quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

ORDEM E DESORDEM



Eduardo Oliveira e Silva 22/02/2017

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Uma ordem a pôr na ordem

São perturbadoras certas notícias sobre alegadas irregularidades na Ordem dos Enfermeiros, tardando que o Estado esclareça as situações ali e noutras instituições com responsabilidades públicas

1) Nas últimas semanas, trabalhos jornalísticos da TVI e outros jornais revelaram a alegada existência de práticas remuneratórias e de atribuição de diversas vantagens económicas potencialmente ilegítimas por parte da atual equipa dirigida pela bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco.
Sendo certo que as denúncias partiram de elementos ligados à instituição e que dela foram afastados, o que pode esconder intenções vingativas, a verdade é que os alegados factos relatados são graves e envolvem verbas mensais que chegam a rondar 1500 euros recebidos por via de quilómetros supostamente feitos em automóvel próprio, além de despesas de representação e, digamos, de ornamentação pessoal.
Desde que a atual bastonária tomou posse, a Ordem dos Enfermeiros, da qual têm de ser obrigatoriamente membros todos os profissionais de enfermagem, pagando nove euros por mês, tem estado em foco devido à sede de mediatismo da bastonária. Sabendo-se que há cerca de 60 mil enfermeiros que são mal pagos e contribuem, é caso para citar o provérbio de que “a ordem é rica, mas os frades são pobres”.
Acolitada por um grupo de pessoas de estrita confiança e que, nalguns casos, exerceram funções de responsabilidade no parlamento e junto do executivo anterior, Ana Rita Cavaco tem gerido a ordem como se de empresa sua se tratasse. Ora, a Ordem dos Enfermeiros está sujeita à tutela administrativa do Ministério da Saúde, que não pode deixar de saber e de se pronunciar sobre o que ali se passa, tanto mais que junto do atual ministro trabalha um ex-vice presidente do conselho diretivo anterior. Além disso, o Tribunal de Contas, o Ministério Público e a Autoridade Tributária têm também capacidade de intervir e averiguar os alegados factos ocorridos numa instituição que tem responsabilidades delegadas pelo Estado. Aliás, essa necessária averiguação deve estender-se à gestão anterior, relativamente à qual também surgiram notícias dando conta de situações eventualmente ilegais ocorridas no mandato do anterior bastonário, Germano Couto.
Os enfermeiros portugueses são dos melhores do mundo. Constituem o grupo profissional que assegura o tratamento e acompanhamento permanente dos doentes internados, em condições muitas vezes dramáticas. Trata-se de uma classe cujos membros têm sido obrigados a emigrar aos milhares, felizmente com grande capacidade de arranjar trabalho dada a preparação de excelência dos seus membros. Profissionais desta qualidade não podem ter uma ordem que esteja na berlinda por razões negativas. Importa apurar o presente e o passado recente da instituição para não causar danos a todo um grupo profissional que, todavia, terá de ter maior participação e critério nas suas escolhas.
2) As surpresas desagradáveis sucedem--se no universo Montepio, uma instituição centenária que sempre foi referência positiva, mas que agora não sai dos jornais por motivos negativos, tanto na Caixa Económica (o banco) como na área mutualista (dona do banco). Na parte bancária há confusão com despedimentos e medidas de assalto ao bolso dos clientes, que vão, por exemplo, passar a pagar dez euros por uma caderneta que até agora era gratuita, salvo se tiverem menos de 18 ou mais de 64 anos. Um escândalo. Na área mutualista, semanalmente há relatos jornalísticos que transportam insegurança aos associados e clientes bancários, como a circunstância de Tomás Correia, o líder da associação, ser arguido num processo, o que, não pressupondo culpa, não traz estabilidade. Quanto ao banco, há que dizer claramente não ser aceitável que a nova gestão quase se limite a despedir e a sugar clientes na tentativa de recuperar passivos. Deve, sim, é fazer negócios que rentabilizem o dinheiro de depositantes e mutualistas e evitar e esclarecer negociatas passadas que resultaram naquilo a que eufemisticamente se chama imparidades. Talvez seja útil que o Banco de P ortugal e o Ministério da Segurança Social venham, enquanto tutelas, explicar direitinho o que se passa.
3) Um dos atuais responsáveis máximos da associação mutualista do Montepio é Fernando Ribeiro Mendes, ex-presidente da Fundação Inatel (que o Estado apoia anualmente com 11 milhões de euros). Ora, durante a gestão deste ex- -secretário de Estado de Guterres no Inatel, para onde, curiosamente, foi nomeado por Mota Soares no governo anterior, desenvolveu-se um projeto de franchising social chamado Mesa Portuguesa que, em vez de ajudar desempregados, lhes criou dificuldades suplementares, conforme relatado no “Sexta às Nove” da RTP. Mais uma curiosidade da economia social portuguesa.
4) O nosso Presidente não perde uma oportunidade para condicionar decisões. Há dias foi vê-lo falar do futuro aeroporto do Montijo como se fosse uma realidade, apesar de faltarem estudos de toda a ordem, nomeadamente ambientais. Não obstante, Marcelo mandou-se para a frente e sugeriu Mário Soares para nome da eventual infraestrutura. Uma espécie de Lucky Luke da política, este nosso carinhoso e dinâmico PR que não perde tempo a disparar opiniões. A intenção pode ter sido boa, mas foi deslocada. Mário Soares merece bem mais do que dar nome a um aeroporto complementar. E a propósito circula uma oportuna petição para que o nome seja Sacadura Cabral.
Jornalista
Nota:

Como eles vêem a situação da Ordem.
Afinal a Ana Rita tirou o alimento às víboras e agora têm-nas de boca aberta e às dentadas no vazio.
Então aquela V.P. de dentes desalinhados e olhos esbogalhados por lhe terem tirado a sustentação, tem cá um conjunto de infrações que o Zé dos Anzois lhe forneceu, que até parecem conversas de alcova.
Parece que estão a dar razão ao processo do "meu querido" e da "querida minha".
Este ....êdo, não estar a ter graça nenhuma, pois é a Enfermagem que está a dar um triste espectáculo e um financeiro duplamente suspenso e começa-se a ver porquê, que não perde nada com as suas denúncias, mas perde a Enfermagem.
Venha lá esse veneno viperino cá para fora, que já estamos a preparar o antídoto.
Com amizade e compreeensão,
José Azevedo

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