quinta-feira, 6 de agosto de 2015

TAL GANHITO TAL TRABALHITO


Ontem escrevi o conselho que o capitão me deu quando fui assentar praça como recruta no 2º Grupo de Companhias de Saúde, na rua da Sofia, em Coimbra.
Para demonstrar que sou sensível às críticas que me fazem, mesmo vindas daqueles que reconheço como perigosamente atingidos com o despertar lento ou abrupto dos Enfermeiros, que dormem, embalados pelos arautos dos amanhãs que cantam, com a promoção dos hojes, que choram de desespero, porque os amanhãs ficam muito longe e incertos e os hojes são reais e fazem parte da vida diária de cada Enfermeiro.
O capitão, militar de carreira, quando me dizia, «sem dares nas vistas, faz o menos que puderes», sabia do que falava. Recebi mais críticas do que habitualmente.  Ainda bem, pois os críticos, como aliás, o seu alvo, não têm férias.
Competia-me assimilar a essência do seu real significado.
Três exemplos onde apliquei o conselho:
1 - Finda a 1ª semana, de cabelo rapado por causa da piolhagem, não obstante era um desejo dar uma volta por Coimbra. Mas para passar na porta de armas era necessário conhecer as patentes e as divisas/galões, para não fazermos continências a bombeiros e polícias que não tinham direito a essa saudação e era uma vergonha e desonra para o exército.
Veio um motorista recrutar 2 dois recrutas para irem com ele à manutenção militar.
Ofereci-me, assim como o Madureira, pois antevíamos a possibilidade de ultrapassarmos o obstáculo da porta de armas sem termos de fazer exame ao conhecimento das patentes militares.
E assim aconteceu. Mas quando o camião que ia carregar as batatas, como recruta não tinha categoria para se sentar ao lado do motorista, na cabine, foi para a carroçaria, o que facilitou o salto, quando abrandou para transpor a porta de entrada na manutenção militar.
Quando o bom do motorista procurava os recrutas que recrutou, não estavam lá o que teve como consequência alombar com os sacos das batatas, sozinho. E nós fomos ver Coimbra a imaginar a cara de surpresa do motorista.

2 - Num belo dia reuniu o pelotão para recrutar 6 condutores de mota, encartados ou não. Reuniu 5
encartados e um experiente, mas não encartado, que deram um passo em frente, a pensar, naturalmente, que iam passear de moto, com ou sem sidecar. Ainda na fileira, vimos passar os voluntariosos motoqueiros com 3 brutos caldeirões, cada 2 motoqueiros com o seu caldeirão, enfiados num pau, cheios de comida para os porcos, que eram criados no cimo dos terrenos do quartel.
Pensava nas sábias palavras do capitão e nas vantagens de não saber guiar mota.

3 - Nas vésperas do juramento de bandeira, que assinala o fim da recruta, era necessário limpar a parada de pedras e ervas e outros lixos.
Foi preciso inventar, agarrado a um papel, ocupação fictícia, que o papel disfarçava, para não ter que limpar a pista, onde iam decorrer as comemorações.
Ainda aqui, e sempre, estavam as sábias palavras do capitão, a nortear os meus atos, pois de tropa percebia ele. E eu nem sequer era voluntário.
Mas esta coisa da tropa não passava de uma brincadeira, alheia à minha concepção de vida. A parte séria veio depois, com a situação da Enfermagem, na década de 70.

Claro está que tudo isto deve estar subordinado a um princípio moralizador ativo: "deus manda-nos ser bons mas não parvos; ou se te derem uma lambada, oferece a outra face, mas não é para deixares dar outra lambada".

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