quarta-feira, 30 de outubro de 2019

AS CARÍCIAS DE MARTA ENQUANTO MINISTRA




MARTA TEMIDO, MINISTRA DA SAÚDE AFAGA A MÃO ESQUERDA DE CENTENO, ENQUANTO O SECRETÁRIO DE ESTADO DA SAÚDE AJEITA OS ÓCULOS PARA VER MELHOR O GESTO REVELADOR, PORQUE O GESTO É TUDO.

José Azevedo



AFINAL NÃO É SÓ O GESTO; VEJAM ESTA COISA<CLICAR>

[......António Costa manteve Marta Temido na pasta da saúde. Como olha para esta decisão?
Para falar das partes negativas sobre este governo, penso que, depois deste artigo da revista "The Lancet", depois da destruição que se tem passado na saúde, manter Marta Temido como ministra da Saúde é tragicómico. É a única coisa que posso dizer e vem na senda da irresponsabilidade de jogar com a vida das pessoas.
A MINISTRA MARTA TEMIDO ACEITA CALADA AS CATIVAÇÕES DO MINISTRO DAS FINANÇAS, DEIXA QUE A SAÚDE SEJA O PRINCIPAL SACRIFICADO DO DÉFICE ZERO
O que o leva a avaliar a ministra Marta Temido de forma tão negativa?
Várias razões. Para já, porque admite ser completamente silenciada. Para mim, um ministro da Saúde deve ser um provedor dos doentes. Posso ser franco sobre isto: quando fui aceite em Harvard, na School of Public Health, fui para lá com o objectivo de me preparar não para a indústria farmacêutica, onde já estava bem, mas para poder ajudar Portugal, para dar um contributo ao país. Sei que os melhores governantes americanos, como Obama, têm sido formados em Harvard. A ministra Marta Temido aceita calada as cativações do ministro das Finanças, deixa que a saúde seja o principal sacrificado do défice zero, e não lhe diz: "Olha, Mário, os meus doentes estão primeiro. Vai cativar noutras coisas, vai cativar às fundações, aos contratos com os escritórios de advogados, aos nossos colegas de governo, mas não a vida dos doentes". Só o facto de ser moralmente completamente submissa a algo que nem sequer é socialista... Não há nada que seja mais querido aos militantes socialistas do que António Arnaut e a fundação do Sistema Nacional de Saúde. Marta Temido não defender o SNS e aceitar tudo isto faz dela uma ministra terrível. Depois, é o exemplo de uma classe muito fechada sobre si mesma, que são os administradores hospitalares portugueses, quase todos do mesmo molde.
Para si faz mais sentido os hospitais serem geridos por médicos ou por gestores?
Não é tão simples quanto isso. Ou seja: um médico ou um farmacêutico ou qualquer profissional de saúde com um MBA de topo - INSEAD, Cambridge, Stanford, onde for - para mim, é o ministro ideal. Obviamente, não podemos ter esse género de ambição para todo o gestor de hospital, mas um profissional de saúde público com um MBA da Nova, por exemplo, é um gestor ideal - e não estou a dizer só médicos, conheçocountry managers mulheres com capacidades para serem boas gestoras hospitalares. O que não faz sentido é alguém, só por ser médico, ser gestor. Ou, o que vejo ainda mais, um advogado, que nunca teve gestão e que vai três ou quatro meses para a Escola Nacional de Saúde Pública, no Lumiar, e que depois já se auto-intitula gestor hospitalar. Isso é uma falta de qualidade enorme. O que não faz sentido de uma maneira geral é pessoas sem qualificações de gestão a gerirem hospitais.
PORTUGAL NUNCA TEVE UMA ESTRATÉGIA DE PEDIR EM TROCA, TORNOU-SE UM PAÍS DE MUITOS DIREITOS E POUCOS DEVERES
Acredita mesmo que as cativações de Mário Centeno são o único problema da saúde? Os salários dos médicos, o tipo de contratação, o ensino não têm problemas?
Há vários problemas na classe médica. Um dos problemas principais é que no público são mal pagos. Por isso é que em vez de lhes pagar mal, à espera que saltem para o privado e que, no fundo, complementem parte do seu rendimento a angariar doentes no público em vez de fazerem lá o seu trabalho, mais valia pagar-lhes bem e exigir exclusividade. Portugal nunca teve uma estratégia de pedir em troca, tornou-se um país de muitos direitos e poucos deveres. Nos quatro anos do meu doutoramento, Portugal disse: doutora-te, toma lá uma mensalidade, que era até bastante boa - gastou comigo e com milhares de portugueses 300 mil ou 200 mil euros em quatro anos, sem pedir nada em troca. Eu tinha colegas sul-africanos, taiwaneses, holandeses, alemães e eles não percebiam isto. "Então vocês não têm de trabalhar lá xis anos?" Não. Só vim porque quis. Fui professor de Medicina e conheço bem o desejo de famílias de serem médicos e não entendo como é que o Estado, que tem a faca e o queijo na mão, não decide que não basta ter uma média, seja de 19 ou outra, até porque não me serve de nada ter alguém com uma média de 19, se depois tenho um tarefeiro espanhol medíocre a anestesiar por 50 euros à hora e a pôr em risco a vida de um paciente - por isso digo que ela [Marta Temido] é uma ministra fraca, não tem capacidade de ser disruptiva. Quem quer entrar para Medicina tem de assinar um compromisso de honra em como aceita ir para os hospitais em que é necessário durante xis tempo, caso contrário tem de pagar de volta o dinheiro que o Estado investiu na sua formação. Todos os países civilizados o fazem, não o fazer é um misto de incompetência e imprudência. É não ter visão. O Estado poderia exigir ter médicos muito mais de acordo com as necessidades de formação e também deveria pagar mais e exigir exclusividade.......]

ler o resto da entrevista em cima "afinal não é só o gesto"

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