domingo, 31 de agosto de 2014

HISTÓRIA DA ENFERMAGEM [ 7 ]

Como estamos mais ou menos a concluir cientificamente, porque a ciência tem um conhecimento universal e necessário, que, sem Enfermeiros, não há saúde, nem recuperação de doença, vamos dar uma volta pela história do calhau, como livro de apontamentos, onde já se falava da importância das Enfermeiras.
O papiro ainda não tinha sido inventado. Era usado, enquanto planta, para alimentar crocodilos, nos pântanos, quando eles eram sobretudo vegetarianos.

Vamos dar uma passeio pela galeria fotográfica que os museus guardam:

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A mulher é uma Enfermeira instintiva, formada pela mãe natureza.
A Enfermeira foi, sempre, uma necessidade e portanto, carecia de um status social. 
Nos tempos primitivos era uma escrava e, na era da civilização, uma servente.
Esquecida nos planos legislativos e nos cursos dos pedagogos, deixou-se, sem protecção nem preparação alguma.
Não era uma artesã, que pudesse obter ajuda de um grémio hereditário; não havia uma Liga de Hanseática, para as Enfermeiras.
A Enfermeira, procedente de um exército de pobreza, anónimo e inumerável, trabalhou como uma criada e obedeceu, como uma escrava.
Carecendo da dignidade de um ofício e de uma ética profissional, não podia emergir da degradação, círculo ambiente.
Nunca ocorreu aos Aristóteles do passado que, para o bem estar público, teria sido mais conveniente a formação de Enfermeiras do que a de advogados.
A Enfermeira sem formação é tão antiga como a raça humana; a formada é uma descoberta recente.
A diferença, entre ambas, só seria produto de comentário agreste sobre a insensatez e os prejuízos do género humano. (Victor Robinson)

AS ORIGENS DA ENFERMAGEM

É difícil identificar e descrever de forma adequada as origens precisas da enfermagem, já que não se sabe, praticamente, nada da actividade das Enfermeiras, na pré-história. 
Tudo o que se escreveu sobre a Enfermagem, neste período é uma mera conjectura, baseada nas descobertas dos arqueólogos, antropólogos e estudiosos da pré-história.
Não obstante, as primeiras crónicas dão-nos informação, sobre o legado das sociedades primitivas ao homem civilizado. Desde as origens da civilização há provas que apoiam a premissa de que a criança foi um elemento essencial para a preservação da vida. Portanto, a sobrevivência da raça humana está ,intrinsecamente, ligada ao desenvolvimento da Enfermagem.

