sexta-feira, 22 de agosto de 2014

HISTÓRIA DA ENFERMAGEM [ 5 ]




O CRESCIMENTO CONSTANTE DAS ASSOCIAÇÕES DE CLASSE
A "American Nurses' Association" e a "National League for Nursing" representam os interesses da Enfermagem desde o processo de remodelação de 1952.
Em conjunto, os seus ganhos e contribuições são muito numerosos. Cada uma trabalhou para promover e melhorar as condições do serviço, prática, formação e investigação de Enfermagem assim como em muitos campos relacionados com ela. Este período de transformação gerou uma série de vantagens e inconvenientes para ambas as organizações referidas acima.
A NLN adoptou uma nova estrutura em 1967 para proporcionar maior flexibilidade, de forma que a junta nacional de directores e as ligas constituintes pudessem desfrutar de uma relação de trabalho mais estreita. A possibilidade de inscrição está aberta para pessoas e instituições além da Assembleia Constituinte para Enfermagem com 6 Assembleias Regionais para a planificação, coordenação e execução dos programas (conselhos de programas de grau associado, programas de graus superiores, programas de diplomado, programas de Enfermagem prática, serviços de Enfermagem em hospitais e instituições afins, organizações de saúde domiciliária e serviços de saúde comunitária).
Também se operaram outras mudanças, de que se destaca a contratação duma firma comercial para o desenvolvimento de um novo exame de licenciatura para Enfermeiras profissionais ( o Grupo Examinador da Junta Estatal da NLN foi dispensado desta actividade).
Vários dos temas que surgiram foram tratados da forma mais exequível possível. Uma acção que suscitou uma tremenda resposta da parte dos membros das instituições foi a declaração histórica intitulada "Os papeis da Enfermagem: alcance e preparação" , publicada pela NLN em Fevereiro de 1982. Nela se reconheceu o grau de bacharelato superior como uma credencial importante para a Enfermagem profissional.
A ANA prosseguiu os seus esforços a favor das Enfermeiras como indivíduos através dos seus programas sobre o bem estar económico e geral, a certificação das praticantes, o desenvolvimento de normas para a prática e outras actividades importantes dentro das áreas de serviço, prática, formação e investigação.
Ainda que o clássico "informe de posição" da organização publicado em 1965 tenha favorecido em grande medida o avanço da Enfermagem, também intensificou a controvérsia acerca da futura direcção do programa e diploma  hospitalar.
Esta informação, preparada pelo Comité de Formação da ANA, foi adoptado como proposta para estudo pela Câmara de Delegados da ANA, em 1964. Foi publicado em 1965, proposto e aprovado pelos membros da ANA em 1966 e reconhecido em 1978, quando a ANA aprovou a Resolução de Acesso à Prática na sua Convenção Nacional.
A declaração e a resolução predicavam a necessidade de melhorar a prática da Enfermagem e concluía:
«A formação de todos os que estão licenciados para a prática da Enfermagem deve realizar-se em instituições de estudos superiores; a preparação mínima para iniciar a prática da Enfermagem profissional deve ser o nível de bacharelato; a preparação mínima para a prática da Enfermagem técnica deve ser um grau associado de Enfermagem; a formação dos ajudantes tarefas de serviços de saúde deve consistir em programas de treino curtos e intensivos numa formação vocacional, mais do que um adestramento sobre a marcha». [American Nurces' Associaation- (ANA)].

Na Convenção Nacional da ANA de 1982 a Câmara de Delegados votou a favor de uma mudança substancial dos estatutos segundo a qual se representaria a ANA a partir de 1984.A essência desta transformação era que as associações estatais de Enfermeiras seriam as unidades membro da ANA e que os membros individuais pertenceriam à ANA através da sua filiação estatal.
Pretendia-se conseguir 2 objectivos com este "modelo de federação": o fortalecimento da ANA, sem com isso evitar a flexibilidade e a concessão da autonomia às associações estatais de Enfermeiras.
Todas as associações de Enfermeiras trabalharam para tornarem possível algum aspecto de mudança e proporcionar a comunicação necessária para a colectividade.
A consolidação das associações foi alcançada em 1952 com o fim de aumentar a eficácia e a eficiência e assegurar a colaboração.
A partir desse momento surgiram novas associações, geralmente como resposta a algum tema importante que afectava o grupo ou a toda a Profissão. a actual proliferação de organizações de Enfermagem pode muito bem servir para diluir a Profissão e criar desunião. Portanto, há que ter muito cuidado e devem tomar-se medidas para evitar que isso aconteça. As organizações mais recentes som testemunho das complexidades e tecnologias que se estão a experimentar na sociedade.

A ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE ENFERMEIRAS NEGRAS



A Associação Nacional de Enfermeiras Graduadas de Cor existiu durante perto de 4 décadas, até que a Câmara de Delegados da ANA votou em 1948 a rápida abolição de todas as barreiras que dificultassem a plena participação das Enfermeiras pertencentes a minorias raciais na Associação.
Para evitar conflitos com algumas associações estatais, a ANA ofereceu a filiação individual às Enfermeiras de cor, e em 1949 cerca de 634 das tais Enfermeiras pertenciam à organização. Também criou um Comité Especial para explorar as funções compatíveis da NACGN e a ANA.

Animadas pelos avanços a nível nacional, em 1949 as Enfermeiras Negras votaram a favor da dissolução da NACGN, a qual se produziu formalmente a 31 de Janeiro de 1951. Creiam que a luta pela integração profissional tinha terminado. O sonho do reconhecimento e a igualdade realizaram-se, finalmente.  [Smith, 1975; pág. 225]

A intenção das Enfermeiras de cor era converterem-se em parte integrante da Enfermagem organizada na ANA. Mas isso não era a resposta total que Enfermeiras negras e outras minorias pretendiam. " Em muitos sectores do país as Enfermeiras estão a organizar-se em associações de identificação étnica, porque sentiram que não estavam integradas na associação profissional". (Shaw, 1975; pág, 8).
Daí resulta a aparição da NACGN, Inc. em 1971 como estrutura que não duplicaria as funções da ANA, mas complementava-as para satisfazer as necessidades muito particulares das Enfermeiras de cor. Esta organização nascu graças aos esforços da Dr.ª Lauranne Sams e propunha-se ajudar a dar resposta às preocupações expressas pelas Enfermeiras da raça negra.
Algumas destas preocupações eram a ausência de Enfermeiras de cor em postos de liderança; a falta de oportunidades para participar na elaboração das políticas e prioridades da ANA; a perda da identidade própria e o escasso reconhecimento da sua contribuição para a Enfermagem.
A filiação abriu-se para todas as Enfermeiras licenciadas e estudantes de Enfermagem.
"O seu futuro é incerto, como parece sê-lo para outras organizações de Enfermagem que estão a nascer e que se organizam em torno da raça, do sexo, da especialização e a divisão do trabalho" (Smith, 1975; pág, 226).

ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE COLÉGIOS DE ENFERMAGEM



Entre as associações de Enfermagem Profissional de aparição mais recente figura a Associação Americana de Colégios de Enfermagem (AACN), fundada em 1969. Esta Associação, que é nacional e de decanos de Enfermagem de escolas superiores e universidades, criou-se para proporcionar aos administradores de programas de estudos de Enfermagem um meio de acompanhar os progressos no campo da saúde.
As suas numerosas actividades tendem a melhorar a prática da Enfermagem Profissional através da elevação da qualidade dos programas de graduação. As escolas de Enfermagem estão representadas pelos respectivos decanos, que discutem as preocupações comuns a todos. Através de um esforço concertado, a AACN tem influído continuamente na política pública relacionada com a Enfermagem e formação das Enfermeiras.


FEDERAÇÃO NACIONAL DAS ORGANIZAÇÕES de ENFERMEIRAS ESPECIALISTAS E DA ANA (NFSNO) 1981.

