sexta-feira, 27 de junho de 2014

Escassez de Enfermeiros Sobrecarga Perigosa dos que Restam

Estivemos ontem, dia 26-06-2014 no HSM a analisar as várias dificuldades, com que se debatem os Enfermeiros.
O principal problema é o fenómeno da escassez do número de Enfermeiros, para se opôr ao aumento de Doentes e os aproveitamentos que estão a ser feitos pelos Médicos, acerca da sua má distribuição, pelo território nacional.
O Dr. Pedro Nunes diz que não há incentivos para fixar Médicos, no Algarve e por isso, as Urgências ameaçam ruptura, as anestesias retardam cirurgias...
Mas, por que carga de água se continua a admitir Médicos, noutras cidades, a pretexto de faltarem no Algarve, onde não há incentivos para este grupo profissional se fixar?...
E por que razão é que se hão-de dar incentivos a um grupo profissional, para trabalhar, no Algarve, quando os outros, mormente os Enfermeiros, não têm nem incentivos nem contrato?



Olhamdo para o gráfico, acima exposto, verifica-se que Portugal é o 7º país, entre 23 países, da Europa, com menos habitantes por Médico a quem cabem 251.
Portanto; a escassez de Enfermeiros é real, mesmo dos que são "contratados", como consumíveis, por outsourcing, através de empresas constituídas pelos próprios funcionários ou seus familiares (há-as para todos os gostos).
A escassez de Médicos é fictícia e quer dizer má gestão de recursos e má distribuição, no território.
No HSM há a zona verde, na Urgência, que fechou, por não haver Enfermeiros.
Mas se a afluência for muita, a zona verde abre, mas só funciona com Médicos (que estão estrategicamente disponíveis).
Se desse atendimento resulta a necessidade de cuidados de Enfermagem, e resulta, invariavelmente, então o Verde segue pela linha amarela, à procura dos sobrecarregados Enfermeiros, sem o que a acção do Médico não passa de palavras sem sentido nem utilidade prática.
Qualquer reforma honesta que este ou qualquer outro governo pretenda fazer na área da saúde, não pode ser feito seguido as propostas de grupos constituídos só por Médicos secretariados por Administradores, marginalizando os Enfermeiros. Mesmo que não reconheçam a sua imprescindibilidade, ela existe, como provam o Verde e o Amarelo, das urgências do HSM, por sinal as cores da natureza.
Mas há mais: os Enfermeiros podem(?) sair com a sua auto-autorização a meio do turno, para irem dormir para casa, sobrecarregando-se, alternadamente, ainda mais, do que já estão, sem sequer adequarem os intervalos, que a jornada cntínua lhes confere.
Todavia, os Médicos, a mais e desnecessários, dormem a preço compensatório, nos dormitórios, que este e outros hospitais lhes fornecem (com o falso pretexto de que podem ser necessários, sem que alguém se preocupe em verificar a frequência desta falsa questão) e, ao raiar da aurora zarpam, rumo à privada, fazendo uso do dom da ubiquidade, dom dos deuses, que lhes permite estarem em 2 lugares, num só momento.
A minha dificuldade de entendimento é haver quem os trate como sobre-humanos e, depois, se surpreenda ao vê-los usar o dom da ubiquidade; estarem de serviço na Urgência HSM e a operar no hospital privado...
É para evitar este fenómeno, que os serviços de urgência, no mundo, onde  os recursos materiais, que o erário público atribui ao SNS têm de ser administrados racionalmente, já não têm Médicos em presença física, nas urgências. Assinam com eles um compromisso de prestação de serviços, quando são necessários e chamados pelos Enfermeiros, se forem mesmo necessários.  É uma atitude honesta de ambas as partes escusando luxar o maxilar, como acontece cá, ao abrirem a boca de espanto, mais do que os músculos da área, permitem.
Não sei se somos pobres, por sermos desgovernados; ou se somos desgovernados, por sermos pobres. Talves seja mais esta 2ª hipótese, porque uma desgraça tem, sempre, o seu par.

Com amizade e muita preocupação,
José Azevedo

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