sábado, 20 de setembro de 2014

O QUE É UMA ORDEM PROFISSIONAL, SABE {?}

Muitas das coisas ruins que nos têm caído em cima, por via da Ordem, porque é evidente que os desvios da sua real função, mais do que outras coisas, igualmente más, reflectem um elevado grau de desconhecimento e servilismo de Directores irresponsáveis, com responsabilidade, que não entendem nem exercem, que se têm prolongado, no cargo: 15 aninhos, bem contados.(1996 a 2011).
Por exemplo:

1 - A segunda escolha de um estatuto para a Ordem, como foi o caso do REPE, que estava feito para outros fins e representantes (Associação Portuguesa de Enfermeiras era a escolhida), começou mal, pois uma Associação de Classe duma Profissão autónoma, nunca pode ter limitações a essa autonomia, sendo esse pseudo-estatuto (muito inferior ao regulamento da carteira profissional que substituía) a contradição do que pretende e devia ser um estatuto própria duma Ordem reguladora duma profissão através do direito consuetudinário, como a dos Enfermeiros, que  é a ARTE MAIS ANTIGA E A PROFISSÃO MAIS MODERNA. [Para cabal esclarecimento basta ir a 1996 e ver quem fez o REPE, quem se lhe opôs, [SE e SIPE], quem o aprovou, como lei, para ser enxertado, na Ordem como Estatuto, em 1998].

2 - Ora diz o Povo que; quem torto nasce, tarde ou nunca se endireita; é facto. Logo, com um fato que não foi talhado para este CORPO PROFISSIONAL ESPECIAL, enquanto não for feito o que lhe assente bem, longe de ser útil, passou a ser um perigo constante, porque impedia o crescimento do "usa e serás mestre", deixando a Ordem dos Médicos a limitar os actos enfermeiros, subsumindo tudo no "acto médico" que até deixou de querer circunscrever, porque o todo não cabe na parte.
Deus queira (esperamos para ver) que, quando o Ministro da Saúde fala em uniformizar critérios do estatuto das Ordens Profissionais, não se esqueça de os equivaler, no que representam, o "usa e serás mestre", das profissões respectivas e acabe com a estúpida COMPLEMENTARIDADE, no estatuto da Ordem dos Enfermeiros, para não servir de espartilho da Profissão Enfermeira, em vez de legitimadora do "direito consuetudinário, o dos costumes, regrando o que os Enfermeiros costumam fazer, bem feito, com as inevitáveis inovações e não servindo (Ordem e Estatuto dos Enfermeiros) de capacho regulador da gula de outros profissionais, que pensam que os Enfermeiros foram feitos para os servirem a eles e não aos doentes e não-doentes, desviando estes, das doenças e, se possível; dos ditos e/ou subentendidos, pois vale mais prevenir do que remediar, certo, correcto (?).

3 - Basta partir da Lei que cria princípios comuns para elaboração de estatutos de Ordens Profissionais, para se encontrar o rumo certo. Mas, para isso ser viável, é preciso partir para a uniformização de estatutos e critérios estatutários da respectiva Ordem, com a mente despoluída de preconceitos ou ideias preconcebidas e fundamentadas em pressupostos errados, porque: "UMA PROFISSÃO É AUTÓNOMA E,SE O NÃO FOR, NÃO É PROFISSÃO". Nem sequer precisa duma Ordem que seja a negação de si própria, a negar a profissionalização da arte mais antiga da humanidade - A ENFERMAGEM .

4 - Mas para isso ser bem sucedido, repito, é preciso saber que a Ordem é uma ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL  Reguladora da respectiva Profissão e só dessa e não da dos outros, como tem a mania de pretender a sábia omnisciente Ordem Médica, que admite: só o que ela entende que os Enfermeiros podem fazer é que devem poder fazer; tudo o mais é por delegação dos Médicos.
Há muito bom Enfermeiro que já não adquiriu a noção de que o único elo de ligação do Enfermeiro ao Médico é a receita médica e as ordens que este pode dar legalmente ao Enfermeiro são as que cabem na receita e só. Quem receita medicamentos não tem nada a ver, para além da sugestão (aceite ou não aceite pelo Enfermeiro), relativa à forma como o Enfermeiro presta os seus cuidados de enfermagem, profissionais, próprios, autónomos.
Pelo contrário, até a forma de receitar pode ter de ser corrigida, por ordem do Enfermeiro, porque ele é o, directamente responsável, pela execução dos erros alheios, sem apelo nem agravo, porque não tem a mínima desculpa, pois o Doente exige que o Enfermeiro seja capaz de evitar os erros próprios e corrigir os alheios.
O Médico receitar 1.000.000 de U de penicilina procaínica, no soro, (500cc), por via endovenosa lenta, porque desconhece a diferença, que há, entre penicilina cristalizada e a com procaína, como tive oportunidade de ler e corrigir, no SU do Hospital Escolar de São João, não prejudica qualquer doente; todavia se o Enfermeiro não reparar, que há doentes altamente alérgicos à procaína e nas vias de administração medicamentosa contra-indicadas, pode matar o Doente. Eis as grandes diferenças entre Médios e Enfermeiros.
Curiosamente os Enfermeiros têm sabedoria para corrigir e evitar os erros dos Médicos e a inversa é falsa. Não obstante prevalece estupidamente a ignorância do Médico, sobre o Enfermeiro, porque este esqueceu ou, não aprendeu ainda, que foi Florence Nightingale que reduziu, com as suas invenções enfermeiras, a mortalidade de 42 para 2%, nos soldados da Guerra da Crimeia /(1885), já lá vão uns anos.
A ignorância ou corrupção de governantes tem afastado os Enfermeiros das áreas de decisão, ficando a estultícia ou necedade a congeminar teoria falaciosa ou tautológica (que nem anda nem faz que anda), quando deviam ser os Enfermeiros a colaborar naquilo que lhes podia facilitar a acção, na prática, sem terem de estar sujeitos às omissões dos que conseguem fazer omeletes sem ovos, ou seja; Enfermagem sem os Enfermeiros suficientes, só porque um representante da necedade militante,pensa que Enfermeiros é o mesmo que "empregado de consultório médico".
Vejam só o tempo que se perde a contestar esta asnice, sem resultados, práticos, pois se temos governantes a cumprir as ordens do que  Matthias Rath, médico alemão degenerado, (in Movimento Vida) classifica de "Forças do Mal" ou "cartel da química", para, em fim de mandato irem vender plasma da Octapharma, não é fácil impor a racionalidade enfermeira num mundo promíscuo.

