domingo, 5 de outubro de 2014

300 SÃO MUITO POUCOS, COMPARANDO COM OS ENFERMEIROS






Este ano já emigraram quase 300 médicos

O bastonário da Ordem dos Médicos diz que os clínicos estão a sair “às centenas” para vários países europeus e do resto do mundo. Contas por alto, este ano já abalaram perto de três centenas.
RUI FARINHA/ARQUIVO







A saída de médicos portugueses para o estrangeiro sempre aconteceu. Mas o ritmo a que se tem sucedido nos últimos tempos está a preocupar a Ordem dos Médicos (OM), de tal forma que os responsáveis das secções regionais do Norte, Centro e Sul têm estado a esmiuçar os dados e a fazer as contas para tentar perceber, com rigor, quantos estão a sair do país para não voltar, e as razões que os levaram a abalar. Contas por alto, entre o Norte, o Centro e o Sul, só este ano terão ido trabalhar para o estrangeiro perto de 300 médicos.
A emigração dos médicos até foi tema de capa da última edição da revista da OM. Esta é uma realidade “multifacetada”, pondera a autora do trabalho, Paula Fortunato, que lembra no texto que o quadro dos profissionais que saem “é muito diversificado”. Saem especialistas com experiência, mas também recém-especialistas e médicos que ainda não fizeram a especialidade. “Se alguns o fazem apenas como oportunidade de formação e preferem voltar, muitos estão a apostar trabalhar no estrangeiro, mesmo quando a adaptação não é imediata”, sintetiza.
Os números da Secção Regional do Sul, a que tem mais clínicos inscritos, são paradigmáticos. Quando um médico pretende emigrar precisa de um certificado para apresentar nas instituições estrangeiras, os chamados “good standing certificates”. E os pedidos de certificados aumentaram substancialmente nos últimos anos, segundo os dados referidos na revista: passaram de 191, em 2009, para 253, em 2010, e subiram para 390, em 2011. Em 2012, atingiram os 650 e no ano passado ascenderam a cerca de 500.
 “Vamos ter um fluxo migratório tremendo”, antecipa o bastonário José Manuel Silva, que não esconde a sua preocupação face aos resultados de um inquérito recentemente feito aos jovens internos (os médicos que estão a fazer a especialidade) e que irá ser divulgado em breve. “Cerca de 60% mostraram-se dispostos a emigrar”, adianta. Uma tendência semelhante à que se verifica noutras profissões, mas o bastonário sublinha que a formação de um médico especialista tem um custo demasiado elevado para o país.
 Nas contas efectuadas por José Ponte, da Universidade do Algarve, a formação de cada médico especialista pode custar ao país perto de meio milhão de euros (100 mil euros durante o curso de medicina e 300 a 400 mil euros ao longo dos vários anos que são necessários para tirar a especialidade). “Portugal está a formar médicos para exportação e a desperdiçar milhões de euros”, remata José Manuel Silva.
O fenómeno da emigração disparou porque o trabalho médico “foi muito desqualificado”, lamenta o bastonário. “Os jovens internos ganham oito euros limpos à hora, o que não é compaginável com a complexidade e o risco desta profissão”, diz. “Os médicos começam a mentalizar-se de que, se foram para o estrangeiro, ganham muito mais, são respeitados e têm melhores condições de exercício profissional”, sintetiza. “Já avisamos o Ministério da Saúde”, adianta o bastonário que prestou declarações ao PÚBLICO a partir do Brasil, país que justamente prepara um novo programa de captação de médicos de todo o mundo designado “Mais Especialistas”. “Faltam médicos na Europa, no Brasil, em todo o lado”, observa José Manuel Silva, que nota que as propostas  são “muito atractivas” e que algumas representam diferenças de remuneração “abissais”. “Há falta de médicos nalgumas especialidades, estamos a formá-los, mas Portugal não faz nada para os fixar cá”, acentua.
A preocupação é partilhada pelos presidentes dos conselhos regionais do Norte e do Centro e do Sul da OM. Miguel Guimarães, Carlos Cortes e Jaime Teixeira Mendes têm andado a fazer contas. No Norte, só desde o início deste ano foram para o estrangeiro 85 médicos e, destes, 35 saíram para fazer a especialidade, adianta Miguel Guimarães.
No Centro, a contabilidade ainda está a ser concluída, mas há muitos médicos a pedir a documentação que os habilita a trabalhar fora do país - 271 este ano. Os contactos individuais ainda só permitiram perceber que 31 já emigraram de facto. Foram sobretudo para o Reino Unido, a França e a Suíça, mas também há saídas para o Canadá e a Espanha. Metade está entre os 30 e os 38 anos, especifica Carlos Cortes.
No Sul, só nos primeiro oito meses deste ano saíram cerca de 180, adianta Jaime Mendes, que não sabe se o número poderá ser superior, porque nem todos responderam ao e-mail enviado pela OM. Vão para a Dinamarca, Inglaterra, França Alemanha e Suíça, elenca. Jaime Mendes acredita que a maior parte “não voltará para Portugal ou voltará já reformada”.
Carlos Cortes destaca outro fenómeno, o dos médicos que estão a sair dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde para o sector privado, muitos deles não por motivos económicos mas por insatisfação. “Sentem que o seu esforço não é reconhecido, que são maltratados, enxovalhados, e preferem ir embora”.
N B:Um dos problemas mais preocupante do SNS e sua sustentabilidade é a desproporção que há entre Médicos e Enfermeiros. Por isso, tenha vergonha e cuidado, Sr. Major. (José Azevedo)
2)

