sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

QUEM TORTO NASCE...

Não nos bastavam os cegos que já temos, logo tinha de aparecer mais um, que está a nascer e nem sequer vê, que se quer uma notícia bombástica e original é dizer que:
afinal o que faz falta nas urgências para acabar com o afunilamento, é ter menos, muitos menos Médicos, mas que saibam da coisa e muitos mais Enfermeiros, em igualdade de rendimento e conhecimento.
Manda a verdade que diga; houve um dia, em que a urgência, onde era chefe enfermeiro, funcionou como nunca tinha visto; foi um dia em que alguns Médicos fizeram greve e os Médicos responsáveis (poucos) pelo serviço, com os Enfermeiros, sem manobras dilatórias, faziam desaparecer dali, num ápice, os que demandavam a urgência.
E este recém-nascido vem incorrer no erro dos cegos a que estamos habituados.
Vejam:
Por exemplo, Miguel Guimarães, Presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, aqui neste "nadotorto - atlântico", por razões que só ele pode explicar, mas que se não explicar, explico eu, assim falou ao entrevistador do tal "atlântico", Pedro Emanuel Santos, inocente neste caso que cito; «...e por exemplo a triagem tipo Manchester tem de de ser revisto, porque o actual "protocolo" não tem grande flexibilidade, até porque não foi feito por médicos», descreve Miguel Guimarães.  
É uma pena, Dr. Miguel, não me ter perguntado, antes de meter a pata na poça, pois quem foi que fez o "algoritmo" e não "protocolo" da Triagem de Manchester; por acaso, até foram colegas seus, isto é; médicos, ao contrário do que afirmou, como se percebesse, antes disso, o que é flexibilidade em urgências... Já agora, e se sente um pingo de vergonha, deve perguntar os nomes deles, porque estão nas patentes, dos manuais.
Mas não lhos digo. Eu sei-os, pode crer.
Aliás, quando estive como Enfermeiro Director no Hospital de São João, fui introduzindo o algoritmo, com algumas reservas, até por ele ter sido feito, justamente, por médicos, para Enfermeiros.
Uma das alterações que lhe introduzi, foi, exactamente, a de recomendar aos Enfermeiros que "levantassem os olhos do algoritmo, gravado no computador e olhassem, também, para o doente", para aprimorarem o método. E deu os melhores resultados, este aperfeiçoamento. Tantas coisas que os Médicos julgam que sabem, mas não sabem e deviam evitar-nos a necessidade de sermos tão explícitos, em nome da verdade dos factos.
Esta petulância, que os Médicos da Ordem dos ditos, ao julgarem que sabem tudo, acerca do que lhes diz respeito e não diz, como seja; qualquer método de triagem, que os Médicos não sabem fazer, como demonstraram largamente esse facto; posso prová-lo, porque já o expliquei várias vezes, tem de acabar, antes que se esgote a nossa paciência e passemos a tratá-los, como merecem, por uma questão de reciprocidade. Já não estamos na noite escura da época medieval!
Lamento, Dr. Miguel, mas sei qual a sua intenção e dificuldade e vou mostrar-lha.

Algoritmo, em linguagem, que possa entender "é um conjunto de etapas, bem definidas, necessárias para chegar à resolução de um problema", que, no caso; é para determinar a cor da pulseira, segundo a gravidade do estado do doente, que os Enfermeiros, mais bem do que qualquer outro técnico da área, conhecem bem, quando chamam ou não, a ajuda do Médico. As cores das escravas ou pulseiras de adorno objectivam isto: ó Dr., mexa-se, porque não há tempo a perder. A isto chama o Dr. Miguel FLEXIBILIDADE ou falta dela, onde está evidente a inexperiência do "maçarico" enrascado, à espera do seu tutor, que pode andar por longe. 
"Protocolo é um conjunto de regras que regem a conexão de um sistema informático a um circuito". Também é muito usado nas cerimónias da Igreja e nas diplomacias e nas posturas dos vários dignitários, civis, militares e religiosos...
O que ele não diz é que os Enfermeiros estão a dar ordens ao Médico quanto à prioridade do atendimento. Mas Miguel Guimarães não domina esta matéria, como urologista que é, pois confunde "protocolos diplomáticos" com "algoritmos matemáticos".
Louva-se-lhe a franqueza com que expõe a sua ignorância para o podermos corrigir. (Jose Azevedo)

