Cientistas mais perto de vacina que combate todas as estirpes da malária
Universidade de Griffith obteve resultados positivos em ratinhos e procura agora voluntários. Químico foi capaz de imunizar animais contra todas as variantes da doença.
Por agora os resultados positivos foram apenas em animais, mas um grupo de investigadores australianos acredita que pode estar perto de criar uma vacina contra a malária em humanos. O resultado da investigação acaba de ser publicado nesta terça-feira no Journal of Clinical Investigation.
O grupo de cientistas da Universidade de Griffith, em Queensland, explica no estudo que as experiências em laboratório permitiram criar imunidade com uma única dose da vacina contra esta doença infecciosa em ratinhos, colocando os glóbulos brancos destes animais a combater o parasita.
Nove em cada dez casos de malária são provocados pelo mais perigoso dos parasitas, o Plasmodium falciparum. Esta doença não se transmite de pessoa para pessoa, nem de mosquito para mosquito. Para o contágio, é preciso que um mosquito que tenha picado alguém infectado com o parasita pique, em seguida, alguém que não esteja doente.
As várias espécies do plasmódio da malária infectam os humanos (e outros mamíferos) através da picada de mosquitos fêmea do género Anopheles. No caso do Plasmodium falciparum, o parasita que entra no corpo vai directamente até ao fígado, reproduz-se nas células do órgão, muda de forma e entra na corrente sanguínea onde, por sua vez, infecta os glóbulos vermelhos. Aqui entra em ciclos repetidos de reprodução e provoca os ataques de febre, mal-estar e dores de cabeça que caracterizam a doença e pode matar.
Michael Good, coordenador da investigação, num comunicado da universidade, diz que acredita que a história da doença pode mudar, justificando que “os estudos anteriores [se] focaram nos antigénios individuais no parasita ou nos glóbulos vermelhos infectados”; porém, apesar dos resultados promissores, acabaram por falhar nos ensaios posteriores. Já o novo trabalho da Universidade de Griffith, segundo Michael Good, fez uma tentativa diferente ao “trabalhar com a resposta imunitária a todo o parasita da malária”.
Ratinhos protegidos contra todas as variantes
Nos ensaios os investigadores conseguiram com um químico bloquear a capacidade de multiplicação do parasita e, por isso, os ratinhos não ficaram doentes. “Para nossa grande surpresa, verificámos que os animais, depois de protegidos, ficaram imunes não apenas à estirpe para que foram tratados, mas para todas as estirpes de malária a que foram expostos”, acrescentou, explicando que os glóbulos brancos dos animais foram capazes de reconhecer as proteínas do parasita, matando-o depois, e que é a falta desta resposta global que tem levado ao falhanço de outras tentativas de vacinas.
Nos ensaios os investigadores conseguiram com um químico bloquear a capacidade de multiplicação do parasita e, por isso, os ratinhos não ficaram doentes. “Para nossa grande surpresa, verificámos que os animais, depois de protegidos, ficaram imunes não apenas à estirpe para que foram tratados, mas para todas as estirpes de malária a que foram expostos”, acrescentou, explicando que os glóbulos brancos dos animais foram capazes de reconhecer as proteínas do parasita, matando-o depois, e que é a falta desta resposta global que tem levado ao falhanço de outras tentativas de vacinas.
O investigador acredita, por isso, que este trabalho poderá vir a resultar numa vacina para humanos. Good garante que a produção deverá ser fácil e barata – o que é um factor muito importante perante os números mundiais da patologia. Ainda assim, para já prefere ser prudente e insiste que ainda falta passar a barreira dos testes em humanos. No comunicado a universidade pede, assim, que voluntários contactem a instituição para poderem prosseguir com os estudos, devendo viver no Sudeste de Queensland para que possa haver uma monitorização diária dos resultados.
Mais de um milhão de mortes por ano
Um estudo publicado em 2012 na revista científica Lancet revelou que cerca de 1,24 milhões de pessoas morreram com malária em 2010 – um número muito superior às estimativas da maior parte dos organismos internacionais. As piores estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontavam para 655 mil mortes, o que indicaria que a doença estava a ser controlada nos países onde ainda é endémica.
Um estudo publicado em 2012 na revista científica Lancet revelou que cerca de 1,24 milhões de pessoas morreram com malária em 2010 – um número muito superior às estimativas da maior parte dos organismos internacionais. As piores estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontavam para 655 mil mortes, o que indicaria que a doença estava a ser controlada nos países onde ainda é endémica.
A maioria das mortes são em África e registam-se em crianças ainda muito jovens (sobretudo até aos cinco anos), mas os números em adolescentes e adultos também foram piores do que o esperado. Ao todo, registaram-se mais 433 mil mortes em crianças com mais de cinco anos e em adultos do que a OMS estimou. Os investigadores justificam, por isso, que falar em erradicação da malária a curto ou médio prazo é impossível, estimando que só depois de 2020 se conseguirá fazer descer o número de vítimas mortais para valores inferiores a 100 mil. Estimativas que só poderão ser contrariadas com a chegada rápida de uma vacina eficaz.
Outro dos problemas na luta contra a doença é que o medicamento considerado a “bóia de salvação” da patologia, a artemisinina, está a tornar-se menos eficaz nalgumas pessoas. Devido à complexidade do parasita, tem sido difícil produzirem-se novos medicamentos ou uma vacina que funcione realmente.
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