domingo, 1 de novembro de 2015

OPÇÕES, OPÇÕES CIRÚRGICAS




Blocos operatórios podiam fazer mais 100 mil cirurgias por ano

Faltam anestesiologistas e enfermeiros especializados para que se possa aproveitar a capacidade instalada em Portugal, revela relatório que traça o retrato actual destes serviços hospitalares.
PÚBLICO/ARQUIVO





Os blocos operatórios dos hospitais públicos davam para fazer mais cerca de 108 mil cirurgias por ano, se fossem utilizados a 100%. A actual capacidade instalada permitiria um  acréscimo de produção significativo, 22,8%, mas, para que todo este potencial fosse aproveitado, seria necessário que os hospitais e o ministério alocassem mais anestesiologistas e enfermeiros especializados. Para o ritmo de produção actual, os cirurgiões são suficientes, mas quase metade das unidades hospitalares afecta menos de 30% do horário dos cirugiões (que seria o desejável) aos blocos.
As conclusões constam do relatório de “Avaliação da situação nacional dos blocos operatórios”, feito a pedido do Ministério da Saúde, e que, em quase 300 páginas,  traça o retrato possível destes serviços que são um dos mais dispendiosos dos hospitais. Basta ver que, em média, uma hora de sala pode ultrapassar os mil euros. Foram avaliadas 569 salas de operação e 170 blocos distribuídos por 45 entidades com 82 unidades hospitalares em todo o país.
Na prática, os dados apurados indicam que temos blocos operatórios a mais para aquilo que estamos a fazer ou, pelo menos, que a capacidade instalada não está a ser devidamente aproveitada. Os autores do estudo, que é coordenado pelo cirurgião Jorge Penedo,  chegam a aludir à hipótese de eventual encerramento de salas de blocos periféricos no grupos dos hospitais mais complexos, o grupo E  (centros hospitalares de Lisboa Ocidental, Central, Norte, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, centros hospitalares de S. João e do Porto). Mas frisam que é necessário ter informação mais rigorosa para chegar a conclusões.
É fulcral também, acentuam, que se defina primeiro qual é a procura a que o Estado deve dar resposta para depois se calcular a oferta que deve existir, até porque há cidadãos que recorrem ao sector social e privado. Por isso é necessário analisar também a capacidade disponível a este nível. “Só aí é que podemos definir se há blocos a mais ou menos”, defende Jorge Penedo.
Uma coisa é certa, enfatizam, há “uma clara margem de rentabilização da capacidade instalada” e os anestesiologistas são, tal como os enfermeiros peri-operatórios, o principal recurso “limitante”. 
Grandes assimetrias
De resto, detectaram-se grandes variações, assimetrias e inúmeras incongruências. Desde logo o custo médio de hora de sala varia substancialmente de hospital para hospital. Nas unidades que enviaram dados (pouco mais de metade), os custos oscilam entre os 977,50 euros nos hospitais do grupo C e os 206 euros nos IPO (Instituto Português de Oncologia). Há mesmo um número que extravasa todas as médias: mais de 4 mil euros/hora na Unidade Local de Saúde de Matosinhos, custo de hora de sala por grupo de benchmarking, o que não é explicitado no estudo.
Também o rácio de salas dos blocos por 100 mil habitantes varia de forma significativa, com o da região Centro (2,82) a corresponder a mais do dobro da do Algarve (1,33). Os hospitais do grupo D, de média complexidade, são, por outro lado,  os que utilizam mais as salas de operação e os do grupo A (mais pequenos) são os que menos doentes operam.
Quanto à média de tempo de espera, também há assinaláveis variações regionais. O IPO de Lisboa destaca-se por ser o que tem mais doentes operados fora dos prazos limite previstos na lei, mais de um quarto (28%) do total.  Aliás, a média dos IPO (13,8%) é quase o dobro da nacional (7,4%), porque nestes institutos o tempo máximo garantido para que um doente seja operado é substancialmente inferior.
Relativamente à mediana de tempo de espera, esta é de 93 dias, em geral, sendo que no Hospital Garcia de Orta (Almada) ascende a 191 dias. No IPO de Lisboa é de 44 dias.
Lembrando que o financiamento dos hospitais “direcciona 29% dos recursos” para a actividade cirúrgica, os autores recomendam, no final, que se aumente a dotação das horas de bloco, que se crie um novo modelo de governação para este serviço,  com um contrato de gestão e um plano de acção negociado anualmente , além de uma contabilidade uniforme. Defendem ainda  que deve haver uma sala operatória dedicada à urgência em todas as unidades com urgências médico-cirúrgicas e polivalentes e notam que é preciso investir na qualidade, observando que apenas 36% das salas estavam certificadas ou acreditadas.
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Esquecem os ingénuos que os paradigmas ou epistemes, segundo Michel Foucault (in arqueologia do saber: "as palavras e as coisas" edição de edições 70).
