quarta-feira, 7 de setembro de 2016

SERÁ QUE O ENF.º SÉRGIO - O MORALISTA - TEM RAZÃO...


1º ATO
«Serve o presente para Notificar que Domingo dia 4 de Setembro de 2016, no serviço de ortopedia\C. Vascular Mulheres, estiveram escalados de turno com conhecimento da Chefe e Da direção, 3 enfermeiros para o turno da manhã e dois para o turno da tarde, sendo que o serviço tinha nesse dia lotação completa (30 utentes) sendo que desses 29 eram utentes totalmente dependentes nas AVD's.
Durante o turno da tarde deram entrada ainda mais 3 utentes que ficaram alojados por indicação do Chefe de equipa em camas de corredor.
Assim e considerando o enunciado anteriormente, não podem os enfermeiros escalados garantir as condições mínimas de segurança e qualidade de cuidados de que os utentes necessitam, nem podem os mesmos enfermeiros responsabilizar-se por alguma intercorrência adversa que surja devido à evidente escassez de recursos humanos disponiveis face à quantidade de cuidados de enfermagem necessários. »

E A CENA REPETE-SE EM ATOS

2º ATO -«Venho de novo por este meio alertar para o facto de que durante o turno da noite de dia 5 para 6 de Setembro estiveram escalados 2 enfermeiros, para prestar cuidados a um total de 36 utentes, sendo que 6 desses utentes se encontram alojados em camas de corredor.
Tendo em conta a quantidade de utentes e o grau de dependência dos mesmos, é impossível com os recursos disponíveis prestar os cuidados a que os mesmos têm direito com a qualidade, dignidade e segurança que os mesmos merecem.
De salientar que ontem no turno da manhã o serviço já se encontrava na sua lotação máxima, e mesmo assim foram efetuados internamentos para cirurgia eletiva diretamente para camas de corredor.
Alerto também para o facto de que no momento em que envio o presente email, e apesar de estarem escalados somente 4 enfermeiros para o turno da manhã, sendo que dois dos quais têm ainda horário reduzido, devido a estarem a cumprir horário de amamentação e mesmo com o serviço lotado e já com 6 camas no corredor, continuam programadas para internamento mais 3 utentes para cirurcia eletiva (programada) para a tarde de hoje.
Por todos os aspectos mencionados anteriormente, não podem os enfermeiros escalados ser responsabilizados por qualquer evento adverso ou intercorrência negativa que possa surgir, uma vez que os recursos humanos disponiveis são manifestamente escassos para os cuidados necessários e que tal facto é do pleno conhecimento das chefias e da diração.»

NB:
Esta sinfonia incompleta já traz o nome do seu autor, um aficionado sindicalista, não sócio, mas falta-nos o da instituição.
São estas chefias que dão razão ao sr. Enfº. Sérgio, o moralista.


«Os Enfermeiros nossos gestores
Com a devida salvaguarda de todos os Enfermeiros gestores que, com todas as suas forças se mantêm Enfermeiros e elevam as crenças e valores da nossa profissão, assumindo-se como "Enfermeiros dos seus Enfermeiros" conseguindo manter a liderança e coesão das suas equipas, sobrevivendo e defendendo o que no início da sua carreira juraram defender, gostaria de diagnosticar um dos grandes "cancros" que corrói a nossa profissão por dentro e paulatinamente a corrompe e destrói - os Enfermeiros Directores, Supervisores, Chefes e Coordenadores que, através do esquema, da fragilidade, do fundamentalismo quantitativo, da agressão psicossocial e da escravatura tentam provar que se prestam cuidados de Enfermagem sem Enfermeiros. A estes últimos relembro-vos que:

A gestão de cuidados de Enfermagem com o recurso à coacção e assédio moral aos Enfermeiros não é gestão, é crime.

A gestão de cuidados de Enfermagem com recurso ao aproveitamento da precariedade contratual dos Enfermeiros não é gestão, é falta de moral.

A gestão de cuidados de Enfermagem com recurso a trabalho extraordinário programado com indicação de obrigatoriedade do seu cumprimento não é gestão, é ilegalidade.
A gestão de cuidados de Enfermagem com recurso a "esquemas" e a "sorteios" que obriguem à alienação dos direitos da parentalidade não é gestão, é crime.
A gestão de cuidados de Enfermagem com recurso à sobrecarga de trabalho a que sujeitamos os enfermeiros diariamente levando-os à exaustão e ao burnout, com aumento significativo da probabilidade de erro clínico não é gestão, é negligência.
A Ordem dos Enfermeiros tem como desígnio fundamental a defesa dos interesses gerais dos destinatários dos serviços de enfermagem e a representação e defesa dos interesses da profissão, nesse sentido e porque o Código Deontológico é de aplicação transversal a todos os Enfermeiros, todos os que atentem contra os interesses gerais dos destinatários dos serviços de enfermagem e todos os que agridam a representação e defesa dos interesses da profissão, não ficarão impunes.
O SNS não poderá ser sustentado por estratégias imorais e ilegais que nos envergonhem como cidadãos. Chega de tentar atingir fins sem olhar a meios. 
O SNS precisa de Enfermeiros, que o sejam, em todas as áreas da sua intervenção. Por isso colegas, sejamos Enfermeiros.»

NB:
Este exemplo faz-me lembrar a Austrália, onde há décadas, as chefias de Enfermagem fizeram uma greve, a sério, para imporem respeito:
Não entra nem sai um só doente sem que a chefia de Enfermagem autorize uma coisa e a outra coisa, porque é um direito do doente estar instalado num local próprio: quarto ou enfermaria. Corredor, nunca mais.
Claro está que lá não há as manobras de SIGIC e afins.
O outro levou-me a tribunal, por eu contestar a ordem que o dito cujo deu à Enfermeira de deitar dois doentes sigicos na mesma cama, porque tinha o taximetro a contar.
E a Enfermeira que transmitiu essa informação que publicitei, fez-se acompanhar de advogado próprio (para me defender do que ela me disse e eu escrevi???).
Infelizmente o cirurgião taxista pôs-se a ponderar sobre a matéria e resolveu desistir da contenda.
Mas o que conta é a intenção e essa ficou-me gravada, na memória, para os fins úteis.
Caros Colegas Enfermeiros, quando é que as nossas chefias e os subordinados, com elas, tomam uma atitude à Australiana?
Vá lá; deixem-se de gemer e ajudem-nos a rebentar com esta promiscuidade e de se alimentarem de migalhas, que caem das mesas.
Deiam-me essa alegria de vos posicionar na peanha a que tendes direito... Mas para isso a vossa ajuda é preciosa e indispensável; o resto é música celestial!
Com amizade,
José Azevedo



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