terça-feira, 25 de março de 2014

CUIDADO COM O VIRUS ÉBOLA

Serviços médicos sob alerta para possíveis casos de Ébola

Casos suspeitos na Guiné Conacri e Libéria, com casos mortais, e Canadá levam ao reforço da vigilância em território português.
Na Guiné Conacri, o vírus já fez 61 mortos DESIREY MINKOH/AFP
A Direcção-Geral de Saúde alertou os serviços de medicina de viajantes e hospitalares para estarem atentos a uma possível entrada no país de casos suspeitos de Ébola, doença transmitida por um vírus altamente contagioso e para o qual não existe vacina nem cura. Nas últimas semanas, o vírus é suspeito de ter infectado e morto dezenas de pessoas na Guiné Conacri. Há agora sinais da doença na Libéria e Canadá.
"Por precaução, ontem [segunda-feira] avisámos todas as administrações regionais de Saúde e as autoridades de saúde das regiões, incluindo as autónomas, para que informassem os nossos serviços quer de viajantes (para quem vai viajar e saber o que pode acontecer) quer os urgentes e para estarem atentos", disse à Lusa a subdirectora-geral de Saúde, Graça Freitas.
O Ministério da Saúde da Guiné Conacri e a Organização Mundial de Saúde revelaram em comunicado, nesta terça-feira, que o país registou, entre Janeiro e 23 de Março, “um número total de 87 casos suspeitos de febre hemorrágica viral”, 61 deles mortais, principalmente no sul da Guiné Conacri.
Na Libéria há a confirmação de seis casos, cinco deles com vítimas mortais, incluindo uma criança. A sua nacionalidade não foi confirmada, mas segundo o ministro liberiano da Saúde, citado pela AFP, são pessoas vindas do sul da Guiné e que procuraram apoio médico no país vizinho. A organização Médicos Sem Fronteiras indica, por sua vez, que se trata de pessoas que foram assistir a funerais na Guiné e que regressaram às suas casas na Libéria já contaminadas.
No Canadá, as autoridades de saúde avançaram que um homem, que “recentemente viajou para a África Ocidental, está gravemente doente num hospital de Saskatoon”, Oeste do país, com febre alta e outros sintomas semelhantes aos de um doente com ébola. Para já, a contaminação pelo vírua ainda não foi confirmada.
Em Portugal, não há qualquer registo da doença até agora. A subdirectora-geral de Saúde diz que os serviços vão estar atentos a pessoas que cheguem de países em que foram registados casos da doença e à sintomatologia, para que possa ser feito um diagnóstico.
Viajantes para países onde há o vírus devem estar atentos
"As consultas de viajantes foram avisadas. Quem sai tem de saber que vai para uma zona onde há esse risco, e que se transmite através do contacto com fluídos, como o sangue ou secreções de doentes", sublinhou Graça Freitas à Lusa.
A quem viaje até aos países onde a presença da doença foi confirmada é aconselhada a precaução no contacto com as populações locais e a vigia de possíveis sintomas. Em caso de existirem esses sintomas, os viajantes devem procurar apoio médico imediato. Os sintomas "podem ser apenas de febre e mau estar, uma espécie de gripe que depois evolui para situações hemorrágicas e que podem confundidas com outras doenças e cuja taxa de mortalidade é elevada", explicou Graça Freitas.
A responsável disse que o Centro Europeu de Controlo de Doenças fez uma avaliação do risco de importação e que este foi considerado relativamente pequeno. "Felizmente, doenças como o ébola não são de contágio simples. Não se contagiam pelo ar, mas através do contacto com sangue ou secreções dos infectados. Assim, apesar de já ter acontecido no passado, o risco de exportação não é grande".
O ébola, que se transmite entre humanos através do contacto com o sangue das hemorragias que causa nos doentes, mata até 90% dos infectados. Foi reconhecida pela primeira vez em 1976 na actual República Democrática do Congo, tendo recebido este nome por causa do rio Ébola, um afluente do rio Congo. Conhecem-se até agora cinco estirpes distintas do vírus, sendo que algumas são muito mais agressivas. O vírus dissolve literalmente os órgãos internos dos doentes, que perdem sangue até pelos olhos e ouvidos e acabam, em geral, por morrer de choque ou paragem cardíaca.

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