terça-feira, 23 de maio de 2017

CORTES E GASTOS DO SNS


De facto a escala salarial do SNS precisa de ser consertada.
São consumidos com remunerações médicas uns "míseros" 85%, da massa salarial total do Ministério da Saúde e os restantes trabalhadores do Ministério da Saúde fartam-se com a enorme verba de 15% dessa totalidade.
Em 2009 e 2010, em pleno deslizar socrático, alegre e cantante, para a bancarrota 295 Médicos, do grupo dos intocáveis, ganharam, no Estado, 46 milhões de euros. 

Bem sabemos que 295 são 300 menos 5;
mas, se dividirmos os 46.000.000€, por 1000€, que era o salário médio de um Enfermeiro licenciado em; temos a bonita quantia de 46.000 Enfermeiros a receberem a mesma quantidade de euros que receberam, apenas 295 Médicos (disse o Tribunal de Contas, entidade credível)

E se continuarmos nas contas e dividirmos os 46.000.000€ por 295 Médicos temos a soma anual de 155.932,203€, por cada Médico, que a dividir por 12 meses, dá a confortável soma de 12.994, 35€ mensais, quase 13.000€.

E, se a estes bem pagos juntarmos os dos Centros de Saúde, que, já no tempo de Ana Jorge (ministra da saúde) ganhavam 28 e 30.000€ mensais... (informação de Manuel Pizarro, então Secretário de Estado e da Saúde)
Ora 30.000€ a dividir pelos 30 dias calham 1000€ a cada dia, os quais, 1000€, a dividir pelas 24 horas do dia, calham 41, 66666666666667€, por hora; uma ninharia, em que os visados se queixam de receber apenas 41 €€/hora; é uma humilhação da Classe.

Não sei quantas horas eram de serviço e quantas eram de descanso. Mas se as subtraíssemos, aos mil euros diários, só atrapalhavam as contas. Estando sempre com o serviço, no coração e no pensamento e na carteira, os 41€ 666666666666667 do sofisma, não dão tanto nas vistas, pois são mesmo poucos até para Cubanos e Cowboianos.
«De homem para homem não vai força de boi...»
Depende do homem e do boi, digo eu.
O encantamento da serpente, enrolada no báculo, comporta-se, em Portugal, como se não fosse o Estado a formar, e a suportar, mais que na totalidade, a formação médica, que, depois, é usada pelos próprios médicos, sem qualquer contrapartida, para o dito Estado!
Porquê?
Sabemos, onde está a lógica e a irracionalidade deste fenómeno.
Por que não actuam, sobre ele e o racionalizam, deixando de ser tão descaradamente injusto, para com todos os outros trabalhadores, sem os quais ficam parados, como aconteceu, no AVC do DD... Isto a fazer fé nas palavras do Ordinário JMS, que não identifica, pudicamente, os paralisantes dos neuro-cirurgiões, não os identifica para não lhes reconhecer o poder e o mérito, na acção de qualquer cirurgião, neura ou não. (Ver link a seguir).

{Bastonário da Ordem dos Médicos diz que falha em S. José não foi causada por médicos 

(foi por Enfermeiros, digo eu)...

José Manuel Silva diz que outros profissionais suspenderam a escala de urgência. 
O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, garantiu esta quarta-feira que a escala de urgência de neurocirurgia vascular "não foi suspensa nos hospitais por causa dos médicos", mas de outros profissionais, escusando-se a especificar quais. [ Ia lá Sua Excelência reconhecer o poder dos Enfermeiros nestas coisas, que são sempre médicas mesmo que feitas por Enfermeiros]....

