10700 emigraram, nos últimos 5 anos, nesta modalidade criada, por razões cada vez mais evidentes.
E a revolta germina em movimento uniformemente acelerado para o que tem contribuído muito o SE-Sindicatos dos Enfermeiros, em união com o SIPE - Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem (FENSE).
Não é preciso nomeá-los para lhes fazer publicidade gratuita junto dos inocentes, que nem se dão conta que sem Sindicatos Livres e actuantes não há Estados Democráticos Livres.
Ontem falei, a convite da RTP 2, no Jornal das 21 horas, a cargo de Daniel Catalão, acerca das causas da emigração.
No fundo, o grande culpado é o governo e as pessoas que escolhe, para os comandos, na área da Saúde, que ainda não perceberam que, paradoxalmente, a solução que propõem para resolver os problemas é a fonte de muitos deles, que inventam para alimentarem o curso da água que lhes mata a sede.
Temos que ir ao fundo da razão última da emigração de Enfermeiros, cada vez mais qualificados.
Os autóctones dos países, ditos mais desenvolvidos, não aderem facilmente, a profissões com a dureza da Enfermeira. Não é por acaso que uma grande quantidade das Enfermeiras alemãs seja de origem Turca; que uma boa quantidade das Enfermeiras dos EUA, seja de origem Filipina e sul-americana.
Naturalmente, que os nativos têm outras oportunidades profissionais, em áreas, onde o seu trabalho é mais dignificado, pois os ataques ao valor do trabalho Enfermeiro, não são exclusivos de Portugal: uns decorrem dos próprios doentes, que, quando têm um braço livre e actuante, usam-no para darem um soco, nos Enfermeiros, que os salvam dos problemas; outros dos seus vários colegas de trabalho, desde os mais próximos, na enfermaria, aos mais distantes, na secretaria.
Depois, temos de ir à procura das jogadas ocultas que há, entre os que banalizam tudo o que é Enfermeiro, desde as greves, ao trabalho e sua qualidade eficiente e eficaz, mas a baixo preço e grande precariedade e insegurança.
Outro ponto, não despiciendo, é saber quem são os que controlam as Escolas excedentes de Enfermagem, em Portugal, que, quando as inauguraram, já sabiam que iam produzir profissionais para os países que recebem os nossos Enfermeiros, pelas razões acima referidas. E muitos destes alunos enfermeiros, também fazem as suas opções voluntárias, ao obterem formação técnica, numa área, que tem emprego garantido e mais bem remunerado, lá fora. Sabem os riscos que correm.
Outro dos erros, e este é o de consequências mais graves para os Enfermeiros: sendo os Enfermeiros os principais suportes estruturais do SNS, é sobre eles, que recai a maior quantidade de problemas, quer na sua organização e na do seu trabalho (os outros passam, os Enfermeiros estão), quer nas exigências para assistir os Doentes, que são exclusivamente enfermeiras; não obstante, a sua administração é entregue, agora, ou a rapaces oportunistas ou a ignorantes convictos, que só abandalham a administração dos serviços de Enfermagem. Até, pasme-se, já o pessoal de secretaria, nos Centros de Saúde, está a voltar ao tempo das Caixas de Previdência, intrometendo-se, no serviço dos Enfermeiros, querendo substituir os chefes, que já não têm, mas sem as vantagens destas Caixas, que alguns recordam com saudade, assim como aos Médicos, que os tratavam lá, mesmo contratados a tempo parcial.
Claro está, que não nos vai ser fácil, nem rápido, desmontar esta máquina infernal, cujas origens temos devidamente identificadas, que não estão distantes, dos que empatam os doentes, nos serviços de urgência, que é, onde os irritam mais e dão mais nas vistas públicas. De um lado, têm os que tocam, como gado, dos Centros de Saúde, onde não lhes resolvem os problemas demasiado simples, para as urgências, onde outros, da mesma gesta, os fazem esperar, para os que têm amigos e avençados, na comunicação social empolem as situações, sobretudo a espera, em situações não urgentes e, começamos a duvidar se não são pessoas, do mesmo grupo, feitas para esperar a notícia.
Duas regras muito simples:
1ª reduzir a influência dos médicos na administração dos serviços, para exercerem a profissão, onde o Estado gastou muito dinheiro e para que estão formados, aumentando, por outro lado, a eficácia da mesma administração, com uma maior participação dos Enfermeiros, que na sua quota parte de serviços sãos os mais operativos, e que nem precisam de sair dos teatros de operações. Basta reduzir a figura do Médico administrador à sua expressão mais simples, para se obterem ganhos mais eficazes e custos mais razoáveis, imediatamente.
2ª - Ver quantas horas de serviço prestam os Enfermeiros, na continuidade ininterrupta de cuidados e comparar essas horas com as de outros, para se saber se 26.544 Médicos, não serão de mais;
Ou se 38.937 Enfermeiros não são muito poucos, para a cobertura, que fazem ao sistema, excessivamente burocratizado e medicalizado?!
Apesar das capacidades matemáticas, que atribuem ao Ministro da Saúde, na contagem dos €€, parece não dar indícios de perceber que a proporcionalidade dos tempos que estes dois sectores (enfermagem e Medicina) prestam nos respectivos serviços. É que ter muitos Médicos e não ter que concretize com cuidados adequados as suas prescrições, com métodos de Enfermeiro é estar a perpetuar o subaproveitamento dos Médicos.