Ao crescer o número de organizações de Enfermagem especializada no início da década de 70 os diversos grupos expressaram o se desejo de unidade e comunicação.
Não estavam satisfeitos com a ANA e acreditavam que esta não se preocupava com as necessidades sentidas pelos grupos de especializações várias.
A Associação Americana de crítica aos Cuidados de Enfermagem convocou uma reunião em Janeiro de 1972 que se destinaria como forum para a comunicação e procura de mecanismos de apoio e cooperação.
O 1º Congresso Nacional de Enfermagem, como ficou conhecida esta reunião magna, teve lugar na Western White House de São Clemente, na Califórnia.
Nessa altura, em Abril de 1972, a junta de directores da ANA decidiu convocar uma reunião similar "para explorar como poderiam trabalhar as organizações de frente uma maior coordenação na área de interesse mútuo" (NFSNO, 1984 pág, 3).
Convidaram-se os presidentes e directores das organizações de Enfermagem e identificaram-se as preocupações comuns.
O 1º Congresso Nacional de Enfermagem foi um acontecimento histórico no qual se procurou o apoio e cooperação entre os diferentes grupos de especialidades e a ANA. Ficou decidido que se fundaria o grupo  formado pela ANA e o Congresso Nacional de Enfermeiras.
Em Junho de 1972 celebrou-se uma 3ª reunião em Denver, no Colorado. Aí se decidiu que o nome da organização passava a ser o de Federação Nacional das Organizações de Enfermeiras Especialistas e ANA e mais 12 grupos especializados que se converteram em membros estatutários da Federação.
Desde a sua criação, em 1973, esta organização duplicou o número dos seus membros.
Actualmente representa mais de 360.000 Enfermeiras de todos os EUA com historiais clínicos muito variados, e o nome da organização trocou, como se disse pelo de NFSNO em 1981

A ACADEMIA AMERICANA DE ENFERMAGEM (AAN)

A AAN foi criada em 1973 sob o patrocínio da ANA. A filiação nesta AAN está limitada às Enfermeiras Graduadas membros da ANA.
Uma Enfermeira que pretenda incorporar-se na AAN deve apresentar documentação que certifica uma contribuição notável à Enfermagem. Os membros potenciais são nomeados e votados pelos membros efectivos. A eleição para formar parte deste grupo considera-se uma honra, já que os seus membros representam um grupo muito selecto de dirigentes da Profissão.

A COLIGAÇÃO' ENFERMEIRA PARA ACÇÃO POLÍTICA

O Grupo "Enfermeiras para a Acção Política, iniciou-se em 1972 como a primeira organização nacional de Enfermeiras que se introduzia na arena política.
Prontamente se filiou a ANA e desde então se considerou como seu braço de acção legislativa e política (Kalisch e Kalisch, 1978).
Com o tempo, o nome mudou para o de Enfermeiras Coligação na Política (Nurses' Coalition for Action in Politics (N-CAP). A N-CAP organizou-se como associação não sectária nem lucrativa. O seu objectivo expresso é a consecução de uma influência substancial sobre a política nacional no que concerne à administração de cuidados de saúde. Este grupo estimula e ajuda às Enfermeiras a converterem-se em activistas sociais e políticas.
Vai lutando por conseguir o apoio à Enfermagem por parte dos organismos oficiais, legislativos e executivos.

ASSOCIAÇÃO AMERICANA PARA A HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

As primeiras dirigentes da Enfermagem norteamericana apoiaram e promoveram o estudo da história de Enfermagem e advogaram pela sua incorporação nos planos de estudo das escolas. Em particular, M. Adelaide Nutting, Lavina L. Dock e Isabel M. Stewart inclusive chegaram a ser consideradas como  autoridades na história de Enfermagem graças à publicação dos seus já considerados clássicos trabalhos sobre o tema.
Dedicadas a elevar o conhecimento e o respeito pelo passado da Enfermagem, acreditaram firmemente que para compreender e poder solucionar os problemas da formação prática da Enfermagem era necessário estar familiarizado com a sua história.
Estas lideres pensavam que ninguém pode conceber numa ideia real das situações actuais sem conhecer como se desenvolveram os factos e quais foram as suas causas subjacentes. Esta filosofia geral foi expressa por Stewart:

«Com frequência a história pode ajudar as pessoas a enfrentar com maior eficácia as questões e conflitos ao buscar as origens e indicar as tendências a longo prazo que mostrem a direcção geral, o sentido em que se vão orientando e movimentando as coisas.
Os Educadores que sabem algo sobre os fundamentos históricos de um sistema educativo também têm vantagem na hora de avaliar os materiais que intervieram nele, tirar partido das suas virtudes e eliminar o que não presta». (Stewart, 1943; pág.viii

