domingo, 14 de setembro de 2014

O SIFÃO E OS ENFERMEIROS

Ontem, Sábado 13 (foi por um triz que não era sexta-feira) estive reunido com um grupo de sindicalistas, que, como  eu, integram os corpos sociais da UGT.
Um dos mais cuidadosos foi-me transmitindo críticas, que estão a ser feitas aos Enfermeiros, por não quererem trabalhar nas horas incómodas (noites e fins-de-semana).
Fiquei contente por saber que, já haja, quem olhe para nós, além da CGTP/PCP.
Fiquei triste por saber quais os motivos.
O motivo da crítica é: os Enfermeiros estão a começar a fazer contas às migalha com que os remuneram e a chegarem à conclusão que não são abrangidos pelos cortes, mas se fizerem muitas noites, muitos domingos, muitas "horas incómodas", de um modo geral, podem chegar à zona de cortes.
Aí chegados, não só não recebem as migalhas a que reduziram o DL 62/79 (migalheiro das horas incómodas), como por efeito da sifonagem, ainda vão ser espoliados do pouco, que recebem, de remuneração base, para suportarem as consequências dos acréscimos com as mealhas ou migalhas, que, além de não compensarem, minimamente, pela sua pequenez, o esforço despendido, ainda obrigam o praticante, de tais horas, a pagar para as fazer, porque aumentando a fasquia, até os 1500€€, sobe o escalão do IRS e sofre os efeitos do corte.
Ora, se a migalha, já não compensava, sequer, o preço do transporte;
Ter de pagar para trabalhar...
É a miséria a que os Enfermeiros estão sujeitos, com o Governo, que ainda exagerou os males, que já vinham do famigerado Pizarro, agora dono da Câmara do Porto e do suave director do HSJ, pois tanto manipula o Moreira como o Ferreira. A este até lhe arranjou 666 directores (cada 1=10), para o apoiarem no saque.
Os Enfermeiros vão lendo o que escrevemos, aqui, e não só, e vão fazendo contas.
Os governantes, sobretudo o Ministro da Saúde, ainda não perceberam que, quando dizemos que "poupa na farinha o que está a gastar no farelo", estamos a avisá-los de que os Enfermeiros vão deixando de economizar a "compressa", tenha ela 10 ou 15 fios/cm2.
Quando derem conta do preço que o Estado terá de pagar com a desmotivação, que está a gerar, nos Enfermeiros, se é que algum dia vão perceber isso... é tarde.
Até os nossos Colegas da outra banda, estão a perceber, que a sua léria, já foi.
Quanto a nós, ficamos contentes por sabermos que há alguém, que nos ouve e segue os nossos conselhos. E sendo esse alguém o Enfermeiro, que a estupidez governativa tem abandonado, pensando que a medicomania, alimentada pelo medicocentrismo,  resolvia tudo, então a nossa alegria e compensação do nosso esforço, para lhe melhorar as condições de vida e de trabalho (não somos como os outros, que o querem ver na m...), estão a começar a ser reais.
Colegas, continuem que estão a ir bem:
Deus manda sermos bons, mas não manda sermos lorpas; dar a outra face, não é para bater, porque nesse caso, Deus permite, sugere mesmo, o direito de resposta.
Quando o dito patrão picava no escravo dizendo-lhe: «não tens outro passo, escravo
Escravo responde: "tenho patrão, só que ainda é mais lento".
Quando em 1979 o nosso Sindicato dos Enfermeiros - (SE) fez o DL 62/79 e o entregou ao Governo, o Sr. Secretário de Estado da Saúde, então o Dr. Mário Marques, até comentou, distraído: "olha que belo projecto para os Médicos!" (ele é médico). Respondi-lhe: mas é para todos os trabalhadores...
Com esta medida curaram-se muitas doenças de fim-de-semana, das "horas incómodas", que, agora, estão a regressar, em força. Porque perder o caloroso conforto da família e ter de pagar para trabalhar...: só com estes jovens ignaros a produzirem normas asnáticas, para governar, como estas...
Não critiquem os Enfermeiros; tentem entender as suas razões, dialogando, seus palermas.

{Não são os elefantes que destroem as colheitas, mas os pequenos moscos que as vão 
infestando};

{Não são as grandes ondas que destroem os diques da Holanda, mas a ferrugem que vai minando o ferro}.

Pense, Colega, nesta alternativa, adaptada à sua situação e verifique, onde pode entrar, para chamar a atenção, sobre o desprezo dos seus mais elementares direitos, por parte de um governo de casta, pelo menos, na Saúde.

Com amizade e dedicação à sua causa,
José Azevedo

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