segunda-feira, 7 de abril de 2014

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Profissionais escrevem carta aberta a Paulo Macedo contra cortes na saúde

27/02/2013 - 14:30

(actualizado às 16:45)
Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo impede realização de conferência de imprensa no interior da USF em Alvalade.
Paulo Macedo DANIEL ROCHA

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O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, lançou nesta quarta-feira, em Lisboa, um apelo aos portugueses na defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS), para que “não permitam que a qualidade do serviço público prestado às populações seja posta em causa”, e criticou a “atitude salazarenta” daqueles que “impedem que a comunicação social tenha acesso às instituições de saúde”.
As críticas de José Manuel Silva visavam directamente a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), que, nesta quarta-feira, impediu que a conferência de imprensa promovida pela Associação Nacional de Unidades de Saúde Familiar (USF) e pela Ordem dos Médicos e Ordem dos Enfermeiros fosse realizada no interior das instalações da USF do Parque, no antigo Hospital Júlio de Matos.
A conferência de imprensa, destinada a divulgar o teor da carta aberta que as três instituições entregaram terça-feira ao ministro da Saúde e na qual afirmam que “a vida, a saúde e os cidadãos exigem mais e melhores cuidados de saúde primários (CSP)”, foi autorizada quer pelo coordenador da associação das USF, Luís Rebelo, e pela directora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde, Manuela Peleteiro, mas viria a ser desautorizada pelo vice-presidente da ARSLVT, Luís Pisco.
Na carta aberta dirigida a Paulo Macedo, onde se afirma que “o valor das USF está demonstrado através dos resultados nas áreas do acesso, da continuidade, do desempenho, da qualidade e da eficiência”, as três instituições apelam aos profissionais de saúde, aos cidadãos e às suas organizações para que “não deixem a reforma [dos cuidados de saúde primários] ser capturada pelas administrações, contribuindo para a convergência, o envolvimento, a mobilização de todos eles, indispensável ao relançamento do processo de transformação e de desenvolvimento organizacional dos cuidados de saude primários”.
As três entidades consideram “fundamental para a sociedade portuguesa que exista, desde já, um forte investimento nas unidades de saúde familiar e nos cuidados de saúde primários para que se tenha um Serviço Nacional de Saúde (SNS) de proximidade e de qualidade”. Na carta, sublinham ainda que a “reconfiguração dos CSP em Portugal abriu um processo de crescimento, maturação e inovação no funcionamento dos cuidados de saúde, no sentido da flexibilização organizativa e de gestão, da desburocratização, do trabalho em equipa, da autonomia, da responsabilização, da melhoria contínua da qualidade, da contratualização, da avaliação (interna e externa) e da sustentabilidade, tendo as USF sido as impulsionadoras da mudança”.
Afirmando que as “USF fazem mais e melhor com menos custos na prescrição de terapêutica e de meios auxiliares de diagnóstico”, Bernardo Vilas Boas, presidente Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar, lembrou que o Memorando de Entendimento da troika “contém explicitamente orientações para reforçar e desenvolver os cuidados de saúde primários, em especial as USF modelo B”.
Contra os cortes na saúde, os signatários da carta aberta desafiam o Ministério da Saúde e a Assembleia da República “a adoptarem iniciativas e medidas que permitam combinar vontade política e capacidade operacional para haver mais CSP, mais enfermeiros e médicos nos cuidados de saúde primários em Portugal e para que seja atribuída uma equipa de saúde familiar a todos os cidadãos e famílias”. Nesse sentido, consideram necessário criar condições para “promover o investimento e a alocação de recursos financeiros e humanos na área dos CSP, de forma estratégica e sustentada, por serem ainda mais eficientes e úteis para a população”.
Na conferência de imprensa, realizada no exterior da USF do Parque debaixo de um frio imenso, ouviram-se muitas críticas à Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, que, contra a orientação do próprio ministro, “está a travar que cuidados de saúde primários (modelo A) passem a USF modelo B, apesar de terem pareceres técnicos da equipa regional. O bastonário da Ordem dos Enfermeiros, Germano Couto, referiu expressamente que “o vogal da ARS-Norte, Rui Cernadas, tem vindo a ameaçar de despedimento enfermeiros e outros profissionais de saúde com mais de 10 anos de contrato a termo”.

A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSVT) justificou a não autorização da realização da conferência de imprensa nas instalações da USF do Parque, em Alvalade, promovida pela Associação Nacional das USF, Ordem dos Médicos e Ordem dos Enfermeiros, para não comprometer o funcionamento normal da unidade.




Hospitais cortaram um quarto dos exames e análises em dois anos


04/04/2014 - 13:04
Entre 2010 e 2012, houve uma queda nos actos complementares de diagnóstico em hospitais públicos e uma subida nos privados.

