quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

QUANDO NÃO HÁ SOLUÇÃO É O PROBLEMA QUE ESTÁ MAL EQUACIONADO

O Zé Valentim, que nos ofereceu aquele relato da sua ida, na companhia duma cólica renal, às urgências, serve para demonstrar o seu poder de observação, plasmada na fotografia humana, duma reacção humana, de quem precisa da mão de outro, para morrer em paz, porque tem medo de morrer só, é um exemplo que os Enfermeiros não ignoram.
Mas a sua observação demonstra, também quão absurda e qual é a inadequação das consultas médicas, às situações de urgência. Não é por acaso que os países mais evoluídos e endinheirados, já não têm médicos, em presença física, nas urgências, mas sim Enfermeiros a funcionarem com protocolos tipificados, segundo os diagnósticos.
Peguemos na sua cólica renal, a título de exemplo.
Pelo seu relato, deduz-se que, além de lhe aliviarem a dor, também lhe tiraram sangue, para análise:
de quê?
para quê?
Se a minha memória não falha, os cálculos renais (pedras - pop.) têm a sua origem na acumulação de pó de uratos, fosfatos, ou de outra natureza, resultantes da combustão interna e que o rim devia eliminar, mas que, por várias circunstâncias, se vão acumulando, formando areias cada vez maiores, que, ao tentarem sair dos cálices onde se formaram, provocam dores, vómitos, mal estar, porque não cabem, nos espaços ou tubos, que saem dos ditos cálices, mas são mais finos que o tamanho dos calhaus.

Numa consulta de urgência inteligente, feita por inteligentes, após a triagem, feita pelo Enfermeiro de acordo com o algoritmo gravado, no computador, onde está, ou devia estar o sintoma patognomónico, que diferencia o diagnóstico, isto é; se a cólica é de origem renal, irradia-se para a árvore urinária, acabando na uretra;
se a cólica tem origem, no fígado, irradia-se para a omoplata, pois que aquele, também forma pedras, na vesícula (de quem ainda a tem, dado que, agora, é moda substituir as operações, às amígdalas, das crianças, até terem descoberto que essa prática causava mais prejuízos do que benefícios e passou a ser crime retirá-las, dada a sua função de sentinelas e passou a ser a extracção da vesícula, essa excrescência supérflua, que a natureza criou para nos sacrificar... ). E então depois que passou a ser extraída por espreitoscopia, por quem tem habilidade para espreitar pelos buracos das fechaduras: é só facturar. Depois, as digestões das gorduras, é facilitada com um passeio, após as refeições, como acontece com um hipocondríaco, que eu conheço. Isto parece brincadeira, para não assustar, mas é coisa séria.   

Feito isto, ou seja; o diagnóstico correcto, é só medicar com medicamentos, que todos conhecem, e nem há outros e dar alta, porque, em bom rigor, já não há mais nada a fazer, ali, nas urgências, avisando a vítima que a dor vai passando e, tanto faz esperar ali, como em casa, onde não tem filmes de terror, a não ser na televisão, que pode desligar.
Com um pouco de sorte, a vasodilatação, que a droga provoca, até pode permitir a deslocação da pedra, para local, onde não provoque dor. Às vezes acontece isso.
Pergunta estúpida: Tirar sangue para quê?
Fazer radiografias (urografias) para quê?
Esse trabalho, se não for feito para angariar mais um cliente para a privada, como acontecia naqueles hospitais que, ao fundirem as urgências num ficaram menos de metade, que a soma dos dois, ou para causar boa impressão, ao cliente, deve ser feito noutro local, público ou privado, mas não ali. Aliviada a dor ou, em vias disso; "go out" ou "olho da rua" se preferirem.
A fanfarra, que se monta, à volta do funil das urgências, em que os Médicos, que percebem tanto de urgências, como eu, de espremer azeitonas, a frio, em lagar de azeite, até permitem ao seu Bastonário, nas televisões de interesse PÚBLICO, dizer umas quantas lérias, em que já nem ele acredita, pois de dia para dia, nota-se a convicção a afrouxar, caem no mesmo erro que os incompatibilizou para fazer triagens bem feitas, tentando retirar esse papel, talhado para o formato Enfermeiro.
Mas a coisa ainda vai piorar, avisa.
Somente não piorou, ainda, porque a DGS está a estudar o catálogo das gripes e a tentar adaptar o vírus, à vacina da gripe, a encomendar, mas indicada para os velhos dos mais velhos e crianças para adopção, visto que a primeira tentativa falhou, porque o laboratório enganou-se e mandou uma vacina para um vírus fora de uso, tetraneto do vírus da pneumónica de 1918. Continuando...
Quando começavam a fazer a triagem, em vez de irem directos ao tal sintoma patognomónico (que é o que diferencia os diagnósticos prováveis) punham-se, logo, a fazer a consulta, como os mestres lhes ensinaram, há cem anos, passados. E a fila crescia, crescia e continuava a crescer tanto, na admissão e triagem das várias situações, que acabaram por se incompatibilizar, com os Médicos, que não conseguiram adaptar-se. (Tenho um bom lote de fotos caricaturais destas incompatibilidades e das filas enormes, que estão a ser, agora, replicadas, depois de feita a triagem.). Passaram, as ditas triagens, a ser feitas, com sucesso, pelos Enfermeiros, não sem algumas pedradas dos radicais.
E o entupimento era normal, nessas falsas triagens, porque não sabem o que, verdadeiramente, se pretende com elas, como é, hoje, no mau uso que é feito das urgências, por incapacidade dos médicos, em discernir o que podem e devem fazer nas situações de urgências.
Houve até, quem os baptizasse de "emergencistas", com boas intenções, acreditando na renovação do método de fazer consultas, segundo as várias situações, no caso, de urgência.

Trabalhei como Enfermeiro Chefe, durante 10 anos, nas Urgências do Hospital de São João e podia ilustrar o que afirmo com uma boa meia dúzia de situações anedóticas, para tornar a coisa mais simples e clara de entender, quando garanto que o que se está a passar com as urgências é propositado e os culpados destas e de outras situações semelhantes, são os que vergam a cerviz, perante o Médico, considerando-o um detentor da infalibilidade, que até ao Papa, só é concedida, quando fala "ex-cátedra" ...
A solução do problema das urgências, só não existe, porque a problemática está ma equacionada, por incapacidade dos Médicos, que são directores de todos os Serviços de Assistência, incompreensivelmente, logo directamente responsáveis.
Não venham com a laracha de que estou contra os Médicos, porque não é isso. O que está em causa é o verdadeiro interesse do público e não o que "as forças do mal", que não são uma ficção de Matthias Rath, como os milhões que o Estado gasta em burlas, das detectadas, por serem mal enquadradas em situações fictícias e não tenho complexos, nem compromissos para poder dizer a verdade, que só não a vê quem não quer ou quem quer e não pode. Não é o caso meu.
Com amizade,
José Azevedo



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