Segundo o Centro Hospitalar de Lisboa Central, que engloba o Hospital de São José, a prevenção aos fins de semana da Neurocirurgia-Vascular está suspensa desde abril de 2014 e da Neuroradiologia e Intervenção desde 2013. "Sendo a prevenção de regime voluntário, existiu indisponibilidade por parte de alguns profissionais para a fazer, o que se deve às alterações dos regimes remuneratórios. Alguns daqueles profissionais rejeitaram os valores atualmente propostos para o pagamento dessas horas de prevenção, o que inviabiliza o indispensável trabalho da equipa", afirma o CHLC em comunicado. Segundo José Manuel Silva, "o problema não esteve primariamente nos médicos", porque "o problema não é de pagamento aos médicos é de pagamento às equipas". Médicos não suspenderam a escala de urgência "Posso garantir que a escala não foi suspensa por causa dos médicos. A escala de prevenção tem valores muito baixos e os profissionais que recebem menos do que os médicos recebem valores ainda mais baixos, por isso o problema não foi primariamente os médicos, mas os médicos precisam de equipa para trabalhar", afirmou o bastonário. Esta informação vai ao encontro da prestada pelo CHLC, segundo a qual existem dois
neurocirurgiões em permanência no hospital de São José, só que "a cirurgia de urgência dos aneurismas, que é altamente especializada, carece de bloco operatório e de uma equipa de cirurgiões, anestesista, enfermeiros e assistentes operacionais especificamente habilitados para a realizar, não sendo possível efetuá-la com resultados satisfatórios sem as referidas condições técnicas, logísticas e de recursos humanos". José Manuel Silva salvaguardou que nenhum dos dois neurocirurgiões de serviço em São José realizava neurocirurgia vascular, uma técnica muito específica. Questionado sobre a possibilidade deo hospital tentar contactar para casa um destes especialistas para socorrer o jovem, o bastonário respondeu que o hospital pode tomar essa iniciativa, mas sublinhou que é muitodifícil por essa via reunir toda uma equipa complexa, que ainda por cima não está de prevenção e pode não estar disponível. "Se [o hospital] tivesse contactado, não há nenhum médico que não se disponibilizasse [para socorrer o jovem], mas isso não chega. Já aconteceu no passado, mas é preciso a equipa toda. É um bloco específico, não é o 
central, e é preciso uma série de profissionais (quanntos e quais?, pergunto eu). Há pessoas que não estão imediatamente disponíveis", explicou.} (in CM de 23dez2015)




E ainda;






Gastos do Serviço Nacional de Saúde diminuíram 15% durante o programa de assistência, com um corte de 1,5 mil milhões de euros. Não há consenso sobre os efeitos das restrições na prestação serviços. Observatório da Saúde alerta para incapacidade de resposta nos picos de procura (Este dinheiro é o que foi roubado aos salários dos Enfermeiros, sobretudo) (José Azevedo)

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Os anos do programa de assistência financeira trouxeram restrições pesadas aos orçamentos dos hospitais, que ainda não foram revertidas. A despesa anual do Serviço Nacional de Saúde foi reduzida em 15%, com cortes totais de 1,5 mil milhões de euros – mais do que foi injetado no Banif em 2013, quando o banco recebeu ajudas de 1,1 mil milhões de euros financiadas pela linha da troika para a recapitalização da banca.
No último relatório que fez sobre o programa português, o Fundo Monetário Internacional avaliou as mudanças no sistema de saúde desde 2011.
No relatório, os técnicos de Washington salientam as “poupanças significativas” alcançadas. Através da melhoria da “eficiência” e da redução dos “desperdícios”, a despesa do SNS encolheu 15% entre 2010 e 2013.  O FMI indica que a “maioria”  das categorias da despesa da saúde diminuíram.
Os dados posteriores consultados pelo i mostram que a despesa está hoje ao mesmo nível dos cálculos do FMI. A Conta Geral do Estado de 2014 mostra os encargos do SNS foram reduzidos em 2%. No orçamento para 2015, houve uma subida de gastos de 2%, mantendo-se assim o anterior nível de despesa. O SNS custa hoje 7.874 milhões de euros, segundo o OE2015.
Contenção. O período do programa da troika foi farto em medidas no setor da saúde. As alterações começam logo no Orçamento para 2012, quando o ex-ministro Paulo Macedo diz ao que vem: “internalização de cuidados de saúde e de meios de diagnóstico realizados no exterior”, “racionalização de recursos e controlo da despesa”, “redução de custos operacionais” – medidas de contenção a que somaram duras negociações com as farmacêuticas, para redução do preços de medicamentos. Mais tarde, viriam cortes nas horas extraordinárias dos médicos, aumentos das taxas moderadoras e outras medidas que deixaram o ministro sob forte contestação.
Ainda hoje não há consenso sobre o impacto operacional das medidas de austeridade. O FMI gantia que “a qualidade do cuidados de saúde foi preservado”, mas é comum haver vozes contrárias.
Na conferência de imprensa onde pediu a demissão depois da morte no São José, o presidente da Administração Regional de Saúde invocou as restrições orçamentais. “Nos últimos anos, por cortes que tivemos na área da saúde, estes hospitais não tiveram possibilidade de ter recursos humanos para dar respostas a situações de doentes como este”, afirmou.
Observatório alerta Antes, o Observatório Português dos Sistemas de Saúde tinha feito alertas sobre o funcionamento dos hospitais públicos e as insuficiências da rede pública. No relatório de Primavera de 2015, a análise aos cuidados de saúde constatou que “em termos de recursos humanos em saúde persiste um rácio de médicos por habitante adequado, mas inadequadamente distribuído pelo território com clara vantagem para as regiões urbanas.” Por outro lado, “o número de enfermeiros está claramente abaixo da média da OCDE”.
Especificamente sobre o acesso aos serviços de urgência, o Observatório alertou para os riscos dos “fenómenos sazonais, associados às previsíveis vagas de calor e picos de gripe”, em que há um “aparente excesso de procura e/ou incapacidade de resposta dos serviços”.
E, com a emigração da população, o organismo apontava ainda para a alteração do paradigma epidemiológico e demográfico do país, que fazia com que o perfil dos serviços de tivessem “características inadequadas”.
O Observatório recomendava assim a revisão do modelo de contratação e de gestão dos recursos humanos nos serviços de urgências, além da previsão antecipada dos recursos materiais e humanos nos períodos de maior afluência aos serviços de urgência.  

