Há muitas tarefas que os médicos podem transferir para os enfermeiros”
Ara Darzi é director do Instituto de Inovação em Saúde Global do Imperial College de Londres. Foi-lhe atribuído o título de lorde em 2002 por serviços prestados na área da cirurgia. Esteve em Lisboa a convite do Governo português para uma conferência sobre inovação e a reforma do sistema de Saúde.
Na sua intervenção disse que os médicos têm de transferir algumas das suas tarefas para os enfermeiros. Em Portugal, essa ideia enfrenta grandes resistências…
É preciso dar mais a fazer aos enfermeiros e aos próprios doentes, senão os sistemas de saúde entram em ruptura. Há muitas tarefas que os médicos especialistas podem transferir para os médicos de família que, por sua vez, podem transferir para os enfermeiros e que estes podem transferir para os doentes. Há sete mil doentes crónicos no Reino Unido, muitos deles sofrem da sua doença há décadas e tornaram-se doentes-peritos, sabem muito mais sobre a sua doença do que qualquer médico.
É preciso dar mais a fazer aos enfermeiros e aos próprios doentes, senão os sistemas de saúde entram em ruptura. Há muitas tarefas que os médicos especialistas podem transferir para os médicos de família que, por sua vez, podem transferir para os enfermeiros e que estes podem transferir para os doentes. Há sete mil doentes crónicos no Reino Unido, muitos deles sofrem da sua doença há décadas e tornaram-se doentes-peritos, sabem muito mais sobre a sua doença do que qualquer médico.
E como reagiram os médicos a estas transferências?
Não gostaram nada, no início, mas adaptaram-se. É um processo doloroso. No Reino Unido, os enfermeiros têm muito mais funções hoje do que quando eu andava a tirar o curso de Medicina. É preciso mudar hierarquias, mudar equilíbrios, é um processo que leva tempo. Demorou uns bons cinco anos, tem de se insistir. Mas agora até temos enfermeiros a prescrever medicamentos, literalmente a tratar dos doentes. No Reino Unido, este processo começou em 2000. Eu comecei em 1997. Nos meus serviços, pus uma enfermeira a fazer endoscopias e ela acabou por ganhar o prémio de Enfermeira do Ano. Os doentes adoravam-na, mais do que quando era eu a fazer endoscopias, porque os enfermeiros demoram mais tempo, seguem todos os passos, os médicos vão por atalhos.
Não gostaram nada, no início, mas adaptaram-se. É um processo doloroso. No Reino Unido, os enfermeiros têm muito mais funções hoje do que quando eu andava a tirar o curso de Medicina. É preciso mudar hierarquias, mudar equilíbrios, é um processo que leva tempo. Demorou uns bons cinco anos, tem de se insistir. Mas agora até temos enfermeiros a prescrever medicamentos, literalmente a tratar dos doentes. No Reino Unido, este processo começou em 2000. Eu comecei em 1997. Nos meus serviços, pus uma enfermeira a fazer endoscopias e ela acabou por ganhar o prémio de Enfermeira do Ano. Os doentes adoravam-na, mais do que quando era eu a fazer endoscopias, porque os enfermeiros demoram mais tempo, seguem todos os passos, os médicos vão por atalhos.
Disse que nos sistemas de saúde é preciso passar a medir a qualidade mais do que a quantidade…
Medir a qualidade é, por exemplo, saber que resultados tiveram as operações na perspectiva do doente. Qual é a qualidade da mobilidade de um doente depois de uma operação de colocação de prótese da anca. Será que o doente melhorou depois da operação? Um inquérito revelou que 40% dos doentes operados a hérnias inguinais (na zona da virilha) não tinham tido melhorias depois da operação. Então para que é que serviu a operação?