{“A Triagem de Manchester tem permitido que todos os doentes entrados num serviço de Urgência sejam observados por um enfermeiro poucos minutos depois da sua entrada no serviço de urgência. Este enfermeiro está capacitado para classificar a urgência da situação e atribuir uma prioridade ao seu atendimento utilizando protocolos e métodos cientificamente comprovados e adotados internacionalmente”, defende o bastonário, lembrando ainda que “esta é uma medida orçamentalmente neutra e que salva vidas, através do adequado aproveitamento das competências dos diferentes profissionais do sistema, nomeadamente dos enfermeiros e enfermeiros especialistas”.}   (disse Germano Couto)    

Veja o que disse o seu homologo, o Presidente da Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros:


{Triagem feita por enfermeiros é segura [eficaz e a única possível, acrescento eu - JCA]
por Alexandre Tomás, Presidente da Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros
02 setembro 2013
Inicia-se hoje uma fase da reorganização dos serviços de Urgência na área metropolitana de Lisboa. A Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros, decorrente das suas responsabilidades estatutárias, está a acompanhar este processo no sentido de garantir as melhores respostas aos cidadãos. Os cidadãos podem definitivamente confiar na triagem efetuada em serviços de urgência por enfermeiros.
No contexto do Serviço Nacional de Saúde, a capacidade de resposta dos serviços de urgência, em que se inclui também a área do pré-hospitalar, é um pilar essencial para a garantia de universalidade, prontidão, eficiência e equidade de todo o sistema de saúde.
Em Portugal alguns dos problemas dos serviços de urgência são conhecidos há décadas... elevada afluência, elevado tempo de espera, inexistência de auditorias clínicas, dificuldade de articulação com cuidados de saúde primários, consumo excessivo de recursos nomeadamente horas extraordinárias e meios complementares de diagnóstico, assimetria regional de resposta, entre outros.
Se nos recordarmos da evolução dos serviços de urgência das duas últimas décadas, temos de reconhecer que provavelmente o melhor exemplo de melhoria organizacional foi a implementação de protocolos de triagem. Antes do virar do milénio, o atendimento nos serviços de urgência era efetuado por chegada, ou seja, uma pessoa com uma amigdalite ("dor de garganta") ou disúria (sinal provável de infeção urinária) era observada primeiro do que um doente com um enfarte agudo do miocárdio, apenas porque tinha chegado primeiro. Nesse contexto, os cidadãos corriam sérios riscos de já dentro do serviço de urgência não serem observados atempadamente.
Fruto da persistência de um grupo de profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) iniciou-se há mais de 10 anos a implementação de protocolos de triagem em serviço de urgência, com o objetivo de identificar por prioridade os doentes com situações clínicas urgentes/emergentes assim que chegam aos serviços de urgência. Esta identificação permite que, após a triagem, os recursos disponíveis sejam em primeira instância dedicados aos doentes com maior necessidade de cuidados. Hoje, temos de reconhecer que os enfermeiros, apesar das inúmeras adversidades associadas a esta mudança, estiveram na linha da frente, disponibilizando-se, formando-se e aumentando as suas competências para responder a esse desafio. Hoje, o Grupo Português de Triagem que procede de forma sistemática a auditorias às triagens, a Comissão de Reavaliação da Rede Nacional de Emergência/Urgência e o próprio Ministério da Saúde reconhecem inequivocamente o sucesso de utilização destes protocolos por enfermeiros. Quem não reconhece não vê, ou, pior, não quer ver, ou, melhor, terá outras intenções que ainda não conseguimos ver.}

É uma pena que não saiba, Dr. Miguel, que há coisas que os Enfermeiros fazem muitíssimo mais bem que os Médicos.
São duas penas que desconheça que se lhe disseram que a triagem modelo Manchester fosse um protocolo era capaz de ter razão de ter de ser alterado. 
Mas trata-se de um algoritmo, que é uma coisa da matemática que admito que os cursos de medicina não dominem. Trata-se de etapas sequenciais que têm de ser percorridas matematicamente daí a sua falta de "flexibilidade ou laxismo" Médico, porque no método de triagem o rigor impera. O algoritmo de Euclides é o conhecido (de quem conhece) processo de cálculo, por divisões sucessivas, do máximo divisor comum de dois números.
Foi pena.
E ainda me criou outro problema que é eu ter de exigir ao "atlântico" o esclarecimento real do entupimento das urgências.
Não obstante, com amizade,
José Azevedo






É a isto que os Enfermeiros continuam sujeitos sem salvação à vista que alivie a Raquel e as muitas Raqueis que há na Enfermagem, à espera de justiça.
Com amizade,
José Azevedo

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