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DINHEIRO DO BANIF - VERSUS CORTES NO SNS <clique aqui>

E não foi só o dinheiro do BANIF; foi o que roubaram aos salários dos Enfermeiros, durante uma década (2005 a 2015), com a tolerância inexplicável de alguns lideres da Classe e não é o nosso caso, pois não queremos controlar os Enfermeiros, mas representá-los, somente. (José Azevedo)

Será que é desta que o Ministro da Saúde pega o boi de frente?
Ou está à espera que o fenómeno alastre, como óleo derramado, em mancha?
Venha daí esse ano novo, sem os anjinhos do PSD a destruírem o Partido, com "austeridades" demolidoras, para os sucessores, pela 3ª vez, pois não há 2 sem 3, fazerem figura e gastarem o que outros amealharam.
Contamos com mais respeito pelos Sindicatos, seja qual for a sua tendência sindical e reposição da negociação colectiva, que não seja só para médicos, que convenceram os anjinhos que eram a saúde e as circunstâncias da mesma. Mas bastou um simples AVC de causa ou etiologia desconhecida, para demonstrar que isso não é assim. E quem o reconheceu foi o insuspeito e sempre atento e operativo Ordinário JMS (clique em neurocirurgiões inocentes).
Se lessem os Romanos antigos, no texto "a revolta dos membros" (Ver metáfora ali abaixo) saberiam ver por que ao recusarem alimentar o estômago este faliu e o organismo dono morreu, como o DD do AVC.
Que o Novo Ano e Novo Governo sirvam para corrigir os erros mais evidentes, no SNS.
Mas se continuarem a usar os mesmos métodos e os mesmos protagonistas, que até põem os processos mais melindrosos, à chuva nos barracos, para o que der e vier (auditorias), só conseguirão retirar a campanha inevitavelmente desastrosa dos meios da comunicação social. A coisa não sairá, assim, da farsa (eles entendem-me).
Para que as coisas mudem, na saúde, terão de ter a coragem de mudar os métodos e os seus protagonistas: é doloroso, mas só levando a ferida, até ao tecido são, ela pode começar a cicatrizar, sem 2ª intensão, em falso, ficando o mesmo podre escondido, sob a aparente cicatrização. Os técnicos entendem-me.
Vamos estar atentos e operativos, desde o primeiro sinal, como fizemos, agora, que apontamos o copo, onde estava escondida a vermelhinha.
Não se zanguem, mas é impossível deixar mais um dia sem rever a carreira dos Enfermeiros: categorias, horários, vencimentos, cuja acção é essencial, no SNS, ao contrário do que alguns teóricos pensam, mas antes de serem ministros. Nessa versão as coisas mudam de figura. (ver "macacos e galhos" e "não há 2 sem 3, nem sábado sem sol, nem domingo sem missa, nem 2ª sem preguiça" neste blogue).
E AINDA DIZ PAULO RANGEL:


OPINIÃO

A propósito da morte no S. José

Os hospitais de Lisboa, em que se passou este terrível episódio, têm muito mais meios do que tem Coimbra ou de que tem o Porto e, no entanto, não são capazes de gerar respostas de idêntico nível.  




