sexta-feira, 16 de agosto de 2013

TRIAGEM MAL FEITA... [2]

NB: Esta já era esperada!
A pergunta é por que demorou tanto tempo o Sr. Bastonário da Saúde e da Doença a atacar a triagem feita por Enfermeiros?

Enquanto outros países, que estão no cimo da lista da qualidade, como a Holanda, mais próximo; a Austrália, mais distante, já não têm Médicos, em presença física, nas urgências. Estão à chamada, quando os Enfermeiros entendem, que são precisos.
É uma outra forma de fazer triagem, mas mais eficaz, pois os Enfermeiros dependem de si mesmos.
Pois, enquanto esses países "pobrezinhos" afastam os Médicos das Urgências e os mandam dormir a casa, em Portugal, o Bastonário da Saúde (mais parece um superministro), já explora erros da vida humana, pois, "quando o mal é de morte, o remédio é morrer", para os dependurar nos Enfermeiros, prevenindo as perdas que os Médicos vão sofrer, à medida que forem reduzindo as urgências.
Como; «em terra de cego quem tem olho é rei», lá está o Bastonário da Saúde, essa polivalência activa, a meter-se onde não é chamado, empurrando os Enfermeiros, para colocar os infalíveis Médicos, que até conseguem, segundo o Bastonário, antever e prevenir as situações imprevisíveis, espontâneas, porque se especializaram na interpretação de sinais insidiosos, que são os que causam insídia, que em mulheres desnorteadas e com 38 anos, até podem matar.
Deste modo: [segundo o bastonário a triagem deve ser aplicada "por Médicos experientes (adivinhos) e não Enfermeiros, pois só os médicos têm a formação necessária para se aperceberem dos sinais insidiosos, que podem apontar para situações potencialmente mais graves". a Triagem de Manchester não possui um grau de segurança fidedigno, pelas limitações das poucas  dezenas de protocolos incorporados"]. Assim falava o sábio Bastonário da Saúde que, de tão entusiasmado com o seu saber (é só ciência desumanizada) nem reparou que podia ter de se confrontar com uma pessoa que foi 10 anos Enfermeiro Chefe duma das mais concorridas urgências, na época, a do Hospital de São João, década de 66 a 76.
A primeira conclusão gerada por longas horas de observação atenta é: quando o Enfermeiro se descontrola o sinistrado morre;
A segunda conclusão é que médico não tem condições para fazer triagens, esta ou outras, exactamente, por excesso de sabedoria, ainda que baseada em ciências exactas.
Foi tentada, nos anos 90, uma experiência de pôr médicos a fazer triagens. O gabinete situava-se à direita da porta de entrada nas urgências.
A muita sabedoria fazia com que o Médico triante, em vez de despachar o sinistrado, espraiava-se pelas várias hipóteses de diagnóstico o que resultou em rotundo fracasso, a hipótese frustre de ser o Médico a fazer triagens.
Porque, se o método não tivesse nascido morto, já de há muito que os Enfermeiros não ocupavam um posto de trabalho que a gula Médica necessariamente engoliria, como fez e faz nos Cuidados de Saúde Primários, onde o Bastonário da Saúde classifica os Enfermeiros de "porteiros", provavelmente, já com algumas sinaléticas de Manchester, a bailarem-lhe, na mente e a salivar para comer mais um posto de trabalho aos Enfermeiros, na inevitável redução de Médicos, nas Urgências, necessidade imperiosa, que a mais desenfreada sofistica tem mantido, desnecessariamente. Na terra de cego...

