sexta-feira, 24 de maio de 2013

ENFERMEIROS PARA A DIÁSPORA




Pobres e mal agradecidos; é o que nós somos.
Tivemos a felicidade de ter a juventude a interessar-se pela Enfermagem, coisa que não acontecia nos anos 50, 60, 70.
A partir de 1981 com uma nova carreira e uma revisão adequada da tabela salarial a evolução da Enfermagem foi galopante.
Também não descurámos a evolução académica. Por isso de marginalizados do ensino oficial, entregues a escolas das Misericórdias e ou Públicas, igualmente sujeitas à Direcção Geral da Assistência, com direito a homologação de diploma e tudo o mais, fomos integrados nos Sistema Educativo Nacional em 1988, com horas e horas de formação que dariam para licenciar o quíntuplo dos Enfermeiros, que começaram por ser bacharéis, equiparados a licenciados com ou sem complemento e, finalmente, em 2000 saíram os primeiros licenciados de base.
As encomendas eram mais que o habitual e as escolas do tipo "champignon" , nasciam para abastecer o nosso SNS que se ia deformando, à medida que se formavam mais Enfermeiros.
As consultas médicas eram e ainda são o prato forte, que autarcas e governantes servem aos cidadãos.
Aos Médicos foi garantida a empregabilidade total, enquanto aos Enfermeiros, se proporcionava a desempregabilidade quase total, para além das más remunerações e a insegurança de emprego, mais para criar medo do que para executar.
O resultado é desolador: Em 4 anos emigraram mais de sete mil Enfermeiros, diz o Sol nos excertos acima expostos.
Mas a fazer fé nos números, e não temos razões para duvidar, só em 2012, ou seja; no ano que passou, emigraram 2.814 Enfermeiros para países vários, que vieram buscar uma mão de obra altamente qualificada e indispensável, em países com governantes mais avisados, que os nossos e menos "doutófilos"!
Enquanto isto ia acontecendo; vai acontecendo, o Sr. Bastonário dos Médicos continua a pretender eternizar a reconversão dos Cuidados de Saúde Primários; os autarcas, que entretanto, entram na gestão do SNS, através dos Centros de Saúde, a mudarem de nome, segundo as conveniências dos Médicos, desconhecem os Enfermeiros, regra geral, e as excepções só servem para  confirmar essa regra. Se não dão conta da existência dos Enfermeiros, também não se apercebem do seu papel essencial, que não é tão apelativo, num país de "doutófilos", mas é indispensável, como demonstram os que transformam os Enfermeiros, em emigrantes.
Quando é que este país acorda para a gravidade da situação?
Quando é que se volta a valorizar os Enfermeiros, para que eles sintam que vale a pena ficar?
Ao longe a bruxa feia vocifera: "sossega, jacaré, porque a lagoa vai secar"!

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