronicidade.
Há poucos dias, foi revelado que as grandes empresas Farmacêuticas dos EUA gastam centenas de milhões de dólares por ano em pagamentos a médicos que promovam os seus medicamentos. Para complementar, reproduzimos esta entrevista com o Prémio Nobel Richard J. Roberts, que diz que os medicamentos que curam não são rentáveis e, portanto, não são desenvolvidos por empresas Farmacêuticas que, em troca, desenvolvem medicamentos cronificadores que sejam consumidos de forma serializada. Isto, diz Roberts, faz também com que alguns medicamentos que poderiam curar uma doença não sejam investigados. E pergunta-se até que ponto é válido e ético que a indústria da Saúde se reja pelos mesmos valores e princípios que o mercado capitalista, que chega a assemelhar-se ao da máfia.
A investigação pode ser planeada?
Se eu fosse Ministro da Saúde ou o responsável pela Ciência e Tecnologia, iria procurar pessoas entusiastas com projectos interessantes; dar-lhes-ia dinheiro para que não tivessem de fazer outra coisa que não fosse investigar e deixá-los-ia trabalhar dez anos para que nos pudessem surpreender.
Parece uma boa política.
Acredita-se que, para ir muito longe, temos de apoiar a pesquisa básica, mas se quisermos resultados mais imediatos e lucrativos, devemos apostar na aplicada …
E não é assim?
Muitas vezes as descobertas mais rentáveis foram feitas a partir de perguntas muito básicas. Assim nasceu a gigantesca e bilionária indústria de biotecnologia dos EUA, para a qual eu trabalho.
Como nasceu?
A biotecnologia surgiu quando pessoas apaixonadas começaram a perguntar-se se poderiam clonar genes e começaram a estudá-los e a tentar purificá-los.
Uma aventura.
Sim, mas ninguém esperava ficar rico com essas questões. Foi difícil conseguir financiamento para investigar as respostas, até que Nixon lançou a guerra contra o cancro em 1971.
Foi cientificamente produtivo?
Permitiu, com uma enorme quantidade de fundos públicos, muita investigação, como a minha, que não trabalha directamente contra o cancro, mas que foi útil para compreender os mecanismos que permitem a vida.
O que descobriu?
Eu e o Phillip Allen Sharp fomos recompensados pela descoberta de intrões no DNA eucariótico e o mecanismo de gen splicing (manipulação genética).
Para que serviu?
Essa descoberta ajudou a entender como funciona o DNA e, no entanto, tem apenas uma relação indirecta com o cancro.
Que modelo de investigação lhe parece mais eficaz, o norte-americano ou o europeu?
É óbvio que o dos EUA, em que o capital privado é activo, é muito mais eficiente. Tomemos por exemplo o progresso espectacular da indústria informática, em que o dinheiro privado financia a investigação básica e aplicada. Mas quanto à indústria de Saúde… Eu tenho as minhas reservas.
Entendo.
A investigação sobre a Saúde humana não pode depender apenas da sua rentabilidade. O que é bom para os dividendos das empresas nem sempre é bom para as pessoas.
Explique.
A indústria farmacêutica quer servir os mercados de capitais …
Como qualquer outra indústria.
É que não é qualquer outra indústria: nós estamos a falar sobre a nossa Saúde e as nossas vidas e as dos nossos filhos e as de milhões de seres humanos.
Mas se eles são rentáveis investigarão melhor.
Se só pensar em lucros, deixa de se preocupar com servir os seres humanos.
Por exemplo…
Eu verifiquei a forma como, em alguns casos, os investigadores dependentes de fundos privados descobriram medicamentos muito eficazes que teriam acabado completamente com uma doença …
E por que pararam de investigar?
Porque as empresas Farmacêuticas muitas vezes não estão tão interessadas em curar as pessoas como em sacar-lhes dinheiro e, por isso, a investigação, de repente, é desviada para a descoberta de medicamentos que não curam totalmente, mas que tornam crónica a doença e fazem sentir uma melhoria que desaparece quando se deixa de tomar a medicação.
É uma acusação grave.
Mas é habitual que as Farmacêuticas estejam interessadas em linhas de investigação não para curar, mas sim para tornar crónicas as doenças com medicamentos cronificadores muito mais rentáveis que os que curam de uma vez por todas. E não tem de fazer mais que seguir a análise financeira da indústria farmacêutica para comprovar o que eu digo.
Há dividendos que matam.
É por isso que lhe dizia que a Saúde não pode ser um mercado nem pode ser vista apenas como um meio para ganhar dinheiro. E, por isso, acho que o modelo europeu misto de capitais públicos e privados dificulta esse tipo de abusos.
Um exemplo de tais abusos?
Deixou de se investigar antibióticos por serem demasiado eficazes e curarem completamente. Como não se têm desenvolvido novos antibióticos, os microorganismos infecciosos tornaram-se resistentes e hoje a tuberculose, que foi derrotada na minha infância, está a surgir novamente e, no ano passado, matou um milhão de pessoas.
Não fala sobre o Terceiro Mundo?
Esse é outro capítulo triste: quase não se investigam as doenças do Terceiro Mundo, porque os medicamentos que as combateriam não seriam rentáveis. Mas eu estou a falar sobre o nosso Primeiro Mundo: o medicamento que cura tudo não é rentável e, portanto, não é investigado.
Os políticos não intervêm?
Não tenho ilusões: no nosso sistema, os políticos são meros funcionários dos grandes capitais, que investem o que for preciso para que os seus boys sejam eleitos e, se não forem, compram os eleitos.
Há de tudo.
Ao capital só interessa multiplicar-se. Quase todos os políticos, e eu sei do que falo, dependem descaradamente dessas multinacionais Farmacêuticas que financiam as campanhas deles. O resto são palavras…
18 de Junho, 2011
Artigo Original: La Vanguardia
Tradução de Ana Bárbara Pedrosa para o Esquerda.net

Ao dispor e com os melhores cumprimentos de,
SINDICATO DOS ENFERMEIROS
Paula Caetano
Gestão da Formação