sábado, 3 de janeiro de 2015

IMPOR AS COMPETÊNCIAS DOS ENFERMEIROS, É O CAMINHO...




O caminho é alargar as competências dos enfermeiros

Três perguntas a Germano Couto, bastonário da Ordem dos Enfermeiros.
Germano Couto NUNO FERREIRA SANTOS
O bastonário da Ordem dos Enfermeiros classifica a saída em massa destes profissionais como “assustadoramente elevada” e contrapõe que o país vai precisar destes enfermeiros mais tarde. A solução, defende Germano Couto, passa por alargar os cuidados prestados pelos profissionais de enfermagem, assegurando que isso também se traduz em melhores resultados.
Que leitura faz da emigração de enfermeiros que se acentuou nos últimos três anos, tendo em consideração que os nossos serviços têm carências mas que, ao mesmo tempo, também formamos profissionais a mais nesta área?
Os dados da emigração dos enfermeiros parecem estar a estabilizar nos 1900 a 2000 enfermeiros por ano que pedem a declaração das directivas europeias à Ordem dos Enfermeiros que lhes permite ver reconhecidas as suas qualificações profissionais fora de Portugal. É um valor assustadoramente elevado. O Ministério da Educação e Ciência e as entidades de formação de enfermeiros em Portugal já assumiram intrinsecamente, embora tenham vergonha de o afirmar em público, que estão a formar para a Europa e para o mundo. E daqui não vinha mal, se o país fosse capaz de estimular uma emigração circular onde as competências e conhecimentos adquiridos no estrangeiro fossem aproveitados posteriormente em Portugal.
Que tipo de profissionais estamos a perder e que consequências antevê para o país?
Estamos a perder fundamentalmente recém-licenciados e enfermeiros especialistas altamente diferenciados. A curto prazo, os serviços de onde os enfermeiros saem perdem profissionais competentes e colocam muitas vezes em risco a segurança dos doentes. A médio prazo, o défice coloca dificuldades no desenvolvimento dos enfermeiros. Quando os enfermeiros que estão disponíveis para prestar cuidados gerais são insuficientes, os enfermeiros especialistas são retirados de funções especializadas para assegurar o défice nos cuidados gerais. É o que se chama um planeamento baseado na tesouraria – poupamos hoje, sem pensar nos ganhos/perdas para o cidadão, nem na eficiência do sistema.
A longo prazo, temos consequências significativas para uma sociedade envelhecida que está a expulsar a sua população jovem e activa. Cada vez mais será difícil suportar os custos com a Segurança Social. Não se percebe o motivo pelo qual se pondera dar estímulos à natalidade se quando as pessoas chegam à idade contributiva o país lhes pede para emigrarem. O melhor estímulo é promover condições de trabalho estáveis e projectos profissionais adequados às pessoas.
Que medidas deveriam ser tomadas no imediato para inverter a saída de enfermeiros de que precisamos, mas que estejam também de acordo com os constrangimentos económicos e financeiros do país?
 Deve assumir-se os conselhos dados pela maioria da comunidade científica – reforçar o papel dos enfermeiros. Esta é uma medida de eficiência recomendada pela Organização Mundial de Saúde, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico e até recentemente pelo relatório da Fundação Calouste Gulbenkian – The Future for Health – Everyone Has a Role to Play. Se a evidência científica é consensual a afirmar que o investimento nos enfermeiros, nos enfermeiros especialistas e no alargamento das suas competências é uma medida de eficiência, qual o motivo que justifica que o Estado português continue apenas a gerir tesouraria?
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Nota do Sindicato dos Enfermeiros - SE:
Mais uma ajuda nossa para orientação dos efeitos da derrocada da Profissão Enfermeira.
Pelos nossos cálculos parece que estão todos à espera, ou não, dos efeitos da táctica da ferrugem, que temos estado a usar, com a prestimosa colaboração do SIPE, onde reside memória suficiente do que deve ser o futuro Enfermeiro e o futuro da Profissão Enfermeira.
Quando o outro, que não merece que o nomeemos, nem mesmo para dizer da sua responsabilidade nos crimes, que cometeu, contra os Enfermeiros, quando dizia, eufórico e vitorioso: «Os enfermeiros, esses já os comi», num ambiente ministerial, em que a Ministra era uma santa, ou santinha, ou santarrona, quando o deixou cometer as atrocidades, que são, hoje, bem visíveis, a nossa razão e voz eram pouco escutadas pelos próprios Enfermeiros, iludidos pelo barulho dos confusionistas militantes, que abusaram do poder que tinham, nas mãos e não souberam usar, para os fins, que o criámos (não esquecer que a  dirigente máxima da Ordem dos Enfermeiros, durante longos e desperdiçados 15 anos, promoveu uma greve sindical, no Sindicato a que presidia, opondo-se à publicação do DL 437/91, sendo Ministro da Saúde, o Dr.Arlindo de Carvalho e Secretário o Dr. Jorge Pires). Não admira, pois que as mesmas entidades a tenham destruído, com a colaboração que encontraram no governo de 2009.
