sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

DO COICE DE UM BURRO NINGUÉM ESTÁ LIVRE, MAS DE UM NÃO BURRO É FÁCIL LIVRARMO-NOS


Na minha vida pessoal,tenho tido muitas faltas de retorno, vulgo gratidão e reconhecimento, pelo bem ou mal que produzo. Mas, por outro lado, não é esta falha, que me retira o benefício, que consigo extrair das compensações, para com os meus métodos.
M. Soares era um Médico Psiquiatra duma Cliníca da Santa Catarina, que trabalhava com duas Enfermeiras. Tratava as neuroses progressivas de Senhoras com maridos ricos e muito ocupados e saídos, logo ausentes.
Dª Marieta era esposa de um amigo meu, Nunes Rafeiro, que era de origem holandesa, ela, e chanceler do consolado da Holanda, no Porto.
Fui convidado para uma pequena festa no referido consulado.
De origem holandesa, era também,a esposa de M.Soares, o tal Médico psiquiatra de pessoas, que podiam pagar as suas consultas, pois fazia-se caro e gabava-se de que, às suas consultas, somente tinha acesso quem as podia pagar.
Dizia ele, no grupo onde eu estava, formado pelo casal Nunes e M.Soares:
«Tenho duas Enfermeiras a trabalhar comigo a quem faço chorar uma em cada dia e, às vezes as duas, no mesmo dia
No seu holandês aportuguesado, a esposa de M.Soares desculpou-o dizendo: «No serviço ele é assim, mas, lá em casa, quem lava a loiça e faz o jantar, quando vem a horas, é o meu marido».
M.Soares, nem sonhava o quanto esta intervenção oportuna da sua esposa holandesa, serviu de lenitivo suave, para a minha revolta reprimida...
Moral desta pequena história: o tigre, que fazia caras feias, no serviço, para pôr cada Enfermeira a chorar, dia sim dia não, lá em casa, era cordeiro manso, porque a holandesa, sua esposa de sangue wiking, sabia impor-se e dividir tarefas. Uma questão de método, adequado às situações.
Eu não disse uma palavra, mas registei este prémio, que o acaso me proporcionou, para confirmar a teoria de que  "A MELHOR DEFESA É O ATAQUE", porque, enquanto um ataca o outro defende.
Aqui o ataque subtil foi praticado pela holandesa.
A propósito;
Há num grande Hospital, em Lisboa, um Sr. Dr. ou Médico, que embirra com uma Enfermeira e, depois, com outra Enfermeira e, armado em director de serviço, que, na hierarquia, é o equivalente a chefe de serviço ou Enfermeiro Chefe, impõe a saída das pessoas com quem embirra.
Se fizerem, desta vez, a vontade a este tipo asnático de Médico, não se admirem, nem espantem, que puxemos pelos galões e passemos ao ataque, na defesa do respeito, que as nossas Colegas merecem, perante os M.Soares, pois quem os pode pôr a chorar, somos nós, ainda que seja necessário recorrer à cebola descascada.
1 - A hierarquia da Enfermagem é própria e o dito "chefe de serviço médico", pomposamente director (no nosso projecto de ACT, já temos este grau de director de Enfermeiro, ao nível da unidade ou serviço), não tem caprichos nem poderes disciplinares, para o lado das Enfermeiras. Nem vamos permitir que os inventem, agora.
1.1 - Porque não são Enfermeiros e, como tal,  não sabem nada de Enfermagem e das suas competências, legalmente falando;
1.2 - O seu papel de director é para o lado dos Médicos, pois as chefias de Enfermagem têm os Supervisores e o Director de todos os Enfermeiros, porque a Enfermagem é autónoma. Não é só a medicina que é autónoma. E os Médicos se gostam que respeitem a sua, têm de se habituar a respeitar a dos outros. Às vezes tropeçamos nuns "sui generis", que por questões culturais próprias, não pensam como nós.
2 - Aproveitam-se do respeito habitual que as Enfermeiros têm pelos Médicos e pervertem esse respeito, até com tiques irracionais, como é o caso;
2.1 - Noutros casos, são os próprios Enfermeiros que, para não sairem do rame-rame-deixa-andar, não cortam, à nascença, este tipo de tiques histéricos ou de impotência, mal disfarçados.

Colegas, é neste caso, que vamos fazer pedagogia, para que conste e fique, como modelo inspirador futuro, para acabar com estes tiques e toques.
Claro que o modelo é uma miniatura, que serve para inspiração do arquitecto, que vai construir a obra.

3. Ou este tipo de nervopatas, aceita o nosso conselho, tipo receita-enfermeira e trata-se por meios próprios, que lhes prescrevemos; ou nós tratamo-los, aplicando terapias mais radicais e, por nós manipuladas, porque as farmácias, ainda não manipulam os nossos remédios.

Descansem, porque se o nosso conselho não der resultado, vamos ter de afiar as garras. E também vão ficar a saber de quem se trata.

Para ilustrar este tipo de tiques, que se manifesta, de várias formas e feitios e em várias circunstâncias, aqui, vai mais uma:
Iniciei a minha actividade profissional, no serviço de Urologia, no HSJoão.
Numa intervenção cirurgica de grande tecnicidade e melindre, a tesoura não cortava como o cirurgião pretendia e as circunstâncias exigiam. E atirou com a tesoura impelida, pelo seu tique nervoso que, antes de repousar no pavimento, passou pelo meu pé, calçado com sapatos de lona e magoou-mo. Doeu-me muito.
Apanhei a tesoura e arremecei-a, contra um daqueles espelhos,  onde se miram as radiografias, conhecido, vulgarmente, por negatoscópio.
Surpreendido com a força do meu gesto, como eu havia ficado com o do cirurgião, o referido aparelho partiu-se, com estrondo.
Ao cirurgião avisei-o de que numa próxima ação, deste tipo, iria corrigir a pontaria e acertar, no alvo próprio.
O distinto professor, que o foi, depois de mudar de farda, veio pedir-me desculpa e garantir que tal não se repetiria, reconhecendo esta atitude de arremeço, como animalesca, irracional.
Iniciou-se aqui, um longo período de respeito mutuo, em que ambos crescemos um pouquinho.
Trabalhava há 15 dias, mas todos os circunstantes ficaram a perceber que o meu respeito pelos outros exigia reciprocidade, como manda a ética.
Com amizade,
José Azevedo

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