sexta-feira, 14 de junho de 2013

MUDAM-SE OS TEMPOS...


{Minha mãe, minha mãe!, ai que saudade imensa
Do tempo em que ajoelhava, orando ao pé de ti,
Caía mansa a noite e, andorinhas aos pares, 
Cruzavam-se, voando, em torno dos seus lares,
Suspensos do beiral da casa, onde nasci.
Era a hora em que já sobre o feno das eiras
Dormia quieto e manso o impávido lebréu.
Vinham-nos da montanha as canções das ceifeiras,
E a Lua branca, além, por entre as oliveiras,
Como a alma dum justo, ia em triunfo ao Céu!
E, mãos postas, ao pé do altar do teu regaço,
Vendo a Lua subir, muda, alumiando o espaço,
Eu balbuciava a minha infantil oração, 
Pedindo a Deus que está no azul do firmamento
Que mandasse um alívio a cada sofrimento,
Que mandasse uma estrela a cada escuridão,
Por todos eu orava e por todos pedia...(Guerra Junqueiro - Aos Simples}


É evidente que o nosso movimento sindical português sofre de um pecado original, que se enraizou na cultura do nosso Povo e Governantes, sobretudo.

Nascido, na noite de 25 para 26 de Abril de 1974, das Corporações, quase tantas ou mais que as Caixas de Previdência, levou um selo mal colado e à pressa, da CGTP/in, que estava mais ou menos instalada no terreno. Como tudo que se improvisa nem sempre sai bem, o nosso sindicalismo à portuguesa deixou marcas, nos mais sensíveis e impreparados para as lutas, que se seguiram, em circunstâncias sucessivamente diferentes, mas com a matriz comunista, a tentar hegemonizar os movimentos de massas.
Que recordações nos trazem governantes como Sá Carneiro, que tinha um critério para escolher ministros; se houvesse Sindicato na sua área laboral, tinham de estar filiados nele, um forte garante do seu espírito social-democrata.
Hoje, vai-se esboçando, aqui e ali, a tendência perigosa de esquecerem, os que vivem da política, que as democracias têm as suas raízes, uma das quais são os Sindicatos Livres, pois sem eles, não há países livres e independentes.  Não são conhecidos no orbe terráqueo, pelo menos.
Se é verdade que a democracia é o menos mau dos sistemas políticos (dizia W. Churchill), vale a pena pensar na acção sindical com respeito pelo que e quem representa.
Reconhecer o direito à greve e, depois, neutralizá-lo com "SERVIÇOS MÍNIMOS", que, destinando-se a evitar situações irreparáveis, ou de não retorno, não podem minimizar os efeitos da greve, que causam estragos, obviamente, pois destinam-se a mostrar o valor, a importância do trabalho e do trabalhador.
Se a greve causa graves transtornos é porque o trabalhador é importante para os evitar. Faz falta e sem ele, a coisa não funciona.
Os "serviços mínimos" destinam-se a minimizar os efeitos da greve, em situações extremas, não são para os anular!

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