Temos andado a tentar discernir se o fizeram por estupidez, malvadez ou ingenuidade, ou as 3. Estes três indicadores aparecem; umas vezes mais evidentes uns, outras vezes, mais evidentes, os outros. No entanto, ainda nos faltam os resultados de alguns estudos, para sabermos qual deles foi mais influente e qual a força exterior que o comandou.
As empresas que recrutam Enfermeiros para trabalharem noutros países e ao pataco, cá dentro, não podem estar fora da nossa pesquisa; nem quanto aos constituintes, nem quanto aos objectivos.
Certo, certíssimo é que o resultado da sua acção ou inacção disfarçada está, cada vez mais visível, e a rotura do sistema começa a despontar, com mais vigor.
Os responsáveis mais directos, só não viram, porque estão virados para o lado contrário e a visão dorsal não é panorâmica, portanto não pode captar, ainda, a rotura do Serviço Enfermeiro. Quando se voltarem decisivamente para os Enfermeiros, o maior problema que o SNS enfrenta, para a sua continuidade, aperceber-se-ão do mal que fizeram; a não ser que o seu papel seja mesmo esse: destruir o SNS. Ora, nesse contexto, manter os Enfermeiros sem carreira e sem salário facilita-lhes as mudanças.
Como a ferrugem está a actuar contra-a-corrente e, como temos, por cá, poucos salmões, nas correntes de opinião, por razões óbvias, para poderem nadar contra a tendência, o aparecimento dos efeitos, que já se notam, porque temos, a nosso favor, a dimensão do território, que se pode percorrer de lés-a-lés, em poucas horas, vão sendo cada vez mais evidentes, até para vesgos ou, mesmo cegos.     
A nossa responsabilidade na reedificação da Profissão, é cada dia, que passa, maior e a exigir qualidade, mais elevada. Até as Administrações mais lúcidas, já perceberam que a reparação da rotura, no Serviço Enfermeiro está nas nossas mãos e na capacidade, que demonstrarmos na luta.
Nem podia ser de outro modo, pois os outros não podem nem podiam fugir ao compromisso de terem vendido a alma ao diabo.
O método que garante a eficácia desta luta está encontrado; é simples e original e de adesão fácil e natural. Estamos, já, na fase de divulgação.
Convém lembrar que complicar as coisas simples, qualquer é capaz de saber fazer; simplificar as coisas complexas, só alguns são capazes e é com estes que contamos.
Sabemos que há muitos Colegas, que não têm tempo, nem disposição, para repararem nas verdades, que lhes expomos e fazem como a princesinha, filha do outro do reclame: saltam e dançam em cima do computador portátil, para lhe testarem a resistência, em vez de o abrirem e lerem o que somente a eles, sobretudo a eles, diz respeito: estas coisas tão importantes. 
Concordamos com o nosso Bastonário, quando demonstra ter captado a nossa mensagem, no essencial. A outra face da problemática é que as poupanças, que resultam da racionalização do SNS, que temos proposto, são potenciais embriões de outros ganhos; de outras poupanças.
Não é lógico aumentar as competências dos Enfermeiros, já de si tão competentemente sobrecarregados, para o que ganham com isso. Portanto; parte dos ganhos inevitáveis, com o aumento das suas competências, que vão rentabilizar as habilidades de que são detentores tem de reverter necessariamente para a dignificação do trabalho Enfermeiro.
Conhecemos a fauna, que parasita, no SNS, quem a alimenta e quem se alimenta dela, como ninguém. Essas gorduras nem o bruxelense das Beiras teve a coragem de aparar. Porquê?
Neste contexto, o não atendimento e concretização das nossas propostas pode significar compromisso, mal disfarçado, com essa fauna parasitária.
E, em tempo de crise, o dinheiro ou vai para os parasitas ou para quem trabalha e o merece, com justiça.
Por isto lutamos.

Colegas, Ano Novo, Vida Nova, diz a máxima popular.
 
Nesta luta não se aceitam "carpideiras ranhosas", que finjam chorar sobre o leite derramado, mas sim Profissionais Enfermeiros/as desempoeiradas/os e libertos de preconceitos, aderentes a um único objectivo: REENCAMINHAR A PROFISSÃO NOS CARRIS DO FUTURO, RELEGANDO PARA O INFERNO DISTANTE, O PRESENTE ADVERSO E IMPRÓPRIO.
 Com amizade, 
José Azevedo


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