segunda-feira, 14 de outubro de 2013

OPERAM MENOS E GASTAM MAIS

Hospitais operam menos casos de cancro

Cirurgia oncológica no SNS diminuiu pela primeira vez em seis anos. Dificuldades no acesso podem ser a explicação.
Vera Lúcia Arreigoso
Os hospitais do Serviço Nacional de Saúde fizeram no ano passado menos 291 operações do que em 2011Nuno Fox Os hospitais do Serviço Nacional de Saúde fizeram no ano passado menos 291 operações do que em 2011
Os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) fizeram no ano passado menos 291 operações ao cancro do que em 2011. É a primeira redução na atividade cirúrgica oncológica, uma das mais importantes armas contra a doença, desde que foi criado o sistema de gestão de inscritos para cirurgia em 2006.
A conclusão é da Direção-Geral da Saúde (DGS), que ainda não tem explicação para este facto. Há, porém, a suspeita de que os doentes estão com mais dificuldades em chegar ao médico.
"A diferença na atividade cirúrgica é muito pequena mas preocupa-nos, porque há um aumento dos tempos de espera, portanto, os doentes estão a acumular-se. E a cirurgia é a arma mais determinante no tratamento", alerta o responsável pelo relatório e diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas da DGS, Nuno Miranda. O especialista da DGS e antigo diretor clínico do IPO de Lisboa é cauteloso: "Temos de perceber se esta redução é real, porque há explicações benévolas." Mas, mesmo assim, admite que "há menos doentes com transporte gratuito, a gasolina está mais cara e as dificuldades económicas são maiores". Por isso, avisa: "Vamos pagar isto com diagnósticos tardios."
Apesar das dificuldades, a análise da DGS tem vários pontos positivos. "Assistiu-se a uma modernização significativa, há mais capacidade de resposta e um conhecimento real da situação e nota-se um esforço notável no sentido de padronizar procedimentos", lê-se.
O Expresso questionou o Ministério da Saúde sobre o documento da DGS, mas não obteve resposta.


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