O IMPULSO DA ENFERMAGEM 

Às vezes, é difícil distinguir a Enfermagem da Medicina, neste processo evolutivo, pois as primeiras etapas de ambas as disciplinas estão estreitamente entrelaçadas.
Ainda que haja quem opine que a Enfermagem nasceu com Florence Nightingale, na realidade ela é tão antiga, no mínimo, como a própria Medicina,
A independência, entre ambas, tem-se manifestado ao longo da história e produziu uma interrelação única e singular. Em certas épocas, como na era Hipocrática, a Medicina racional exerceu-se sem a presença da Enfermagem, enquanto noutras, como é o caso da Idade Média, a Enfermagem praticou-se, sem a intervenção da Medicina racional.
Segundo Davison (1943), quem identificou 4 ciclos principais da Medicina (primitiva, Renascimento, farmácia e moderna), a Enfermagem se implantou de forma adequada em 3 desses ciclos, porque se exclui a farmácia e só nestes pôde progredir a Medicina.
Davison garante que a Enfermagem merece ser reconhecida como "pedra angular da sua fundação (a Medicina)." Sem dúvida, a mãe Enfermeira precedeu o mago-sacerdote ou o curandeiro. Inclusivamente é possível que estes dois tipos de serviços tenham estado unidos inicialmente, mas que com o tempo, se separam para darem lugar a dois tipos de praticantes da "arte de curar": o administrador da Medicina e o cuidador (Stewart e Austin, 1962).
Na realidade, o Médico moderno possui a aura do curandeiro, mas as sementes do conhecimento médico foram semeadas com  os remédios naturais da mãe.
À Enfermagem atribuiu-se a designação da mais antiga das artes e a mais jovem das profissões.
Sendo assim, atravessou numerosas etapas e comparticipou nos movimentos sociais.
Foi um elemento participativo da cultura de uma época, que a modelou e ajudou no seu desenvolvimento. A história da Enfermagem tem sido uma história de frustração, ignorância e incompreensão; uma grande epopeia plena de desgraças e triunfos, romances e aventuras. E, o que é mais importante, foi a história de um grupo profissional cujo status foi sempre selado pelas pautas prevalecentes na humanidade. Os momentos decisivos para a história também o foram para a Enfermagem. 
Os acontecimentos que causam "um maior grau de consideração para com os mais desfavorecidos e os doentes, tolerância para os de cada religião, raça, ou cores diferentes, etc, tendem a promover atitudes como a Enfermagem, que são fundamentalmente humanitárias" (Dock e Stewart, 1925; pág. 3).
Em qualquer texto relativo à génese da Enfermagem, uma parte considerável do conteúdo aborda a história da Enfermagem como um episódio da história da mulher. De facto, um historiador descreveu este fenómeno com uma afirmação clara e categórica: "A Enfermagem é o espelho em que se reflecte a situação da mulher, através dos tempos"(Robinson, 1946;pág VII).
Durante o período em que a mulher esteve rigorosamente confinada ao lar por imposições sociais e as suas energias se dirigiam exclusivamente para a vida familiar, a Enfermagem devia adoptar um carácter de arte doméstica.
Os deveres da mulher, o seu grau de independência económica, a sua liberdade fora da família e outros factores, tiveram uma influência capital no progresso da Enfermagem. O seu pleno desenvolvimento não teria sido possível sem a emancipação das condições de submissão sofridas pelas mulheres. 
No último extremo, as exigências globais da Enfermagem seriam incompreensíveis sem a formação e o conhecimento das condições sociais e das necessidades do momento. 
Há uma certa confusão em torno do papel ou função pertinentes da Enfermeira, já que as condições da própria palavra "nurse", foram variando no curso da história da humanidade.
Actualmente, "nurse e nursing" têm diversos significados, o que provoca várias interpretações, quanto ao trabalho e função que lhes são próprios.
Ao longo da história, o desenvolvimento da Enfermagem se tem relacionado estreitamente com a evolução da palavra, cujas definições específicas dependem das forças sociais preponderantes num dado momento. Parece evidente que o significado evoluiu desde um termo que indicava a actividade humana inata de amamentar uma criança para outro de natureza altamente elaborada e sofisticada. 
Estas mudanças de significado reflectem-se profundamente nas variações da função enfermeira.
A Enfermagem tem a sua origem no cuidado materno dos filhos indefesos e tem que ter coexistido com este tipo de cuidados desde os tempos mais remotos. A palavra inglesa "nursery", deriva do vocábulo latino "nutrire" (nutrir).
O termo inglês "nurse" também tem as suas raízes no latim, no substantivo "nutrix"- que quer dizer "mãe que cria".
Frequentemente, para referenciar uma mulher que amamentava uma criança que não era seu filho, ou seja; uma ama que  cria, Com o tempo , o termo "nutrix" foi usado para identificar uma mulher que criava, o que pressupunha uma definição mais ampla ainda que relacionada com a ideia de gerar.
Os vocábulos latinos foram a base da palavra "nourrice", ou em espanhol "nodriza"que se referia, também, à mulher que amamentava uma criança, filha de outra mulher.
O significado originário da palavra inglesafoi o mesmo: ama que cria. estes termo utilizou-se pela primeira vez no século XIII, e a sua ortografia adoptou formas diversas, desde "norrice, nurice ou nourice até ao actual "nurse",
Durante esta evolução da palavra, adicionou-se outra dimensão ao seu significado: mulher que cuida e atende crianças.
A palavra "nurse" também se utilizou como verbo, cujas raízes etimológicas entroncam no vocábulo "nutrire", que significava amamentar e nutrir. Também neste  caso a palavra latina se transferiu para o francês como"nourir" (nutrir) e para o inglês como nurshen, nourishen, norrissen.