Vamos à cena da mulher, que morreu nas mãos dos Médicos e que a Enfermeira se esqueceu de [predidizer] que preparassem tudo, incluindo uma certidão de óbito, para escrever lá a causa de morte "indeterminada", enviar à Medicina Legal para autópsia.
Mas a Enfermeira é um ser humano, que erra, porque "errare humanum est". São assim, todos os Enfermeiros/as: humanos que erram.
A sua formação está dentro do humanamente possível; destina-se a corrigir os erros próprios e os dos Médicos, que também erram se não estão possuidores daquela formação "esotérica" para a infalibilidade de que fala o Sr. Bastonário da Saúde, que até nos faz rir, lá do auge da nossa limitação humana, ao vermos garantida tal formação divinatória capaz de antecipar, através de sinais insidiosos potenciadores de situações mais graves.
Todavia, não os identificaram, quando viam a mulher, que deixaram morrer. Mas exigem que o Enfermeiro os visse num relance, em que os doentes contactam com esse Enfermeiro, que os encaminha, segundo as aparências, o mais bem que pode e sabe.
Mas encaminha-os para o interior do serviço, não para a rua, onde deviam esperá-los os interpretes de sinais insidiosos. E o que acontece depois do triante, no interior do serviço, já não é da sua responsabilidade, como foi o caso bem mal aproveitado e que cai pela base, se forem feitas as perguntas, que o artigo da revista médica suscita.
E se formos ao fundo da questão, onde estão as infalibilidades médicas, que não conseguiram salvar a mulher possuída do síndrome de JEC (Jesus Está a Chamar), aliás auto-diagnóstico feito pela falecida, o que levou a Enfermeira, não preparada em insídias,  a pensar que não seria um JEC, por isso a encaminhou para a psiquiatria.
Já agora, o articulista Médico que escreve na revista médica a boçalidade de classificar a triagem de "mal feita que mata mulher", saberá onde estavam os materiais "reanima"(dores) e quem os soubesse usar, que incentivei a montar e aperfeiçoar, para situações de recurso imediato; as possíveis emergências, como é o caso aproveitado, (mal e que só papalvo engole) não só para as localizadas no serviço de urgências (como foi o caso), mas em todo o hospital, seja ele qual for, anónimo, ou nónimo ?
O Conselho de Administração de que fiz parte, com Cunha Ribeiro, deixou isso tudo muito afinadinho, nas urgências do HSJ!
Por que não se organizam os outros, assim?
Ou será que foi o articulista médico da revista dos médicos que não teve outra maneira de se desculpar da sua inabilidade em reanimação de ermergência e foi culpar a triagem que já tinha acontecido.
Estes cientistas infalíveis deviam suspeitar que, já há Enfermeiros, que estudam lógica. E a lógica tem raizes no "logos", donde vem o "logia" que dá caução ao que é ciência, por isso podem interpretar os especialistas em sinais insidiosos, com eficácia e sem se deixarem ludibriar com construtos boçais.E,
por que está o sr. Bastonário da Saúde a passar por cima da incapacidade evidente de, "estando o médico a ver a doente", não conseguiu evitar que o JEC se concretizasse, porque não tinha a tal preparação, que Bastonário tanto atira aos olhos de quem os não tem fechados e que, até, faz corar de vergonha os colegas de quem fala desta maneira e são humildes ao ponto de reconhecerem que: «quando o mal é de morte, o remédio é morrer».
Temos de fazer um esforço para acbar com o mito de que se se for ao Médico nhem se morre nem se sofre, porque o Povo interroga-se:
«Há 2 coisas que não consigo entender:
1 . Ser padre e ir para o inferno;
2 . Ser Médico e morrer
Também não diz se na tal formação rotulada está incluída, além da descoberta instantânea de sinais insidiosos, a prevenção do síndrome de JEC. E ainda, se essa formação é inacta ou adequirida e, onde, a sua aquisição?
Em Aveiro, a Enfermeira da triagem fez uma previsão de atendimento, até uma hora.
A doente esteve encostada 4 horas e meia, no corredor. Foi então que quiseram vir acusá-la de triagem mal feita, quando, além da hora que previu, na cartolina amarela (até 60 minutos)durante a qual a mulher devia ser atendida, esta ainda esteve mais 3 horas à espera até que se cansou de esperar e partiu, porque o mal era de morte, com ou sem consentimento médico.
Esboçaram a tentativa de culpar a Enfermeira.
Nós recorremos à lógica para a defender. Era evidente a sua inocência. Seria relativamente culpada, se a catalogasse com a cor azul (240 minutos), pois além da triagem está o trabalho da equipa, não está?
Finalmente, até o Sindicato da contrafacção aproveitou para colher os louros de batalha, que não travou. É só ficção e aproveitamento!
É por coisas destas que hospitais, bem mais endinheirados que os do nosso país, já só têm Enfermeiros, em presença física. Gastam os recursos racionalmente, não vão em cantigas bastonárias ou outras.
Quando a triagem chegou ao nosso país, já havia várias tentativas de humanizar a entrada dos doentes nas urgências e encaminhá-los reduzindo as distâncias, ou seja, tempos mortos, que complicam as urgência pelas angustias que causam e podem ser evitadas. O HSJ foi pioneiro, com a triagem feita por Médicos, que não resultou; com a presença de Enfermeiros junto da porta, método que evoluiu para a triagem de Manchester, que não é perfeita, por isso tem de contar com a interpretação do Enfermeiro, porque foi feita na perspectiva do Médico e há-de sê-lo, na perspectiva do Enfermeiro, onde os insidiosos têm o enquadramento correcto.
A triagem não é um processo de fazer um diagnóstico relâmpago, por peritos em captar os sinais insidiosos que podem apontar para situações graves.
A triagem é para os introduzir, no serviço, o mais rapidamente possível, segundo uma ordem estimada. que não dispensa, nem uma segunda triagem, nem a vigilância atenta.
Aliás, o método, onde as suas fases e previsões são respeitadas, é reconhecido mundialmente, como eficaz. Em Portugal tem a ver, primeiramente com esta respeitabilidade que o Bastonário da Saúde lhe atribui; seguidamente, com os que seguem as bastonadas do Bastonário, à letra e, finalmente, com o chega-para-lá, que é o jogo dos Médicos, com os Enfermeiros, porque estes, ainda estão, num processo de endurecimento e resistência a estas habilidades. Até os ensinam no que sabem, inocentemente, para potenciarem o "sai daí", que vai vindo disfarçadamente, com as bastonadas e sem elas, que dão a noção aos ignorantes de que o Enfermeiro é o que Médico quiser que seja. E não é, apesar da burrice da "complementaridade"!
O algoritmo da triagem de Manchester, repito; até foi feito por Médicos para Enfermeiro fazer triagem.
Ora, os Médicos ingleses, que não devem ter, ao que tudo faz crer, aquela formação esotérica e divinatória exaustiva,   que têm os que vão ficar sem emprego, nas urgências, cá, com as restrições: limitaram-se a pôr o indispensável no algoritmo para encaminhar rapidamente os doentes, não para diagnosticar. Aqui, começa a confusão do eficiente Bastonário da Saúde Portuguesa, acerca de triagens, não insidiosas.
Além disso o imaginário e cultura populares inglesas não permitem ao profissional de saúde, Médico ou não, descarregar no outro do lado as culpas próprias, porque o respeita. Florence Nigthingale era inglesa e fez escola.
É que para saber o que realmente foi triado e têm lá, no interior do serviço, não à porta, imaginaram que devia e deve estar gente atenta; outros Enfermeiros, na sala de espera e Médicos por perto, claro.
Mas isto já não é triagem, nem a triagem serve de desculpa para o que de bom ou mau acontece, no interior do serviço. A triagem é um flash, no processo; é encaminhamento, sobretudo.