Medir a qualidade é, por exemplo, saber que resultados tiveram as operações na perspectiva do doente. Qual é a qualidade da mobilidade de um doente depois de uma operação de colocação de prótese da anca. Será que o doente melhorou depois da operação? Um inquérito revelou que 40% dos doentes operados a hérnias inguinais (na zona da virilha) não tinham tido melhorias depois da operação. Então para que é que serviu a operação?
Agora, todos os doentes que são submetidos a algumas das operações mais comuns, como a de colocação de próteses da anca, de próteses do joelho, a hérnias inguinais e a varizes têm de preencher um formulário (o chamadoPatient Related Outcome Measures) e os hospitais têm de acompanhar os doentes neste preenchimento. Caso contrário, não são pagos [pelas cirurgias].
Esta é uma forma de medir. Há outras, por exemplo a percentagem de doentes que tiveram ataques cardíacos e que saem do internamento a tomar aspirina. Passámos da quantidade à qualidade.
Fazem perguntas aos doentes sobre o nível de limpeza de um hospital…
Sim, e chegámos a algumas conclusões. Olhámos para os hospitais com taxas mais altas de infecção hospitalar e depois olhámos para o que os doentes tinham respondido sobre os níveis de limpeza dos hospitais. Concluímos que os hospitais que os doentes reportaram como mais sujos eram também os que tinham maiores taxas de infecção. Perguntem aos clientes que, na maioria das situações, eles têm coisas úteis para nos dizer. Em quantos sectores da economia é que a experiência do cliente não é tida em linha de conta? Na saúde isso acontece.
Sim, e chegámos a algumas conclusões. Olhámos para os hospitais com taxas mais altas de infecção hospitalar e depois olhámos para o que os doentes tinham respondido sobre os níveis de limpeza dos hospitais. Concluímos que os hospitais que os doentes reportaram como mais sujos eram também os que tinham maiores taxas de infecção. Perguntem aos clientes que, na maioria das situações, eles têm coisas úteis para nos dizer. Em quantos sectores da economia é que a experiência do cliente não é tida em linha de conta? Na saúde isso acontece.
O Serviço Nacional de Saúde português tem sobretudo dados de quantidade mais do que sobre a qualidade da prestação?
O dashboard da Saúde [indicadores de saúde disponíveis no site da Direcção-Geral de Saúde] tem mais dados do que muitos países europeus e tem alguns indicadores de qualidade. É um bom começo. Todos os países começam por medir indicadores de actividades, depois passa-se a medir a qualidade. É a segunda parte.
O dashboard da Saúde [indicadores de saúde disponíveis no site da Direcção-Geral de Saúde] tem mais dados do que muitos países europeus e tem alguns indicadores de qualidade. É um bom começo. Todos os países começam por medir indicadores de actividades, depois passa-se a medir a qualidade. É a segunda parte.
Disse que, se um médico tiver de ser operado a uma hérnia, ele sabe exactamente onde ir e que essa informação devia ser acessível a todos…
Como é que se pode escolher se não se sabe qual é o melhor hospital? Qual é a melhor equipa médica [para determinada cirurgia]? É preciso dar aos doentes a mesma informação que os médicos têm. É preciso tornar o processo transparente. Não se pode implementar a liberdade de escolha sem ter qualidade e transparência.
Como é que se pode escolher se não se sabe qual é o melhor hospital? Qual é a melhor equipa médica [para determinada cirurgia]? É preciso dar aos doentes a mesma informação que os médicos têm. É preciso tornar o processo transparente. Não se pode implementar a liberdade de escolha sem ter qualidade e transparência.
NB:
OS MESMOS QUE ENCHEM A BOCA E O TEMPO COM AS NECESSIDADES DE REFORMAS SÃO OS MESMOS QUE SABOTAM ESSAS POSSIBILIDADES DE VIABILIZAÇÃO ECONÓMICA.