O segundo ponto que interessa enfatizar é a comparação com os agrupamentos hospitalares de Coimbra e do Porto. A generalidade das pessoas não tem noção, mas o nosso Serviço Nacional de Saúde atenta profundamente contra a equidade territorial. Do ponto de vista da saúde, há cidadãos de primeira – os que habitam na região de Lisboa e Vale do Tejo – e há cidadãos de segunda – os que habitam no restante território. O Estado gasta muito mais per capita, em saúde, com os habitantes da região da capital do que gasta com os das outras regiões. O dinheiro que o Estado injectou em hospitais de Lisboa como o S. José ou o Santa Maria não tem comparação, por exemplo, com o que despendeu com os Hospitais de S. João ou de Santo António no Porto. E, no entanto, os desempenhos e até os resultados em sede de contas de uns e de outros deixam os hospitais do Norte a ganhar, e por muitos, aos hospitais da capital. Os hospitais de Lisboa, em que se passou este terrível episódio, têm muito mais meios do que tem Coimbra ou de que tem o Porto e, no entanto, não são capazes de gerar respostas de idêntico nível. A explicação está, mais uma vez, como indiciou o Ministro, na gestão, na organização, na administração. 
4. As linhas que acabo de escrever são sensíveis e são atreitas à controvérsia e à manipulação. Mas mandam a verdade, a razoabilidade e a responsabilidade, enquanto critérios da acção pública, que não se impute esta tragédia a uma política justa e necessária de racionalização de recursos. Muito menos quando os recursos à disposição das instituições visadas eram, apesar de tudo, proporcionalmente superiores aos de outras instituições de natureza equivalente.
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Variações desta história existem desde a antiguidade clássica.
 Paulo emprega uma delas em Coríntios I 12:14-16.
Uma vez um homem sonhou que suas mãos, pés, boca e cérebro começaram todos a se rebelar contra estômago.
- Sua lesma imprestável! - as mãos disseram - Nós trabalhamos o dia inteiro, serrando, martelando, levantando e carregando. De noite estamos cobertas de bolhas e arranhões, nossas juntas doem e ficamos cheias de sujeira. Enquanto isso, você só fica aí sentado, pegando a comida toda!
- Nós concordamos! - gritaram os pés - Pense só como nos desgastamos, andando para lá e para cá o dia inteiro. E só fica se entupindo, seu porco ganancioso, cada vez mais pesado para a gente carregar.
- Isso mesmo! - choramingou a boca - De onde você pensa que vem toda a comida que você tanto ama? Eu é que tenho que mastigar tudo; e logo que termino, você suga tudo aí para baixo, só para você. Você acha que isso é justo?
- E eu? - gritou o cérebro - Você acha que é fácil ficar aqui em cima,tendo que pensar de onde vai vir a sua próxima refeição? E ainda por cima, não ganho nada pelas minhas dores todas.
Uma por uma, as partes do corpo aderiram às reclamações contra o estômago, que não disse coisa alguma.
- Tenho uma idéia - o cérebro finalmente anunciou. - Vamos todos nos rebelar contra essa barriga preguiçosa e parar de trabalhar para ela.
- Soberba idéia! - todos os outros membros e órgãos concordam - Vamos lhe ensinar como nós somos importantes, seu porco. Assim, talvez você também acabe fazendo algum trabalho.
E todos pararam de trabalhar. As mãos se recusaram a levantar ou carregar coisas. Os pés se recusaram a andar. A boca prometeu não mastigar nem engolir nem um bocadinho. E o cérebro jurou que não teria mais nenhuma idéia brilhante. No começo, o estômago roncou um pouco, como sempre fazia quando estava com fome. Mas depois ficou quieto.
Nesse ponto, para surpresa do homem que sonhava, ele descobriu que não conseguia andar. Não conseguia segurar nada nas mãos. Não conseguia nem abrir a boca. E de repente, começou a se sentir bem doente.
O sonho pareceu durar vários dias. A cada dia que passava, o homem se sentia cada vez pior.
- É melhor que essa rebelião não dure muito - ele pensou - senão vou morrer de inanição.
Enquanto isso, mãos, pés, boca e cérebro só ficavam à toa, cada vez mais fracos. No início, se agitavam só um pouquinho, para escarnecer do estômago de vez em quando; mas pouco depois não tinham mais energia nem para isso.
Por fim, o homem ouviu uma vozinha fraca vinda da direção dos pés.
- Pode ser que estivéssemos enganados - eles diziam. - Talvez o estômago estivesse trabalhando o tempo todo, ao jeito dele.
- Estava pensando a mesma coisa - murmurou o cérebro. - É verdade que ele fica pegando a comida toda. Mas parece que ele manda a maior parte de volta para nós.
- Devemos admitir nosso erro - disse aboca. - O estômago tem tanto trabalho a fazer quanto as mãos, os pés, o cérebro e os dentes.
- Então, vamos todos voltar ao trabalho - gritaram juntos. E, nisso, o homem acordou.
Para seu alívio, descobriu que os pés estavam andando de novo. As mãos seguravam, a boca mastigava e o cérebro agora conseguia pensar com clareza. Começou a se sentir muito melhor.
- Bem, eis aí uma lição para mim - ele pensou, enquanto enchia o estômago de café e pão com manteiga, de manhã. - Ou funcionamos todos juntos, ou nada funciona mesmo.}

Vamos ao trabalho!
Com amizade,
José Azevedo

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