Infelizmente, não houve um apoio sólido à investigação histórica.
De facto, a ênfase posta na importância dos fundamentos históricos da Enfermagem reduziu-se a tal extremo que na actualidade quase não existem cursos de história da Enfermagem nas escolas de formação.
Por outro lado, também não existe um professorado suficientemente preparado para ensinar a história da Enfermagem. Com a intenção de reativar o interesse pela história da Enfermagem, um pequeno número de Enfermeiras e historiadoras interessadas na metodologia histórica, começou a reunir-se em 1978 como parte de um projecto financiado com fundos federais para o desenvolvimento da investigação de Enfermagem no médio oeste.
Ainda que inicialmente se tenha chamado Sociedade internacional de história de Enfermagem, em 1980 mudou-se-lhe o nome para o de Associação Americana de História da Enfermagem.  É formado por pessoas, Enfermeiras ou não, interessadas  em conseguir o propósito da Associação: mostrar ao público a história e herança da profissão da Enfermagem.
Para isso:
a) Estimula o interesse e a colaboração nacional/internacional para promover a história da Enfermagem.
b) Anima a investigação da história  da Enfermagem;
c) Promove o desenvolvimento de centros de conservação e uso de materiais de importância histórica para a Enfermagem;
d) Serve como fonte de informação relativa à história da Enfermagem;
e) Produz e distribui material educativo em relação com a história e herança da profissão de Enfermagem.  (AAHN, Estatutos, Maio 1983.

Apesar de lentamente, começou-se a reincorporar a história da Enfermagem aos planos de estudo das escolas de Enfermagem, subsidiar a investigação histórica e recorrer, restaurar e conservar material histórico sobre a rica herança da Enfermagem.

CONCLUSÃO

Ao longo de toda a história os lideres da Enfermagem se lhe referiram como uma arte e ao mesmo tempo como uma ciência. Todavia, neste contexto a arte é algo mais que um conceito linear e estático. Supõe um tipo de percepção activa, dinâmica em continuo desenvolvimento.
Uma qualidade emocional guia a transformação do material em arte, mas que reforça o papel da inteligência ou do pensamento. assim, a arte é uma forma de interrogação qualitativa que extrai a sua substância da intuição estética. Isabel M. Stewart qualificava frequentemente a Enfermagem como uma arte. Para finca-pé na Enfermeira, como "verdadeira artista", era essencial para o progresso da Enfermagem para algo mais que um ofício altamente qualificado .
Miss Stewart compreendeu que muitas pessoas vêem a arte e a técnica como uma entidade só, mas explicava sempre que o trabalho podia ser tecnicamente perfeito e, não obstante, carecer de arte.
A técnica, a alma, a mente e a imaginação eram essenciais para a formação do verdadeiro artista.

«A verdadeira essência da Enfermagem, como qualquer das belas artes, não está nos detalhes mecânicos da execução, nem sequer na destreza do executor, mas sim na imaginação criadora, o espírito sensível e a compreensão inteligente que subjazem a estas técnicas habilidades. Sem elas a Enfermagem pode converter-se num ofício de grande destreza, mas não pode ser uma profissão nem uma das belas artes. Todos os rituais e cerimónias que o nosso culto moderno à eficiência podem imaginar, e toda a nossa bem elaborada equipa científica, não nos salvarão  sem os elementos intelectuais e espirituais da nossa arte ficam sujeitos ao mecânico e se os meios se consideram mais importantes que os fins.» (Stewart, 1929; pág.1).

A herança da Enfermagem é muito rica. A sua história é um relato de descobrimentos que reflectem os novos avanços realizados em cada geração de Enfermeiros.
Mesmo que nestas páginas se não relacione toda a história do desenvolvimento da Enfermagem, cabe esperar que o leitor se tenha feito uma ideia da beleza e essência da sua arte, tal como as captaram alguns dos mais importantes mestres do mundo. Esta gama ampla de obras de arte constitui uma grande contribuição para a compreensão da própria Enfermagem, pois a história da Enfermagem que se apresentou através da arte mostra os seus aspectos mais valiosos: CUIDADO E ENTREGA.
O CUIDADO é a essência da Enfermagem: cuidado por, cuidado de, cuidado para...
As páginas deste livro, através da discussão e as obras de arte, reflectem a história dos cuidados à medida que têm variado em consonância com os acontecimentos e necessidades sociais através dos tempos.
Não obstante, ninguém, nem com a pena sobre o lenço, poderá jamais captar totalmente a verdadeira arte ou o espírito da Enfermagem. Ambos desafiam a expressão!

{ A Enfermagem é uma arte; e se se pretende que seja uma arte, requer uma devoção tão exclusiva, uma preparação tão dura, como o trabalho de um pintor ou de um escultor; Mas, como pode comparar-se a tela morta ou o mármore frio com o ter de trabalhar com o corpo vivo, o templo do espirito de Deus?
É uma das Belas Artes; quase diria, a mais bela das Belas-Artes}  (Florence Nightingale.)




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