Estas são as duas mais gordas que até os cegos palpam.
Finalmente, o projecto do DL 62/79 foi feito pelo SE-Sindicato dos Enfermeiros e presente ao Secretário de Estado da Saúde, Dr. Mário Marques, cardiologista em Lisboa, que exclamou: que bom projecto para aplicar aos Médicos!
O Sr. Secretário vai é aplicá-lo a todos os funcionários, na altura, só dos hospitais, visto que as Caixas de Previdência ainda não estavam integradas.
Será que este Ministério da Saúde está a embarcar na farsa da urgências sem nos dar ouvidos às soluções alternativas que temos para resolver, de vez, essa farsa, e vai aumentar as horas extraordinárias dos Médicos com base na farsa das horas de espera?
Cuidado com isto!
Com amizade e muita garra, vamos caminhando para a hora zero,
José Azevedo
Portugal perdeu 350 milhões de euros com emigração de enfermeiros
Exportam-se enfermeiros de qualidade a custo zero
"Estes países estão a receber mão-de-obra qualificada, na qual não tiveram de investir nada na sua formação", diz o vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros. Reino Unido é o principal destino. "Oferecemos de mão beijada a alguns países da Europa um milhão e quatrocentos mil euros", diz coordenador do curso no Porto.
17-07-2013 6:56 por Marília Freitas
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Pelo menos cinco mil jovens enfermeiros saíram do país à procura de trabalho nos últimos três anos e meio. Durante o mesmo período, o Estado investiu mais de 350 milhões de euros na formação desses profissionais, que agora estão a ser exportados para hospitais estrangeiros, a custo zero.
Os dados são da Ordem dos Enfermeiros, com base no número de profissionais que pediram a Declaração das Directivas Comunitárias, documento necessário para exercer a profissão na União Europeia. Os números são apenas relativos à emigração para outros países da UE, uma vez que a Ordem não tem maneira de contar a saída de profissionais para fora do espaço europeu.
O Reino Unido é o principal destino. "Estes países estão a receber mão-de-obra qualificada e na qual não tiveram de investir nada na sua formação", afirma o vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros, Bruno Noronha.
"Os portugueses investiram através dos seus impostos, num activo de futuro que nunca vão ter, porque quando está apto para trabalhar emigra", sustenta.
E o investimento feito pelo Estado português na formação dos profissionais de enfermagem é grande. Desde o primeiro ciclo até ao final da licenciatura, cada aluno custou mais de 66 mil euros.
"Estamos a investir, com o dinheiro dos nossos impostos, em formação de alta qualidade que oferecemos a outros países que supostamente terão mais possibilidades do que nós para fazer essa formação", lamenta o coordenador da Licenciatura em Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem do Porto, Luís Carvalho.
"Se nós dissermos que cada estudante custa 20 mil euros e que, dos que terminaram o curso em Julho do ano passado, emigraram à volta de 70, estamos a dizer que oferecemos de mão beijada a alguns países da Europa um milhão e quatrocentos mil euros. E este é o dado da nossa escola", acrescenta.
Mas é a emigração que permite que as estatísticas de empregabilidade na área ainda sejam positivas. "Os dados que temos apontam para uma empregabilidade de 50% dos estudantes. Cerca de 50% destes que estão a trabalhar, estão no estrangeiro, sobretudo em Inglaterra e França", afirma Luís Carvalho.
Os dados são da Ordem dos Enfermeiros, com base no número de profissionais que pediram a Declaração das Directivas Comunitárias, documento necessário para exercer a profissão na União Europeia. Os números são apenas relativos à emigração para outros países da UE, uma vez que a Ordem não tem maneira de contar a saída de profissionais para fora do espaço europeu.
O Reino Unido é o principal destino. "Estes países estão a receber mão-de-obra qualificada e na qual não tiveram de investir nada na sua formação", afirma o vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros, Bruno Noronha.
"Os portugueses investiram através dos seus impostos, num activo de futuro que nunca vão ter, porque quando está apto para trabalhar emigra", sustenta.
E o investimento feito pelo Estado português na formação dos profissionais de enfermagem é grande. Desde o primeiro ciclo até ao final da licenciatura, cada aluno custou mais de 66 mil euros.
"Estamos a investir, com o dinheiro dos nossos impostos, em formação de alta qualidade que oferecemos a outros países que supostamente terão mais possibilidades do que nós para fazer essa formação", lamenta o coordenador da Licenciatura em Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem do Porto, Luís Carvalho.
"Se nós dissermos que cada estudante custa 20 mil euros e que, dos que terminaram o curso em Julho do ano passado, emigraram à volta de 70, estamos a dizer que oferecemos de mão beijada a alguns países da Europa um milhão e quatrocentos mil euros. E este é o dado da nossa escola", acrescenta.
Mas é a emigração que permite que as estatísticas de empregabilidade na área ainda sejam positivas. "Os dados que temos apontam para uma empregabilidade de 50% dos estudantes. Cerca de 50% destes que estão a trabalhar, estão no estrangeiro, sobretudo em Inglaterra e França", afirma Luís Carvalho.
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