Segundo ele nós estamos condicionados pela episteme em vigor.
O exemplo que dá na sua teoria é o do D.Quixote, Cavaleiro da Triste Figura, que fez a figura que fez, porque pensava e agia segundo o paradigma ou episteme da analogia (Deus fez o caminho e está nele é só descobrir o sentido do caminho (episteme) para o encontrar.
Mas, entretanto, o paradigma vigente era o da ciência, onde imperava a razão e não a, como no anterior, o da analogia.
No paradigma ou episteme da assistência, imperavam as obras de misericórdia e a caridade cristã, nos hospitais das Misericórdias.
Os Médicos, as freiras Enfermeiras diplomadas ou a diplomar e o capelão eram a equipa que tratava, por caridade, os desprotegidos doentes.
Mas, entre eles, vinham os que tinham a leirinha e a vaquinha, um negociozito, etc; esses eram encaminhados para a zona privada médico-cirúrgica. Aí eram tratados e, indirectamente, na sua factura, estava implícita uma percentagem, para as obras de misericórdia, porque era na sua procura (dos endinheirados, entenda-se), que uma boa parte da benemerência médica era exercida.   
Sucede a este paradigma da Assistência, o paradigma da Previdência (onde se compravam os direitos à saúde), a que se segue o paradigma da Segurança Social.
As cirurgias atrasadas, as listas de espera, os anestesistas (hipoteticamente em falta), não são mais do que adaptações serôdias do paradigma ou episteme da "Assistência", para encaminhar para a medico-cirurgia privada o que devia ser feito na pública e social.
Os esquemas usados para justificar, até uma privada, no sector público o célebre (SIGIC), dependem da imaginação (caritativa) para criar e publicitar a necessidade, para depois actuar sobre ela. 
Quando cheguei ao HSJ para ocupar o Lugar de Enf.º Director deparei com menos 31 Enfermeiras nas 11 salas do Bloco Central, vagas que preenchi.
arranquei pela raiz o argumento de que não havia enfermeiras e por isso as cirurgias eram adiadas e desviadas (como nas misericórdias).
Como o director do HSJ era anestesista com uma tipa que parece ter ido para juíza, inventaram uma trama que Correia de Campos, Ministro da Saúde, usou para me expulsar do cargo.
Até arranjaram outra tipa que provocou o Enfermeiro chefe do Bloco Central que estava a fazer um trabalho excelente e... lá vai processo: o chefe por ofender a sensibilidade da tipa; o enf.º director por usar mal os recursos do HSJ, ao preencher as vagas propositadas para o cambalacho.
Mais tarde e de regresso por imposição do tribunal administrativo e derrota do governo que me depôs com a prestimosa ajuda do Director da Faculdade de Medicina do Porto, Prof. Amarante, ainda tentamos por as Enfermeiras a reconhecerem o que fazem nas anestesias, mas o monopólio não permitiu e contou com a prestimosa ajuda das enfermeiras, que não quiseram assumir o papel que desempenham nas anestesias.
Já há 12 anos que o monopólio dos anestesistas neutralizava a vontade de fazer mais dos cirurgiões, que como o Prof. Amarante queriam render mais e não podiam com a evidente sabotagem dos anestesistas.
Enquanto não puserem as Enfermeiras a anestesiar, como já se faz em inúmeros países onde os nossos sabotadores foram buscar a táctica, hoje anulada pelas Enfermeiras desses países, como pretendi fazer no HSJ e o director anestesista de profissão mandou o Correia de Campos com um processo, que quando tiver algum tempo disponível, hei de dar a conhecer, pois até foi assinado pelo dito ministro que já o não era e por isso falsificou a data para quando ainda era ministro (para o que uma mãe cria um filho...).
Falta coragem aos governantes para anularem o paradigma da "Assistência Social", numa era em que vigora o paradigma da "Segurança Social", filho do  "Estado Social", com que alguns lavam a boca.
Há umas pequenas/grandes diferenças:
1 - Os Médicos não são benemerentes, nem trabalham de graça como acontecia nas misericórdias; são funcionários do Ministério da Saúde que consomem 85% das remunerações totais do referido Ministério;
2 - As vítimas fizeram os seus descontos e têm o direito a serem tratados nos Serviços Públicos, o que não acontecia na época da vaquinha e da leirinha, que vendiam para pagar as intervenções nas privadas, que funcionavam nas chamadas Ordens Terceiras: Carmo, Lapa, Terço, et cetera, hoje em vias de extinção.
3 - O problema é de fragilidade corporativa de uns e força corporativa oposta de outros.
Que se trata de um paradigma ultrapassado; não tenho dúvidas;
Que se trata de um roubo descarado, também não.
Mas, quando o fiscal das finanças não exigiu recibo com IVA e tudo o que o fisco exige, para não ser mal encarado pelo Médico, há, aqui, um "quid", qual tumor maligno, que é preciso remover. 
Haja coragem e vontade!
Com amizade,
José Azevedo

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