MAS ELES NÃO SÃO OS ÚNICOS RESPONSÁVEIS; OS ENFERMEIROS SÃO OS PRINCIPAIS CULPADOS, PORQUE ESTA MISSÃO ESSENCIAL DA ORDEM DOS ENFERMEIROS TEM TIDO UNS MISSIONÁRIOS MUITOS FRAQUINHOS QUE USARAM ESSA POSSIBILIDADE PARA FAZEREM POLÍTICA COM UMA ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL, QUE QUER SER UM SINDICATO ÚNICO, NUMA ÉPOCA EM QUE A UNICIDADE SINDICAL ESTÁ VETADA DESDE 1975 PELA LEI 215-B/75.
OS ATAQUES QUE FORAM FAZENDO, À ESTRUTURA DE CARREIRA, QUE, OU NÃO ENTENDERAM OU NÃO PUDEREM ENTENDER, COMO LACAIOS DE SENHORES, SERVEM DE EXEMPLO.
NÃO SÃO OS MÉDICOS QUE TÊM DE TRANSFERIR TAREFAS PARA OS ENFERMEIROS, SÃO ESTES QUE TÊM DE SE MOSTRAREM CAPAZES DO QUE VÃO CONHECENDO NA SUA PRÁTICA. É À NOSSA ORDEM QUE COMPETE LEGITIMAR ESSAS PRÁTICAS EVOLUTIVAS DA PROFISSÃO, CUJO PROGRESSO NÃO É ESTÁTICO; ALTERA-SE COM A EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO ENFERMEIRO.
É PARA LEGITIMAR A SEGURANÇA E EFICÁCIA DESSA PRÁTICA PROFISSIONAL ENFERMEIRA, QUE SERVEM, AS ORDENS E, JÁ AGORA, A DOS MÉDICOS TEM O MESMO PAPEL QUE A DOS ENFERMEIROS, EM RELAÇÃO AOS MÉDICOS, MAS NÃO O ALARGA AOS ENFERMEIROS; CADA MACACO NO SEU GALHO, COMO DIZ O 10% E O PRÓPRIO MS (PESQUISAR NESTE BLOGUE).
ESTA IDEIA DE QUE UNS SÃO OS PATRÕES E OUTROS OS SERVENTES, SÓ É POSSÍVEL GERMINAR E CRESCER, NA SOCIEDADE, PORQUE OS ENFERMEIROS DESVALORIZAM O SEU CARÁCTER PROFISSIONAL.
SIRVA DE EXEMPLO A IDIOTICE DO REPE DE 1996, QUE OS MESMOS IDIOTAS ÚTEIS QUE O FIZERAM O TRANSPORTARAM PARA ESTATUTO DA ORDEM DOS ENFERMEIROS EM 1998.
E LÁ ESTÁ O FAMIGERADO ART.º 8º O TAL DA COMPLEMENTARIDADE.
QUEM LHES METEU ESSA IDIOTICE CASTRADORA DA AUTONOMIA NAS CABEÇAS ÔCAS?
SE PRETENDEM FAZER REFORMAS ÚTEIS E SÉRIAS NEM SEQUER PRECISAM DE INVENTAR OU FINGIR; BASTA COPIAREM. E CONTEM CONNOSCO;
SE QUEREM FINGIR QUE REFORMAM O QUE VÃO DEFORMANDO, CONTEM, TAMBÉM CONNOSCO, PORQUE VOS ENTENDEMOS PERFEITAMENTE.
AINDA BEM QUE ISTO ACONTECE E VEM DE ENCONTRO AO QUE NÓS DIZEMOS, DE ACORDO COM A MEMÓRIA QUE CONSERVAMOS DA ENFERMAGEM, NO TEMPO EM QUE OS ANIMAIS FALAVAM...
SÓ NÃO SABEMOS O TEMPO E O MODO DE LIMPAR ESTE LIXO, COMO NO-LO IMPÕE A PROFISSÃO ENFERMEIRA, CUJA DIGNIFICAÇÃO TEM SIDO O NOSSO TRABALHO.
SIPE E SE (FENSE).
Sem comentários:
Enviar um comentário