Abreviou-se para nursh e, finalmente; nurse.
O significado tanto do substantivo como do verbo continuou a ampliar-se para abarcar um número crescente de funções relacionadas com o cuidado de toda a humanidade. Entre os significados do substantivo, para o século XVI, figurava o de uma "pessoa, geralmente uma mulher, que atende os doentes ou se ocupa deles."
Não foi até ao século XVIII, data em que o significado do verbo começou a incluir a ideia de "atender um doente ou ocupar-se dele".
Durante o século XIX  adicionaram-se-lhe outros componentes: a preparação daqueles que cuidam dos doentes e a realização das ditas funções sob a supervisão de um médico.
Ainda que o aspecto da criança se tenha identificado durante muito tempo com a Enfermagem, esta ainda se associou mais com a educação, especialmente no referente à criança e à instrução, em geral, das crianças e dos jovens.
Surgira, assim, as palavras "ama-seca" (nursemaid) e "perceptora" que se converteram em títulos da jovem ou da mulher, cuja função consistia em ser Enfermeira pediátrica.
Infelizmente, a origem da Enfermeira como mãe perpetuou a ideia de que Enfermagem só podia ser exercida por mulheres.
O instinto maternal era o que proporcionava esse forte impulso ou motivação necessários para cuidar daqueles que sofrem ou estavam abandonados. As mulheres, devido a esse instinto maternal, foram consideradas "enfermeiras natas". Por conseguinte, a imagem da Enfermeira como mãe amorosa que conforta e cuida intuitivamente popularizou-se.
O instinto de progenitor descreve com maior exactidão essa forte motivação, que está presente em ambos os sexos, em todas as raças e nos diferentes grupos etários.
Não obstante há a ideia generalizada que a mulher possui em maior grau este tipo de instinto devido ao seu papel tradicional na família, situação que lhe atribui uma maior experiência, nas actividades de progenitora.
Todavia, o carácter atemporal da Enfermagem não inclui fronteiras sexuais.As pessoas de ambos os sexos possuem uma tendência natural para responder face ao abandono ou ao perigo de vida ameaçada pela doença ou risco.
Tanto homens como mulheres têm exercido a Enfermagem, através dos tempos.  
O papel da Enfermeira foi-se ampliando paulatinamente, desde o de mãe cuja função biológica inclui a amamentação dos recém,-nascidos e a criança e a criança, dos meninos pequenos até outros de maior  alcance.
O cuidado dos enfermeiros, velhos, pessoas abandonadas e débeis e inválidas, juntos à promoção da saúde da saúde, converteu-se numa componente vital da Enfermagem enquanto conceito global da.
Além disso, com o tempo, "CUIDADO" também passou a abarcar o afecto, preocupação, solidariedade e responsabilidade para com os necessitados.
Nos tempos antigos as mulheres cuidavam da sua própria família. Mas, à medida que se foi ampliando o conceito de Enfermagem, também passaram a ocupar-se dos membros da tribo. 
Com o desenvolvimento das primeiras civilizações, os cuidados estendiam-se aos escravos e serviçais das casas e a Enfermagem começou a exercer-se fora do lugar.
Consoante os cuidados de enfermagem se iam tornando mais complexos, também se ia tornando mais patente a necessidade de outros factores distintos da simples motivação para realizar o trabalho da Enfermeira.
De todo em todo, a motivação impunha-se como um componente vital no desenvolvimento da Enfermagem, impulsionando o cuidado dos que sofriam e dos desfavorecidos.
No seu pleno apogeu, traduziu-se no altruísmo e humanismo, as formas mais nobres de amor e bondade. 
Outras forças sociais coadjuvantes, como o fervor religioso, reforçaram esta motivação em diferentes eras da história e abriram o caminho para que esta gente dedicasse a sua vida ao serviço e sacrifício próprio por amor ao próximo.
Com o decorrer do tempo manifestou-se o fenómeno de que amor e dedicação, não eram suficientes, só por si, para fomentar a saúde ou vencer a doença. O desenvolvimento da Enfermagem dependia de outros ingredientes essenciais: habilidade/experiência/fazer a mão e conhecimentos.
A destreza manual na execução de procedimentos específicos, uma realidade inclusivamente já entre as tribos primitivas, foi-se aperfeiçoando com a experiência. à medida que se dispunha de mais e maior informação acerca dos males e doenças, foi-se instalando uma atitude que realçava a maior necessidade de mais conhecimentos. 
O conhecimento dos factos e princípios conceptuais iriam proporcionar o impulso para que a Enfermagem se convertesse, tanto numa arte, como numa ciência (Dock e Stewart, 1952).
A cabeça, o coração e as mãos uniram-se firmemente para assentar os poderosos cimentos da Enfermagem. Estes 3 elementos essenciais corresponderiam à ciência, a alma e habilidade da Enfermagem, que, noutro contexto, seriam sinónimos  dos aspectos teóricos e práticos, ético-morais da Enfermagem (Stewart, 1918-1921).
A negligência ou preponderância de qualquer destes 3 elementos daria como resultado um desequilíbrio, nos cuidados de Enfermagem.
A profissão de Enfermagem, que foi evoluindo, através dos tempos, nem por isso alcançou a sua maturidade plena. Continua a crescer e a desenvolver-se a fim de incluir áreas mais amplas do serviço e da prática profissionais e a aumentar as suas responsabilidades. 
Com efeito, nunca poderá "ir além dos instrumentos humanos mediante os quais se aplica, nem dos recursos que estes podem extrair da cultura da sua época e do seu grupo" (Stewart e Austin, 1962, pág. 10) 