5 - E para cumprir esse objectivo ôntico duma Ordem Profissional é preciso saber que regular, regrar, (do latim regula = régua) é meter na linha, na lei, no preceito legal, aquele saber da experiência feito e adquirido com a.

6 - E para meter na linha, regrar, é preciso saber o quê e como traçar a linha delimitadora, que demarca o diferente no geral:
6.1 - Porém, se seguirmos pelo caminho da NORMA (do Latim norma = régua esquadro e do Grego gnórimos = fácil de conhecer, mas também princípio que serve de lei, regra, método, modelo), os resultados são os mesmos.

7 - Como não se vai a lado algum, sem um "método" (deriva do Latim methodu e do Grego méthodos = caminho ou processo racional que se segue para chegar a um fim, é preciso defini-lo, correctamente, segundo o fim que se quer atingir ou não; todavia, vamos admitir que queremos e precisamos essencialmente, de atingir um fim, (definição legal pelos obreiros da obra Enfermeira) e precisamos mesmo.

8 - Contudo se esse fim é REGULAR A PROFISSÃO ENFERMEIRA, temos de saber o que faz habitualmente um Enfermeiro, para que o HÁBITO SE TRANSFORME EM LEI, REGRA, NORMA. E valha-nos Deus e o Diabo; se somos a arte mais antiga da humanidade; se por "leges artis", se entende o "estado a que a arte chegou", quem mais bem que os Enfermeiros (que tenham exercido a arte, e nem sempre é assim), para regular o que lhes diz respeito, contrariando o outro convencido "omnisciente", que interpreta SIV, como Suporte Intermédio de Vida, pensando que o referido socorro, (inventado por mim, em noite da tragédia de Odemira e legalizado por Cunha Ribeiro), não passa de um bengaleiro, quando é, tão-só, o socorro imediato, porque o mais próximo e disponível é sempre e, naturalmente o Enfermeiro, que está, fica. O Médico passa por lá, quando passa.

9 - Se é o HÁBITO que se transforma em regra (régua), lei, norma impõe-se saber como se identifica esse fenómeno humano. Na verdade, um acto que se repete, muitas vezes, transforma-se em hábito natural, numa segunda natureza, normal (de norma): lei. Os usos e costumes ou "usa e serás mestre" têm subjacente o carácter, que se plasma no ser humano a partir dos actos metódicos, criando-lhe um carácter, em função da repetição dos actos, que se transformam em hábitos, que a memória arquiva e usa quase instintivamente (a dinâmica entre o "éthos" e "êthos").

10 - Todavia, nada deste fenómeno está à margem de normas; a intuição entre o que é bem e mal, rege-se por valores materiais, espirituais e outros mais, que caracterizam o acto, que se vai transformar em hábito: E há hábitos bons e hábitos maus, segundo os valores, que lhes servem de base. Somente o artista da respectiva arte os sabe distinguir e eleger.
São os valores que condicionam os actos, que vão ser avaliados nos e pelos mestres da Profissão Enfermeiro. Para isso, pega-se na régua, regra, linha, Ordem e comparam-se os valores, que modelam o carácter profissional de um mestre Enfermeiro, de um lado; mede-se-lhes o teor ético e moral, pois só assim serão dignos da Profissão, pelo outro lado, o do bem. Assim se regula, normaliza, um artista profissional que, antes de o ser isso, já o era, desde que o mundo é humano. (Ver História da Enfermagem nº 8, neste blogue). Por isso, não se deve confundir a essência das coisas artístico-profissionais com as habilidades de habilidosos retóricos, mas, infelizmente,é o que tem acontecido. Será desta vez que se corrige esta anomalia irracional?