 
NB:
      Está é a síntese explicativa do que é o método de triagem modelo Manchester.
Não tem aqui a pressão do Bastonário da Saúde, para arranjar colocação para os Médicos, empurrando os Enfermeiros, como se disse, enganando toda a gente ao publicitar que o Médico não comete erros e que até é capaz de prever o imprevisível, estudando os sinais insidiosos, que armam insídias, pregam rasteiras, traições, maldições, azares, isto para só citar os que vêm como exemplo no dicionário mais moderno.
E pensava eu que os Médicos tinham seguido a via da ciência e não a da reminiscencia do xamanismo, prática de curandeiros samoiedos, turcomanos, e muitos outros, ainda antes de Hipócrates ter sacado esses conhecimentos do pastor com quem partilhava a gruta, na Ilha de Cós - Grécia e ter escrito o seu código deontológico, que fazia jurar aos seus apóstolos, como era prática, alias, na era pré-socrática, das escolas filosóficas com cunho de éticas.
É por de mais evidente que algoritmo feito por Médico para Enfermeiro se orientar não pode dar boa coisa.
Logo em 2003, sendo enfermeiro director do HSJ, por eleição, cedo me apercebi das lacunas que era preciso preencher, pois Enfermeiro sabe fazer mais e mais bem.
Uma das lacunas é olhar mais para o doente e menos para o computador.
Por exemplo quando um doente aborda o Enfermeiro e diz que se sente enjoado e sem forças o Enfermeiro deve olhar para as mucosas e ver o seu colorido, pois de contrário não perspectiva que os enjoos são devidos a dois litros de sangue que se verteram no estomago. É que por enjoos pode entender-se muita coisa, mas a cor das mucosas, neste caso não deixa dúvidas.
Portanto são os Enfermeiros que têm de aperfeiçoar o algoritmo por várias das vias que também conhecem.
Seguir à letra o algoritmo nem é bom para si nem bom para o sistema. Mas para isso é preciso treino e motivação e condições de trabalho, para um licenciado que também e merece tanto respeito no que faz, como o Médico ou outro.
Este Bastonário da Saúde ainda não intuiu bem o que é hoje um Enfermeiro, em termos académicos e organizacionais, pois também têm uma Ordem que não lhe devia permitir intromissões abusivas nas competências dos Enfermeiros que não são miscíveis nem substituíveis pelas dos Médicos. Isto porque a Ordem dos Enfermeiros define o "acto Enfermeiro" como a dos Médicos define o "acto Médico", com igual competência e legitimidade, porque são organismos equivalentes, nos seus poderes.
E quem abusa mete-se na linha, que é o que estamos a fazer.
E se o Sr. Bastonário da Saúde quiser uma boa centena de histórias que contradizem a sua fé no médico detector de sinais insidiosos, a minha experiência nos 10 anos de urgência proporcionou-me uma boa centena delas!

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