A ENFERMAGEM: SEMENTE DOS PRIMEIROS CUIDADOS COMUNITÁRIOS

No dealbar da sua história a Enfermagem pode considerar-se como uma forma embrionária de serviço à comunidade.
Na origem, este serviço relacionou-se com um forte instinto de conservação e protecção da tribo e seus membros. O amor e interesse pela família e pela tribo estenderam-se, por vezes, aos vizinhos e desconhecidos. 
Duma forma rudimentar, este esforço de serviço, concretizou-se no cuidado dos indivíduos que adoeciam. À medida que foram aparecendo civilizações mais sofisticadas, o cuidado dos enfermos expandiu-se para incorporar as preocupação por outras situações humanas.
Os métodos para fazer frente a problemas tais como: a pobreza, a prevenção da doença e qualquer tipo de incapacidade, acrescentaram uma dimensão social à actividade da Enfermagem.
A Enfermeira assumiu as funções que costumam associar-se às assistentes sociais na actualidade. Historicamente, a Enfermeira e a
Assistente Social eram uma só pessoa. Este fenómeno manteve-se até ao nascimento de outro grupo especialmente treinado para fazer face aos males sociais da comunidade.
Então, e ainda hoje, as Enfermeiras continuam de alguma maneira, assistentes sociais, na luta constante contra as condições sociais adversas que influem directamente na saúde e bem estar da sociedade.
 
Ao considerar o progresso social como movimento global - o desmoronamento do espírito de ódio e prejuizos, a promoção de relações mais proveitosas e humanas entre os homens, a organização de medidas práticas e efectivas para aliviar o sofrimento e a miséria, - tornou-se difícil encontrar um grupo laboral que tenha contribuído mais para a soma total do esforço social (Dock e Stewart, 1925, págs 374-375
 
Durante períodos concretos este sentimento de comunidade viu-se influenciado por ondas de consciencialização religiosa, ideais cavalheirescos, patriotismo e democracia, esforços sociais e humanitários...
Em tais situações a Enfermagem combinou-se com outras formas de ajuda caritativa e humanitária.
Sem dúvida, a influência religiosa provavelmente foi a mais poderosa. Durante largos períodos a Enfermagem foi considerada como um chamamento a que podiam acudir unicamente os capazes de renunciar ao mundo.
Esta motivação profundamente religiosa, unida a um elemento de auto-sacrifício, constituía uma qualificação excelente para assumir o papel de Enfermeira. (ver a parábola do bom samaritano)
A preocupação com a saúde pública ou comunitária foi um facto patente na antiguidade e continuou a ser com o desenvolvimento das civilizações.
Quase todasas tribos primitivas adoptaram um determinado tipo de prática saudável com o fim de preservar a saúde. Estas práticas elementares foram-se tornando mais sofisticadas graças aos avanços tecnológicos, que deram azo a melhorias como os sistemas de eliminação (WC).
Com o tempo, a preocupação apliou-se para abarcar a doença e a sua transmissão e começou a dar-se importância ao conceito global de saúde.
Desde os seus primórdios, Enfermagem comprometeu-se com este movimento social, inclusivamente, naquelas etapas em que os seus cuidados constituiram parte integrante da prática dos curandeiros, sacerdotes, adivinhos e parteiras. O serviço comunitário e personalizado nos indivíduos que a constituiam, incorporou-se rapidamente numa concepção básica da Enfermagem que incluia tanto a saúde como a doença.
Estas raízes primitivas da saúde pública converteram-se num factor proeminente do papel da Enfermagem e, em última instância, proporcionaram uma diversidade de serviços comunitários para alcançar esse objectivo. Os ramos do serviço público cresceram como prolongamentos da Enfermagem, chegando a penetrar nas estruturas mais recônditas da sociedade.
As Enfermeiras domiciliárias, as Enfermeiras de saúde escolar, as Enfermeiras de4 Saúde pública (um termo mais antigo para designar as Enfermeiras de Saúde Comunitária), as instituições de Enfermagem e outras facetas do serviço prestado à comunidade nasceram para converter-se, de vida, num componente vital e imprescindível da Enfermagem.   

REVISTA DE IMPRENSA: A NOSSA, CLARO...






 




















MAIS UM JOÃO SEMANA SALVADOR dos SEMABRIGO