11 - O ponto seguinte, na essência duma Ordem Profissional, seguindo o método profissional para atingir um fim, genuinamente profissional, é, portanto, a axiologia, que trata dos valores e da sua filosofia, para os impor a todo o Enfermeiro, duma forma lógica, racional, para esses valores poderem ser, voluntariamente aceites, e respeitados. Chega-se,assim a um código, composição metódica e articulada de disposições legais, uma colecção de preceitos e regras, que estão na base dos valores (do Grego deonthos = valor). E esse código vai chamar-se "CÓDIGO DEONTOLÓGICO" constituído pelos valores que valem, transformados em deveres, no plano ético e moral.

12 - Se os usos e costumes (hábitos bons) estão na base do "usa e serás mestre", a Ordem destina-se a reconhecer, a prática de cada um e o conjunto das práticas, que constituem as "leis da Arte" - [leges artis].
O "estado da arte rege-se por estas leis", regras, normas, seja qual for a Ordem Profissional que se reduza à sua significância.

Este pequeno esboço do muito que há a filosofar sobre esta matéria, porque é de filosofia de valores e deveres e ética e moral, que se trata, pode demonstrar que os assaltantes (mãos de gato) da Ordem, se preocuparam mais, em não demonstrar qual era a prática da Profissão, legitimada em hábitos do saber fazer uma prática, própria ou herdada, pois era coisa que não podiam conceber, dada a sua pouca imaginação, largamente demonstrada e nenhuma experiência, na conjugação, entre teoria e prática, porque nunca exerceram.
A Ordem não se destina a regular os teóricos, meia-tigela, mas sim os que praticam a profissão, por razões óbvias.
Por exemplo; que significa, no plano da lógica, que a Enfermeira é uma Profissão de complementaridade de todas as outras profissões da saúde, mas dotada de igual dignidade nessa complementaridade, dos que exigem o reconhecimento da sua (deles) essencialidade.

Em português vernáculo quer dizer que pretendiam uns e uns, por faltas dos outros, que fôssemos auxiliares de todo o bicho careta, mas dotados, nessa serventia, da mesma dignidade como complementos, que nunca chegam a profissão, portanto; muito menos autónoma, pois o que não tem métodos próprios reconhecidos e regulamentados pelos seus artistas, não é profissão; é complementaridade de... tudo que é profissão.

Mas, se, ainda, fossem os outros a impor-nos isto, vá que não vá. Serem os Enfermeiros a servirem de mão de gato para outros retirarem as sardinhas do fogo, sem se queimarem, não tem classificação possível, a não ser a necedade tão elevada e abundante dos promotores da ideia e de quem os alimentou, ao pensarem que as coisas iam ficar assim como as conceberam. Só um I.U. pode pensar assim a Profissão Enfermeira, que começou a sua existência, muito antes de haver leis com dimensão adequada para a poderem regulamentar, como Profissão circunscrita, dada a sua universalidade e grandeza ônticas, do tamanho da humanidade. nesta perspectiva, subordina todas as especialidades ou parcelas de um todo.
Os menos exigentes, ainda não perceberam, que há e é usada uma linguagem e um convencimento, entre Enfermeiros, que não tem tradução, no exterior.
Os que nos calcam, sabem muito bem o que quer dizer complementaridade e em que ponto da história a sua sofistica retórica se apoderou do que, por natureza, pertence à Profissão Enfermeira. (ver história da Enfermagem neste blogue).
Quando temos oportunidade para falar da Profissão Enfermeira, em si mesma, gastamos o tempo, não a falar da Enfermagem, em si mesma, informando o público do que somos capazes fazer, individualmente, na execução isolada de normas nossas e só nossas, mas a salientar uma parte do nosso brilhante papel, numa equipa, como se o Enfermeiro não tivesse competências próprias para realizar as normas próprias e exclusivas da Enfermagem, que são as mesmas e as outras usadas em grupo. Sobrepõem a parte ao todo. Até os Bastonários caem neste erro asnático.
Para quem quiser discutir estes assuntos com conhecimentos, basta analisar ponto por ponto as manifestações asnáticas de um estatuto castrador, que em vez de abrir as portas ao reconhecimento dos nossos saberes, regrando-os pois é esse o papel da Ordem Profissional, restringe-os à COMPLEMENTARIDADE, não fossem os teóricos M.T. perder a influência, que têm na Profissão, que não praticam e, até parece terem raiva a quem a pratica, parece-me ver isso, quando ponho a lupa, dos pormenores.
Basta ver a incoerência que há em a Ordem pretender, presume-se irreflectidamente, reconhecer o diploma da escola, reinventando um MDP, para pôr em uso, logo à saída da escola;
Agora, o exemplo inverso; delegar na escola o saber extra-escolar, que os Enfermeiros adquirem, na prática e, à Ordem devia competir o seu reconhecimento exclusivo, através dos Colégios de Especialidades... mas não se vê isto com clareza e equidistância.
Fazem lembrar a canção; «o gato a fazer versos e o poeta na telhado; o´compadre, está tudo errado, tudo errado».

Com amizade e intranquilidade
José Azevedo



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