O BARULHO DO COSTUME, MAS...

LÁ FORA, A CHUVA CAÍA
MUITA, MUITA E FRIA,
MAS O BARULHO DIFERENTE QUE OUVIA
ANUNCIAVA QUE A COISA NÃO CORRIA
BEM.

ESPREITEI
PELA JANELA.
VEJAM O QUE ENCONTREI

ATENTEM NA SEQUÊNCIA DO FILME  E VEJAM SE NOTAM AS DIFERENÇAS OU METAMORFOSES SUCESSIVAS, NO ART.º 12º DO DL 298/2007

A VERSÃO ORIGINAL DO ART.º 12º DO DL 298/2007

I NB: SAI MÉDICO EXCLUSIVISTA

VERSÃO Nº 1 DAS ALTERAÇÕES PROPOSTAS AO SUPRACITADO ART.º 12º, Nº 1

II NB: ENTRA LICENCIADO E MANUEL SORRI INGENUAMENTE

VERSÃO Nº 2 DO ART.º 12º

III NB: ENTRA MÉDICO EXCLUSIVISTA, COMO SE PODE LER, ABAIXO, EM 1 [E OS 3 PONTOS] PONTO

VERSÃO Nº 3 E REDAÇÃO FINAL DO PROJETO DE ALTERAÇÕES AO CITADOS DL 298/2007

NOTA: Comparem o nº 1 [...] da versão 3 e última, ao que nos informam do Ministério e à qual fizemos propostas de alterações, por descargo de consciência, mas conscientes da nossa ineficácia, comparem, ia dizendo, esta versão final com o nº 1 da original e, finalmente estas 2, com o nº 1 da versão 2.
Quando fiz esse exercício, intui as causas do ruído estranho, mas abafado, fazendo lembrar o som daquelas trompetes com um abafador à saída do som. Como a quererem que ouvisse sem ouvir, ou seja; ouvir sem comentar.
Isso é que era bom!
Lembro a expressão de alegria do Manuel, quando no dia 20 de Dezembro de 2016, nos dizia, na reunião havida no Ministério da Saúde, que os Enfermeiros, também podiam ser coordenadores de USF.
O que disse a seguir, já nem eu me lembro, porque pensava na gesta que deu origem às USF, na mira das do modelo B, de que foram os primeiros a comer.
Ele, Manuel, não sabe quantos garrafões de água benta o Dr.Paulo Mendo encomendou, em 1980/81, para o concurso do cascalhão,  que sobrou da peneiragem, que selecionou a areia fina para os hospitais e tinha de conseguir um concurso "abençoado", para ocupar esses calhaus com 2 olhos, alguns dos quais eram da geração dos que, no Instituto de Engenharia, na zona do Amial, em Assembleia Magna, ameaçaram os professores da Faculdade de Medicina do Porto, com instrumentos convincentes, que iam, desde as correntes de bicicleta, passando pelos tacos de basebol e acabando em garrafas de vidro, tudo serviu para convencerem os professores a fazer-lhes exames de 3 cadeiras, por semana. Eu vi alguns deixarem cair uma lágrima emocional, das que não se vendem nas farmácias.
A forma como expulsaram, humilhando, os verdadeiros Médicos dos Postos Clínicos das Caixas de Previdência, em vias de nacionalização, os quais em duas horas de consulta, sem conhecerem a família, descobriam mais doentes-doentes do que estes, de hoje, num mês de registos justificativos de incentivos financeiros, dá que pensar.
O Manuel não os conheceu nem estava lá, por isso tem pensamentos ingénuos; mas eu era Enfermeiro Superintendente, desde 1976, das Caixas de Previdência do distrito do Porto e assisti a essa gesta malvada e conheço, tanto os que acabaram o curso de medicina em 2 anos, como os que lhes sucederam. Eles andam por aí.
As atividades de esquerdalhos, que desenvolviam, não lhes deixavam tempo para estudar, daí os exames relâmpago; daí a invenção dos "médicos de família" e a recomendação para irem morrer longe.
Como a Natureza tem horror ao vazio, são eles que, relativamente, conscientes das suas limitações e ignorância, entopem as urgências, onde por vezes, vamos encontrar outros, ainda mais ignorantes, comprados na candonga.
Mais culpados do que eles, é quem promove o modelo de assistência primária e o quer perpetuar, quando o devia ir extinguindo.
É nesta fase, que entram os Enfermeiros, de pleno direito, pois é deles esta área de assistência, quando deixar de ser indústria lucrativa.
O Bom do Manuel, sorria, disfarçadamente, com a possibilidade dos licenciados em Enfermagem também poderem formar USF e coordená-las, pois já há vários a ocuparem os cargos de Diretores Executivos de ACES, sendo os mais furiosos promotores das USF. É o método de tirar a sardinha do lume com a mão do gato, para não se queimarem. E a mão do gato que se lixe...
Mas os Enfermeiros, ainda não têm consciência plena do seu valor, porque há muito ruído, à sua volta, a distraí-los e a dividi-los, a amedrontá-los, porque sabem que estes esquemas têm os dias contados, visto que não têm consistência real.
Longe, mas não muito, já se ouve o tratador avisar: «sossega, jacaré, porque a lagoa vai secar»!

E o eco responde: «Quem torto nasce tarde ou nunca mais se endireita»

Com amizade,
José Azevedo