Triagem feita por enfermeiros é segura
por Alexandre Tomás, Presidente da Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros02setembro 20131 comentário
Inicia-se hoje uma fase da reorganização dos serviços de Urgência na área metropolitana de Lisboa. A Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros, decorrente das suas responsabilidades estatutárias, está a acompanhar este processo no sentido de garantir as melhores respostas aos cidadãos. Os cidadãos podem definitivamente confiar na triagem efetuada em serviços de urgência por enfermeiros.
No contexto do Serviço Nacional de Saúde, a capacidade de resposta dos serviços de urgência, em que se inclui também a área do pré-hospitalar, é um pilar essencial para a garantia de universalidade, prontidão, eficiência e equidade de todo o sistema de saúde.
Em Portugal alguns dos problemas dos serviços de urgência são conhecidos há décadas... elevada afluência, elevado tempo de espera, inexistência de auditorias clínicas, dificuldade de articulação com cuidados de saúde primários, consumo excessivo de recursos nomeadamente horas extraordinárias e meios complementares de diagnóstico, assimetria regional de resposta, entre outros.
Se nos recordarmos da evolução dos serviços de urgência das duas últimas décadas, temos de reconhecer que provavelmente o melhor exemplo de melhoria organizacional foi a implementação de protocolos de triagem. Antes do virar do milénio, o atendimento nos serviços de urgência era efetuado por chegada, ou seja, uma pessoa com uma amigdalite ("dor de garganta") ou disúria (sinal provável de infeção urinária) era observada primeiro do que um doente com um enfarte agudo do miocárdio, apenas porque tinha chegado primeiro. Nesse contexto, os cidadãos corriam sérios riscos de já dentro do serviço de urgência não serem observados atempadamente.
Fruto da persistência de um grupo de profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) iniciou-se há mais de 10 anos a implementação de protocolos de triagem em serviço de urgência, com o objetivo de identificar por prioridade os doentes com situações clínicas urgentes/emergentes assim que chegam aos serviços de urgência. Esta identificação permite que, após a triagem, os recursos disponíveis sejam em primeira instância dedicados aos doentes com maior necessidade de cuidados. Hoje, temos de reconhecer que os enfermeiros, apesar das inúmeras adversidades associadas a esta mudança, estiveram na linha da frente, disponibilizando-se, formando-se e aumentando as suas competências para responder a esse desafio. Hoje, o Grupo Português de Triagem que procede de forma sistemática a auditorias às triagens, a Comissão de Reavaliação da Rede Nacional de Emergência/Urgência e o próprio Ministério da Saúde reconhecem inequivocamente o sucesso de utilização destes protocolos por enfermeiros. Quem não reconhece não vê, ou, pior, não quer ver, ou, melhor, terá outras intenções que ainda não conseguimos ver.
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