sexta-feira, 2 de agosto de 2013

CONSEQUÊNCIAS DA PISCALHADA NOS CENTROS DE SAÚDE

Comecemos por definir os termos que vamos usar, para cabal compreensão do pedacito de prosa.
Piscalhada = acção de Pisco, que é uma espécie de D.Quixote dos Cuidados Saúde Primários.
D. Quixote = Cavaleiro da triste figura, porque lia o real num paradigma já ultrapassado; o da analogia, quado emergia, já, o da ciência, "mathesis universalis";
Suserano = espécie adulterada de senhores de couto, feudo, vulgarmente conhecidos, na giria, por ACES.
Servo = servente ou servo da gleba, com total dependência do suserano, que dispõe do servo como coisa e não como pessoa, no regresso à época a.C.
Pois bem; a cena desenrola-se no CS da Feira, que está afecto ao Rio Vouga e, como tal, herda-lhe o nome de mais baixo.
Duas Enfermeiras, que acumulavam funções, foram suspensas, sem qualquer aviso prévio, como seria de esperar de um tratamento personalizado a que têm direito. A falta de respeito pelos mais elementares direitos de cidadania, não faz parte dos códigos das pessoas, que ocupam cargos de responsabilidade, sem a mínima preparação para ocupá-los.
Depois, atiram-se à crise e à troica, como se uma e outra tivessem culpa da sua estupidez ignorante.
Mas como uma desgraça nunca vem só, fomos descobrir, na breve investigação que fizemos, o seguinte: a Enfermeira chefe, que ainda tem as suas funções e local de trabalho ao abrigo das categorias subsistentes foi posta a fazer trabalho de Enfermeira, como qualquer outra sem respeito pela lei que determina manter as suas funções de chefia.
Claro está que não estando a chefe legítima a exercê-las, quem estará?
Essa é uma pergunta que iremos fazer.
No Conselho Clínico estava um Enfermeiro que, com o evoluir da situação, descobriu que o seu lugar era neutro, pois não tinha nenhuma das funções que há noutros coutos ACES. Demitiu-se, o que não teve nada de anormal nem notório dado que não estava lá a fazer algo.
Até aqui, tudo normal, se não estivesse uma colega que, por falta de solidariedade com o demissionário, lá deu o seu consentimento a ser nomeada para coisa nenhuma, tapando, desta forma um furo, que devia continuar aberto, até que alguém, fora do couto, perguntasse o porquê da demissão.
Há quem pense que, quando atacamos estas "piscalhadas", graves estamos a meter-nos com eles, Colegas Enfermeiros e, em nome dos mandantes, a quem fazem jeitos do tipo "fora a carreira de Enfermagem", criticam as nossas boas acções em defesa da carreira de Enfermagem que construimos com muito carinho e oportunidade, para uma Profissão com Carácter próprio. E não estávamos nem estamos enganados.
É que um dos buracos que o Colega demissionário, cuja coragem e atitude louvamos, é que faltam pelo menos 25 Enfermeiros no ACES da Feira, Douro/Vouga a baixo. E quem tem de denunciar isto somos nós.
Não devem esquecer que a destruição da nossa Carreira começou no hospital de São Sebastião, cuja administração recrutava Enfermeiros na vizinha Espanha, que trabalhavam 15 dias e iam outros tantos para a terra natal.
Foi essa escumalha da saúde que começou a destruição da nossa carreira.
Fomos condenados por defendermos os colegas que foram traídos duas vezes; a primeira pela escumalha administradora; a segunda, pelos colegas que tiveram a desfaçatez de virem servir de testemunha contra nós, em favor de quem os destruia, a eles.
A particularidade da juiza, que nos condenou, era conhecer bem a área, pois até é casada com um médico.  
São essas coisas que antevimos e que, então, como hoje, nem todos os colegas aprovam, por razões óbvias que, continuam a justificar a nossa luta por justiça para com os Enfermeiros, vítimas de tudo e de todos, onde se incluem alguns Colegas, que servem de tranpolim para outros saltarem alto.
Aos Colegas do couto da Feira, onde os apelos ao medievelismo ainda soam no castelo, recomendamos que sejam profissionais cuidadosos e não deixem ficar mal os méritos dos Enfermeiros que devem exercer de forma lenta e adequada se pretendem que preencham os 25 lugares que a própria directora executiva tem vindo a denunciar e a reclamar o seu preenchimento.
A crise não justifica estas lacunas, pois para passar receitas não faltam Médicos, nem contratos, porque os outros Médicos, se repararem neles, não aceleram o seu ritmo de trabalho para preencher o lugar de outros que dizem faltarem na rede, do que temos sérias dúvidas. 
A questão não é de falta de meios; é de falta de organização e equidade!
São as injustiças!

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