quarta-feira, 7 de maio de 2014

A FUNCIONARIZAÇÃO DOS MÉDICOS E AS INVENÇÕES FICTÍCIAS



A propósito das VMER e o interesse que o assunto tem merecido, quer do público, através da comunicação social bem relacionada com a química e molécula, quer dos Enfermeiros e, eventualmente, Médicos, começam a dar-nos razão. Os nossos leitores são muitos mas anónimos, obviamente.

A transformação duma profissão, como a médica, essencialmente liberal, em essencialmente, funcionária pública, constitui um dos problemas sérios que o SNS terá de resolver.

Uma coisa é o direito que todos têm à sua pensão de aposentação;
Outra coisa, é a desorganização e oneração que essa medida provoca, desnecessariamente: sem proveito para qualquer das partes conflituantes.

Quanto lucrariam os Centros de Saúde se, em vez de inventarem a sobreposição do Enfermeiro de Família/Médico de Família e as USF de 1ª, de 2ª, 3ª e 4ª, dessem a maior amplitude possível às UCC, a controlar as situações e a encaminhá-las para os Médicos avençados, convencionados, ou outro esquema.

Enquanto nos países do além fronteiras se ensinam as pessoas a viver com a sua doença, de forma realista;
Em Portugal, inventam-se esquemas para criar doenças, onde não existem, para mostrar serviço e falsear estatísticas e mostrar necessidades fictícias.

A VMER é um desses exemplos: manipula-se a ingenuidade pública, fazendo crer que o pronto socorro feito por Médico na VMER resolve todos os problemas de emergência, quando isto é uma refinada mentira, manipuladora da ingenuidade pública, que começa por ser preparada para aceitar a medicina como uma ciência exacta e que tem soluções para todas as situações de emergência, desde que o Médico esteja presente. Só visto...

Quem cria esta ficção não está a ser honesto com a população; desorienta-a naquilo que pode esperar do socorro, mais ou menos rápido e quem o deve prestar.
Dissemos e mantemos; este socorro não é mais do que criar condições de transporte para a etapa seguinte, onde se podem usar meios mais adequados à possível recuperação de uma paragem cardiorrespiratória, dentre todas a que causa mais problemas, na recuperação.

Há uns escassos 3 minutos úteis para essa recuperação. Logo aqui, começa a acção do principal agressor: o tempo.

Quanto à formação adequada ou seja; o suporte avançado de vida é ministrada a Médicos e Enfermeiros, na mesma 

proporção.

Não raro, as classificações, eram mais elevadas e positivas do lado dos Enfermeiros, porque têm mais aptidões para esse tipo de socorro. Mas depois é o Médico que aparece com garante do que nem domina.

Os que retardam o pronto socorro com reivindicações de Classe, como está a acontecer com o Bastonário dos Médicos, não é o melhor caminho, para resolver idealmente e honestamente as situações, de acordo com os recursos humanamente possíveis.

Aqui está uma boa oportunidade dos destruidores da função pública, desfuncionalizarem progressivamente a Classe Médica criando-lhe as condições, no exercício liberal, que com a dignidade merecida lhe faculte o que procuram na função pública: uma aposentação condigna.

Esta sim, será uma medida, reorganizadora e revitalizadora da sustentabilidade do SNS.

Mas, pela aragem, pelo andamento da carruagem e pelos seus agentes promotores, é fácil inferir que as prometidas reformas não passem de simulacros de solução, que ou são mais do mesmo ou pioram as situações.


Com amizade,
José Azevedo

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