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Os hospitais públicos fizeram menos 44 milhões de actos complementares de diagnóstico (análises e exames como radiografias ou endoscopias) e menos 2,6 milhões de actos complementares de terapêutica (fisioterapia, radioterapia, etc.), entre 2010 e 2012. Em contrapartida, neste período as unidades privadas aumentaram substancialmente a sua actividade nestas duas áreas, ainda que isso não tenha sido suficiente para compensar a redução verificada no sector público. Nestes dois anos, o número total de exames e análises caiu 26,5%.
Antecipando o Dia Mundial da Saúde, que se celebra segunda-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) traça esta sexta-feira uma espécie de retrato da década entre 2002 e 2012 neste sector, um retrato que prova que os hospitais privados conquistaram terreno e ganharam dimensão durante este período.
Entre 2002 e 2010, o número de actos complementares de diagnóstico cresceu continuadamente nos hospitais públicos, mas a partir de 2010 baixou substancialmente (menos 44 milhões de exames e análises). No mesmo período em que se regista a quebra no sector público, nos hospitais privados – que em 2012 asseguravam já 7,9% do total das análises e exames (contra apenas 1,1% em 2002), indicam os dados do INE – esta actividade aumentou substancialmente com a realização de mais um milhão de actos em 2010 para 9,6 milhões em 2012. 
Em 2012, nos 214 hospitais que existem no país (110 dos quais são públicos) realizaram-se 122 milhões de actos complementares de diagnóstico e 22 milhões de actos complementares de terapêutica.
Também o número de atendimentos em urgência cresceu substancialmente nos privados – praticamente duplicou numa década, passando de 460 mil, em 2002, para 800 mil, em 2012. Mesmo assim, o sector público ainda foi responsável por 88% das urgências em 2012.
Ao longo desta década, os hospitais públicos perderam cerca de três mil camas, enquanto os privados passaram a dispor de mais 1400 camas. Também as grandes e médias cirurgias, depois de terem crescido até 2010, diminuíram em 2011 e 2012 no sector público, refere o INE.
As boas notícias são as de que aumentaram as consultas médicas externas (16,5 milhões em 2012), um acréscimo de 69% numa década, e há mais dez mil médicos (a partir de 2010 as médicas ultrapassaram os médicos) e 23 mil enfermeiros. Na mortalidade, já se sabia que se morre cada vez menos devido a doenças cardiovasculares (a redução é de 21% em dez anos), mas aumentaram os óbitos por tumores malignos (mais 14,1% entre 2002 e 2012).
Também a esperança média de vida continua a crescer, mas a má notícia para os portugueses é a de que, apesar de viverem mais tempo, vivem menos tempo com saúde do que os cidadãos de outros países da União Europeia. As mulheres são as mais penalizadas: em 2011, uma portuguesa podia esperar viver sem limitações de longa duração até aos 58,6 anos,em média, enquanto nos homens os “anos de vida saudável” se prolongavam até aos 60,7.


Opinião

A urgência útil




No domingo lá tive de ir às Urgências do Hospital de Santa Maria. Levava velhas expectativas: de esperar para ser bem atendido. Mas, de há uns tempos para cá, contra a marcha das coisas para o piorio, o HSM tem-se tornado mais eficaz e mais rápido.
Paguei, a nova taxa moderadora – 20 euros –, mas não encontrei razão para me queixar. Também é bom saber que, aconteça o que acontecer, a conta final do utente nunca será superior a 50 euros. Porventura tem um efeito dissuasivo com os queixinhas por dá cá aquela palha.
Em menos de duas horas fui visto por uma médica, radiografado, hemoanalisado, injectado e, munido das análises e da radiografia, voltei a ser visto pela mesma médica, que me diagnosticou e medicamentou e saí dali livre de angústias e mais solto do pé. Por 20 euros foi uma pechincha por uma urgência que era urgente.
O ambiente do hospital – a simpatia e humanidade dos seguranças e do pessoal auxiliar (como sempre primordial), das enfermeiras e das técnicas de administração – é bem-disposto e colegial, com um espírito louvável de estarmos todos no mesmo barco que é, com certeza, terapeuticamente benéfico.
Bem sei que elogiar os serviços públicos não os ajuda: eles precisam de mais dinheiro, para poderem servir-nos melhor. Dizer que estão bem pode ser (e é sempre) mal interpretado, sugerindo que têm o que precisam para trabalhar bem.
O HSM não tem. Mas, mesmo assim e apesar de tudo, trabalha muito bem. E ninguém lhes pode tirar isso.
 

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