quarta-feira, 5 de novembro de 2014

SALVEM-SE AS NATAS E O SEU DELICIOSO SABOR

Se vos aparecer algum, (cadáver) façam figas e voltem a cara para o lado; não olhem sequer, pois a urgência, ali, já não produz efeitos. Nunca o pó caído, na fogueira do forno ou, na terra fria, em que se transformou o finado, mereceu tanta atenção, até na guarda das pertenças 
Mas não confundam, pois os que morrem na urgência devem guardar-lhes os valores e encaminhar-lhes a alma para Deus ou para o Diabo, consoante os casos...
"Tu és pó e em pó te hás-de tornar (Pe. António Vieira.)


 NB:
Eis uma boa ocupação dos mortos: servem, agora e lá, em Aveiro, de ponteiros de relógio, desafiando as 24 horas do dia, no seu relógio da eternidade, onde 26 corpos depois são iguais a 26 corpos antes. É uma questão de lista de espera, como no SIGIC, que perturbam. No fundo, um confronto entre o "já não" e o "já não", visto que o "ainda não" não faz sentido, neste contexto da eternidade, um pormenor que Santo Agostinho se esqueceu de prever, na sua perspectiva linear do tempo.
Um morto é congelado como um pastel de nata, com uma diferença: o pastel de nata, com um minuto de ondas micro a atravessá-lo, readquire o seu sabor inicial, mas o cadáver, nem isso!

Sem comentários:

Enviar um comentário