DOMINGO, OUTUBRO 5

Tarde piaste!

«O ministro da saúde desafiou  o PS para um pacto de regime para a saúde no debate sobre o 'SNS: erros do passado e desafios do futuro', que decorre na Assembleia da República. 
 "Não há ninguém que diga que o Serviço Nacional de Saúde é sustentável sem reformas. O que nós precisamos acordar é qual é a percentagem de despesa pública que nós estamos disponíveis para afectar à Saúde".
 Macedo desafiou o Partido Socialista a pronunciar-se sobre este assunto "de uma maneira muito clara".»
….
Paulo Macedo, ministro  dos cortes a eito da Saúde, enquanto mantinha transferência de avultados financiamentos para o sector privado, da paralisia das  reformas em especial da rede hospitalar  várias vezes anunciada, depois da vitória de António Costa, vem apelar ao consenso e à construção de um pacto para a saúde. 
É tarde! O que o PS quererá certamente nos próximos tempos é derrotar a coligação PSD-CDS-PPP (?) nas próximas eleições. Varrer da governação os amanuenses da política além da troika que devastou o nosso país.
drfeelgood.
NB: optimista é o autor deste caso. Tem os olhos adaptados para distinguir a diferença entre os 60 tons de cinzento, que constituem certos aparelhos de enviar fax. Eu não! (José Azevedo).


3)

Mercado hospitalar privado

...Qual a dimensão do mercado de cuidados hospitalares privados
A fonte mais abrangente de informação é a Conta Satélite da Saúde, publicada pelo INE.
De acordo com a informação disponível, as despesas com hospitais privados têm vindo a aumentar de forma regular, tendo atingido 1.500 milhões de euros em 2012. (Figura 1)

Em percentuais, o crescimento dos hospitais privados na despesa total é mais acelerada, na medida em que a despesas nos hospitais públicos se reduziu nos últimos três anos, consequência das políticas salariais, de recursos humanos e de compressão dos preços dos medicamentos em ambiente hospitalar. (Figura 2)

Interessante é também conhecer quem paga estes cuidados hospitalares privados. À frente está o bolso dos cidadãos, com 35%, seguido de serviços pagos pelo SNS com 31%, subsistemas públicos (ADSE sobretudo) com 21% e subsistemas e seguros de saúde privados com cerca de 11%. Em termos de evolução, tem vindo a baixar a proporção de pagamentos directos dos cidadãos, por contraponto de aumento dos pagamentos do SNS e da ADSE. Ou seja, em termos globais, nacionais, parte substancial do crescimento tem sido feito por aumento das ligações ao SNS, e também por crescimento da actividade financiada pela ADSE. As dificuldades financeiras das famílias devem ter tido um papel relevante na diminuição da importância relativa dos pagamentos directos (que baixaram em valor absoluto face ao valor máximo registado em 2008). (Figura 3)
Pedro Pita Barros, momentos económicos


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